segunda-feira, 25 de junho de 2018

Desconstruindo a liberdade

Charge do dia



Cão de Giacometti



Cão

Grande exposição de obras de Alberto Giacometti no Guggenheim de Nova Iorque.
Este blogueiro não poderia deixar de registrar a escultura do cachorro.

Foto: AVianna, jun 2018.

Reinvenção da arbitragem


Assistentes de vídeo durante uma partida
Foto: Shaun Botteril


            Após duas semanas de férias o Louco por cachorros volta à ativa, e o assunto não poderia ser outro que não a Copa do Mundo na Rússia. Há tanto o que escrever! O Futebol (vou grafá-lo assim, sempre com maiúsculas!) é coisa séria e envolve volume enorme de atividades paralelas, desde o pipoqueiro na entrada do estádio até o roupeiro da cada time, do perna-de-pau até o craque mais bem pago do mundo, da seleção que disputa a primeira Copa e faz o seu primeiro gol em mundiais até os pentacampeões brasileiros. Tudo isso é Futebol e muito mais.
            Quem afirma que não gosta de Futebol é ruim da cabeça ou tem implicância com o esporte, porque nunca parou para analisar o jogo e considerar sua complexidade. É um jogo de poucas regras, geralmente simples, com exceção do impedimento, regra que as mulheres têm grande dificuldade para compreender.
            Pois esta simplicidade está agora sendo ameaçada, com a tentativa de se reinventar a arbitragem. Trata-se do sistema de vídeo-arbitragem, ou VAR (video assistant referee,ou árbitro assistente de vídeo), composto por um conjunto de câmeras que transmitem as imagens para uma sala isolada do campo, onde assistentes de vídeo podem rever as jogadas. 
Esta assistência pode ocorrer a pedido do árbitro (em caso de dúvida em uma jogada, que pode ser revista), ou caso os assistentes observem um lance duvidoso e comuniquem o juiz da partida através do fone de ouvido. Então, os assistentes de vídeo reproduzem as imagens e transmitem suas conclusões ao árbitro. É este último que toma a decisão final, depois de consultar as imagens em um monitor localizado na lateral, ou confiar exclusivamente no critério dos assistentes.
Podem ser revistas pelo VAR as seguintes jogadas (para quem ouviu cantar o galo mas não sabe aonde):

1 - Gols
Os assistentes asseguram que a decisão correta seja tomada quando um gol é marcado; segundo o site da FIFA, para "ajudar o árbitro a determinar se houve alguma infração que impeça de validar o gol". Inicialmente, pensava-se que o VAR não poderia corrigir o impedimento, porque este não é mencionado nas quatro situações (gols, pênaltis, cartões vermelhos e erros de identidade), mas, na verdade, o sistema está habilitado para reverter qualquer ação que possa ter influenciado um gol. 

2 -Pênaltis
Os assistentes asseguram que a decisão correta seja tomada ao se marcar (ou não) um pênalti.

3 - Cartões vermelhos
Também colaboram para garantir que um jogador receba a merecida punição em caso de dúvida sobre a seriedade de uma falta ou infração.

4 - Erro de identidade de jogadores
Em alguns lances com a participação de muitos jogadores, o árbitro não sabe quem fez a falta ou não vê o que acontece. Os assistentes de vídeo podem ajudá-lo a determinar quem cometeu a falta para não para advertir ou expulsar o jogador errado.

            Não há dúvida quanto à boa intenção da FIFA ao estabelecer estas novas regras de arbitragem. 
Analisemos a seguinte situação. Um certo time investe uma fortuna para formar uma grande equipe, chega para disputar a final do campeonato, e é sumariamente prejudicado pelo juiz incompetente ou tendencioso, que marca um pênalti inexistente ou deixa de marcar um pênalti claro. (Fato ocorrido no Campeonato Paulista deste ano, disputado entre Palmeiras e Corinthians.) Todo o esforço do clube foi por água abaixo, por causa de uma decisão errada de uma única pessoa. Nesse caso o VAR pode fazer justiça!
Tira o gosto do imprevisível do Futebol? Talvez, um pouco. Futebol não é xadrez, o pênalti não marcado pode vir a ser motivo de boas conversas e sonoras gargalhadas ao longo dos anos entre dois amigos, é disso que vivem os comentaristas de Futebol e sobrevivem as famosas mesas redondas, com discussões intermináveis sobre times e jogos. (Adoro essas tais mesas, não há nada mais relaxante.)
Estava por terminar esta pobre crônica quando a interrompi para assistir Portugal versus Irã (Iran, no original). O VAR funcionou como nunca! Serviu para marcar pênalti contra Portugal, que Cristiano Ronaldo perdeu (ou o bom goleiro do Irã defendeu); apontou ainda agressão do mesmo CR7 a um iraniano, que resultou apenas em cartão amarelo; e ao término do jogo, apontou pênalti contra os portugueses, convertido pelos iranianos.
Como tudo na vida, há prós e contras sobre o uso do VAR. É  esperar para VER...