quarta-feira, 16 de maio de 2018

Medicina e maconha


O abuso de opióides nos EUA – verdadeiro escândalo – tornou-se caso de saúde pública (ou caso de polícia), responsável, só por overdose, por mais de 60 mil mortes anuais.
             Parece que a origem da epidemia teve a ver com a liberalidade com que médicos americanos passaram a prescrever analgésicos dessa categoria, provavelmente sob a influência da indústria farmacêutica.
            Hélio Schwartsman trata do problema em sua coluna na Folha de S.Paulo de ontem (15.mai.2018), incluindo os usos e abusos da maconha.
           Afirma ele: “Sou totalmente a favor da descriminalização e posterior legalização de todas as drogas, mas, se há uma estratégia de ação que me parece ruim, é a de defender a liberação da maconha com base em suas propriedades medicinais.” 
E completa de forma enfática: “Maconha não é remédio. Ela é uma droga psicoativa especialmente complexa, que produz uma cascata de efeitos no corpo humano. Alguns deles têm usos para a medicina, mas a maioria apenas provoca agravos à saúde dos usuários. De um modo geral, são danos menores, mas, para alguns consumidores com predisposições genéticas, as consequências podem ser devastadoras.”
Ouvimos com frequência afirmações irresponsáveis de que o uso prolongado da maconha não traz malefícios, pois trata-se de droga inócua e “leve”. O desencadeamento de surtos psicóticos, às vezes irreversíveis, provavelmente em pessoas predispostas, tem sido descrito em abundância.
Apoiar-se, pois, no uso medicinal da maconha em certas situações, para defender seu uso recreativo disseminado é o que Schwartaman condena: “Não convém misturar as coisas. Se alguém quer curtir o barato da maconha ou de outra droga, não deveria ser impedido pelo Estado de fazê-lo. Mas também não é o caso de buscar a sanção da medicina para algo que faz muito mais mal do que bem.”
Este blogueiro assina em baixo, mesmo em se tratando de assunto tão controverso.