segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

pedrinhas



água limpa e fria
do ribeirão das Pedrinhas
o melhor da infância


Foto: A.Vianna, Guaratinguetá/Pedrinhas, jun 2016.

EI reconquista Palmira

A foto do dia


Estado Islâmico reconquista Palmira. Civis são evacuados.

Foto: Manu Brabo / AP

Última crônica

“... assim como no Renascimento, surgiu uma nova linguagem artística que mudou a história da arte. Assim, não custa nada imaginar que, em função das novas tecnologias, uma nova arte esteja para nascer.”

            É como termina a última crônica de Ferreira Gullar publicada neste domingo (Arte do futuro, 11/12/2016) na Folha de S. Paulo, uma semana após sua morte. Afirma a neta: "Quando eu perguntei se preferia terminar outro dia, ele disse que não, porque não sabia o que poderia acontecer". (Aos 86 anos, em um leito de hospital, o poeta ditou a coluna à neta Celeste.)
            O cronista destaca a importância da técnica na arte. Cita a pintura mural, o surgimento da tela, e mais tarde da fotografia, como meios de manifestações artísticas e suas respectivas peculiaridades técnicas.
            Cita o caso Marcel Duchamp, o homem do urinol, que afirmou “Será arte tudo o que eu disser que é arte”. A partir daí, segundo Gullar, “estava aberto o caminho para o vale-tudo”, e “o que até aqui se chamou de arte já não o é”. (Não havia espaço para que o cronista falasse do papel do ‘mercado de arte’ na gênese deste desvirtuamento.)
            Gullar tornou-se crítico impiedoso da arte contemporânea, mas não perde a esperança, ao falar de uma nova forma de arte que poderá nascer a partir de novas tecnologias. (Talvez esta seja uma boa definição do que venha a ser um poeta: aquele que nunca perde a esperança.)
Fico pensando se esta nova forma de arte de que fala o poeta já não existe e é o próprio cinema, com sua técnica cada vez mais aprimorada, sua imensa capacidade de difusão, tornando-se hoje a forma mais democrática de manifestação artística.
Cito apenas dois filmes recentes, para consideração do leitor, como arte em estado puro, considerando a técnica cinematográfica. O primeiro deles é Julieta, de Pedro Almodovar. O roteiro baseia-se em três contos de Alice Munro, magistralmente adaptados e condensados por Almodovar. Cada tomada do filme assemelha-se a um quadro, a uma pintura ora realista, ora surrealista, a combinar forma e cor de maneira perfeita. Tempos atrás dava-se a isso nome de ‘filme de arte’.
O segundo é O filho de Saul, do diretor húngaro László Nemes, vencedor do Oscar  de Melhor Filme Estrangeiro. A despeito da importância do tema – o trabalho de certos judeus nas antecâmaras dos fornos crematórios em Auschwitz –, o filme surpreende pela inovação técnica, com uma câmara sempre às costas do protagonista, chegando a desnortear o expectador desavisado. Outro filme de arte.
Porém, os entendidos dirão que as tais novas formas de arte são hoje representadas pelas instalações audiovisuais, que invadiram amostras e bienais. Quase sempre uma chatice.