quarta-feira, 9 de março de 2022

Pequeno sonho vermelho

Meus quadros  favoritos 


Vasily Candinsky, 1925

Nação à deriva


Bolsonaro com lideranças evangélicas, 

Silas Malafaia à direita

Foto: Cristiano Matriz/Agência O Globo

 


Eu dirijo a nação para o lado que os senhores desejarem”. 

 

O presidente Jair Bolsonaro se reuniu ontem com 280 religiosos no Palácio da Alvorada e proferiu a frase acima. Parece que eram evangélicos, aproximadamente 30% dos brasileiros, de acordo com o Datafolha. 

A fala que antecede a frase aqui destacada completa o sentido das ideias do presidente:

 

“— Seria muito fácil estar do outro lado. Mas, como eu acredito em Deus, se fosse para estar do outro lado, nós não seríamos escolhidos. Falo “nós” porque a responsabilidade é de todos nós. Eu dirijo a nação para o lado que os senhores desejarem.”

 

            Fica evidente que, para o presidente, o país está dividido em dois ‘lados’: os que creem e os que não creem. 

O tema é recorrente neste blog.

https://loucoporcachorros.blogspot.com/2016/12/crer-ou-nao-crer.html

https://loucoporcachorros.blogspot.com/2015/12/religiao-e-psiquiatria.html

https://loucoporcachorros.blogspot.com/2016/11/acaso.html

https://loucoporcachorros.blogspot.com/2013/08/ateus-declaram-se.html

Entre outros.


            Penso que isso é muito grave. Um presidente não pode dividir a nação. Sua função é a de unificar, governar para todos, indistintamente. Afirmo o óbvio. Qualquer inteligência mediana há de concordar com isso. A não ser nas autocracias, onde o líder é seguido cegamente, ou quando a inteligência está muito abaixo da média.

            Outro aspecto assustador é o surgimento dos “escolhidos”! Devo me considerar um “não-escolhido”? Certamente, minha condição de ateu há de atestar isso. E o que isso significa? Devo pregar na roupa algum distintivo, uma estrela amarela, por exemplo, a indicar minha condição de pária?

            Há muito o Brasil deixou de ser um país laico, o que fere com força a Constituição Brasileira. Agora, isso é confirmado aos berros pelo presidente da república, em gesto inconstitucional.

            E o Supremo Tribunal Federal não intervém?! O Congresso não intervirá, diante da invencível ‘bancada evangélica’.

            Nação à deriva!

 

 https://oglobo.globo.com/politica/bolsonaro-reune-evangelicos-em-meio-acenos-de-adversarios-conheca-as-liderancas-entenda-relacao-com-governo-1-25424693

Farinha do mesmo saco

Charge do dia 


Amarildo

Um cachorro de sorte

A foto do dia 

seguida de Diálogo inconcluso


Refugiado ucraniano leva seu cachorro no trem

Bernadett Szabo/Reuters

Folha de S. Paulo hoje

*

Depressão


...

– Viu esta foto?

– Tenho acompanhado isso.

– Não é emocionante!?

– Muitos têm sido abandonados para morrer.

– Verdade.

– Ando muito deprimida...

– Então só vê os que morrem.

– Verdade.

– Me alegro com os que se salvam.

– Não há nada de bom na guerra.

– Você quer dizer na Vida...

– Isso mesmo.

...

 

Educação continuada (#3)

10 anos de Louco

 

 

 Minha admiração pela arte da Pintura surgiu ao final da adolescência, com a mudança da família do interior de São Paulo para a cidade do Rio de Janeiro. As visitas constantes aos museus de Belas Artes e Arte Moderna causavam verdadeiro deslumbramento. Com a melhoria da condição financeira, já em Brasília, passei a comprar os dispendiosos ‘livros de arte’ e me informar melhor sobre Pintura. (Coisa inimaginável para os jovens de hoje: não havia Internet naquele tempo!)

            Os quatro anos passados em Londres converteram admiração em verdadeira obsessão. Nos finais de semana, invariavelmente, havia uma passada pela National Gallery, localizada na Trafalgar Square. Depois de algum tempo, as visitas eram concentradas em uma única sala, quando as obras podiam ser observadas com tempo e minúcia.

Outro salto nesse processo de educação ocorreu com a criação do Louco por cachorros. No Twitter.com, selecionei os seguidores de Pintura (são muitos, pude constatar), e pude ver obras as mais variadas, de todas as épocas e escolas, hábito que conservo até hoje. Publico-os no blog sob o marcador Meus quadros favoritos.

Cada novo quadro é fonte para indagação sobre o artista, sua biografia, a que escola pertence, qual a história daquele quadro em particular, o ano em que foi pintado, informações facilmente obtidas na Internet. 

Vincent van Gogh, Egon Schiele, Klimt, Chagal, Pieter de Hooch, Caravaggio, Flávio de Carvalho, Gauguin, Matisse (meu preferido no momento), aparecem com frequência. De repente, surge artista de quem nunca havia ouvido falar: Eduardo Chicharro Agüera, nascido em Madri, Espanha, em 1873, falecido na mesma cidade em 1949. A obra intitulada Dor, foi executada em 1912, na cidade de Ávila. 


 


 

Que quadro belíssimo! A luz amarela, maravilhosa, vem de uma janela aberta em grossa parede, indicando que se trata de construção antiga. Predomina no ambiente a cor rosa das paredes e da toalha de mesa. No mais, as pessoas todas vestidas de preto, enlutadas. Um Cristo crucificado indica religiosidade. A mulher em pé procura consolar as demais. A cena é forte, transborda emoção, é possível sentir a dor da perda. Pela data da pintura, o sofrimento pode ter sido infligido pela guerra.

Um último detalhe: Eduardo Agüera praticou número variado de gêneros de pintura, porém dedicou-se, de preferência, aos retratos femininos.

É assim que sigo aprendendo. O método é fácil, as informações disponíveis são em número infindável, educação para uma vida inteira. O blog pode ser fonte e motivação para a chamada Educação continuada.