"Parece
que enfiaram uma faca no meu peito".
Esta
expressão é bastante conhecida, e possivelmente já experimentada por algum
leitor; com certeza, por quem ora escreve. O mais interessante é que parece não
se tratar de simples figura de linguagem.
Em
seu livro "Emotional First Aid" (Primeiros Socorros Emocionais), recentemente
lançado nos Estados Unidos, o doutor em psicologia e especialista em terapia de
casais Guy Winch relata estudos com ressonância magnética que mostram que “a
dor da exclusão social ativa no cérebro as mesmas áreas acionadas pela dor
física” (reportagem de Rodolfo Lucena (1), da Folha de São Paulo).
Desde
o nascimento o ser humano tem necessidade de ser aceito, de aprovação, de
pertencer a uma família que o proteja do mundo exterior e o auxilie na formação
de uma mente própria. O sentimento de rejeição provoca provavelmente a ferida narcísica
mais comum e recorrente em nossas vidas.
Assim
sendo, o termo “ferida” parece igualmente apropriado, pois nos remete a algo
sofrido no próprio corpo, e que pode deixar cicatrizes.
Outro
trabalho citado por Rodolfo Lucena (sem a referência) aponta na mesma direção:
“Em
pesquisa feita nos EUA, 40 pessoas que tinham recentemente levado um chute do
parceiro foram submetidas a duas experiências: em uma, viram fotos de seus
"ex"; na outra, receberam estímulos térmicos semelhantes ao de café
quente derramado na mão. Nos dois casos, o cérebro deu respostas similares.”
Portanto,
aprender a lidar melhor com as frustrações – tarefa para uma vida inteira – é a
única maneira de ir reparando estas feridas, quando possível.