Fotos: A.Vianna, jun 2016
quarta-feira, 29 de junho de 2016
terça-feira, 28 de junho de 2016
quarta-feira, 22 de junho de 2016
Nova Tate
Instalação 'Babel', do brasileiro Cildo Meireles
Foto: Daniel Leal-Olivas / AFP
A reportagem de Bianca
Castro, de Londres para a Folha (21/06/2016), relata a expansão da Tate
Modern, que dobra de tamanho. Trata-se de um dos principais museus de arte moderna
e contemporânea do mundo, que abre novo espaço nos fundos do prédio já em uso, antiga
usina de eletricidade no distrito de Southwark.
A nova Tate se torna um dos primeiros
museus do mundo a dedicar metade de seu acervo a obras de mulheres. "Quando
abrimos, apenas 17% dos trabalhos em exposição eram de mulheres. Agora são
50%", afirma Frances Morris, diretor do museu.
Obras dos brasileiros Cildo Meireles,
Lygia Clark e Hélio Oiticica estão entre as recentes aquisições. Também lá estão
a francesa Louise Bourgeois, o chinês Ai Weiwei e a alemã Rebecca Horn.
terça-feira, 21 de junho de 2016
Sangue e lágrimas
A foto do dia
descobriu o lençol
um buraco na cabeça
o corpo do filho
o corpo do filho
Minha homenagem a Sheila Cristina Nogueira da Silva, que chora
a morte do filho Carlos Eduardo, 20 anos, com seu sangue no rosto, no dia 10 de
junho, no Rio de Janeiro.
Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
sábado, 18 de junho de 2016
Lições de vida
Lançado pela Objetiva em
2015, só agora me cai nas mãos, presente do amigo Leopoldo, uma pequena joia, o
livrinho (oitenta e poucas páginas) intitulado Sete breves lições de física, de Carlo Roveli, tradução de Joana
Angélica d`Ávila Melo.
Escrito em linguagem deliciosa, o autor escreve para
leigos em física, e torna (quase) compreensíveis os conceitos fundamentais
desta disciplina, estabelecidos a partir do início do século XX.
Os títulos
das sete lições falam por si mesmos: A mais bela das teorias, Os quanta, A
arquitetura do cosmo, Partículas, Grãos de espaço, A probabilidade, o tempo e o
calor dos buracos negros, e por último, Nós.
A conclusão
apresentada por Roveli relaciona Ciência e Filosofia de modo brilhante:
“À medida que nosso conhecimento cresceu, fomos
aprendendo cada vez mais esta noção de sermos parte, e pequena parte, do
universo. Isso aconteceu já nos séculos passados, mas cada vez mais no último
século. Pensávamos estar sobre o planeta no centro do cosmo, e não estamos. Pensávamos
ser uma raça à parte, na família dos animais e das plantas, e descobrimos que
somos descendentes dos mesmos genitores de que descende qualquer outro ser vivo
ao nosso redor. Temos tataravós em comum com as borboletas e com os pinheiros.
Somos como um filho único que cresce e aprende que o mundo não gira somente ao
seu redor, como ele pensava quando era pequeno. Ele deve aceitar ser um entre
os outros. Ao nos espelharmos nos outros e nas outras coisas, aprendemos quem
somos.”
Leitura imprescindível nesse começo de século XXI.
A força do desejo
Os responsáveis de Orlando é o título
da crônica de Contardo Calligaris na Folha de S. Paulo (16/06/2016),
sobre o ocorrido numa boate da Flórida na madrugada de domingo passado. Um
homem armado de fuzil semiautomático matou 49 pessoas e feriu 53.
Primeiro surgiu a história de que se tratava de um homofóbico
furioso. Depois, soube-se que o assassino era frequentador assíduo da boate
Pulse e que era usuário de aplicativo para encontros da comunidade gay.
A explicação básica para o fenômeno psicológico, quem nos
dá com clareza e simplicidade é Calligaris:
“Há uma regra básica para a qual nunca encontrei
exceções, em mais de 30 anos de clínica. Claro, qualquer um pode discordar do
desejo e da conduta sexual de outros; mas quando alguém se sente compelido a
agir para impedir ou punir uma conduta sexual diferente da sua é que, de fato,
ele está tentando reprimir seu próprio desejo de se engajar nessa conduta
diferente. Quem agride, abusa ou tenta inibir os membros de uma minoria sexual
está tentando reprimir nele mesmo um desejo que, às vezes, ele nem sequer
consegue reconhecer.
É sempre assim: só odiamos a diversidade que detestamos
ou receamos em nós mesmos. Um indivíduo sai atirando para matar algo que está dentro
dele e que ele não sabe mais como silenciar.”
Há um outro detalhe interessante nessa trama. É a
declaração do pai do assassino: afirmou que o filho não precisava matar os
homossexuais porque ao final eles seriam punidos, ganhando o inferno. Que
efeito uma ideia como esta teria na mente do filho, um homossexual enrustido? O
que ele poderia fazer com o desejo tão forte dentro de si? Matar-se?
Optou por
matar inocentes e morrer com eles.
A
Psicanálise introduziu um novo conceito a respeito do comportamento psicótico;
penso que se aplica bem aos “terroristas” de modo geral. Daí nossa dificuldade para
compreender as atitudes deles, preferindo rotulá-los como terroristas.
quarta-feira, 15 de junho de 2016
Mais um inédito de Pessoa
Poema inédito de Fernando Pessoa, escrito em 1918, foi descoberto na
última página de um diário. José Paulo Cavalcanti, maior colecionador de textos
de Pessoa, recebeu de um antiquário a oferta do diário de viagens.
O poema:
Cada palavra dita é a voz de um morto.
Aniquilou-se quem se não velou
Quem na voz, não em si, viveu absorto.
Se ser Homem é pouco, e grande só
Em dar voz ao valor das nossas penas
E ao que de sonho e nosso fica em nós
Do universo que por nós roçou
Se é maior ser um Deus, que diz apenas
Com a vida o que o Homem com a voz:
Maior ainda é ser como o Destino
Que tem o silêncio por seu hino
E cuja face nunca se mostrou.
Para
regalo dos amantes da poesia, outros inéditos de pessoa estão por vir.
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