segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A esmoleira



Foto: A.Vianna, Brasília, 2012.

Embora tenha adquirido há pelo menos três anos uma esmoleira – comprei-a num antiquário, com a palavra de que se tratava de móvel do século XVIII – só hoje me dei conta de que tenho em casa uma esmoleira. Comprei-a porque precisava de um suporte para um novo aparelho de som, e ela preenchia as exigidas medidas de largura, comprimento e altura, além de combinar com o mobiliário existente.

Tenho a vaga lembrança de ter ouvido do antiquário, homem de aparência séria, respeitável conhecedor, algo sobre esmoleiras de igreja, no Brasil Colônia, mas nada daquilo permaneceu em meu espírito, utilitarista naquele momento.

Depois de algum tempo, adquiri suporte mais adequado ao som, desonerando a esmoleira de função tão trivial, tão prosaica, promovida que foi a móvel decorativo. Desde essa época – nunca soube o porquê, agora sei – adquiri inusitada prática, que se tornou para mim uma espécie de sagrado ritual. Todos os dias colho uma flor no jardim e a coloco em um pequeno vaso de vidro, cuja água também é trocada regularmente, sobre a esmoleira.

Hoje, trocadas a água e a flor, me dei conta de que tenho em casa uma esmoleira de igreja, e que faço dela um altar.

Não posso saber por quanto tempo ela esteve no átrio de uma igreja do interior – talvez em Minas Gerais, ainda segundo o vetusto antiquário – a recolher piedosamente esmolas destinadas aos necessitados. Vale ressaltar, para os que nunca tinham visto uma esmoleira de igreja, que a peça traz em seu tampo, ou superfície, uma ranhura de alguns poucos centímetros, por onde eram depositadas as esmolas. Desnecessário dizer que a gaveta onde caiam as moedas (e notas?) traz uma boa fechadura. O padre haveria de trazer a chave bem guardada.

Os bons dicionários que consultei registram:
esmoleira: mendiga, aquela que pede esmolas; bolsa ou alforje de mendigo; saco ou bolsa para guardar esmolas.

            Não encontrei outros significados. E também não encontrei referências sobre esmoleira de igreja. Mas gosto de pensar que tenho em casa uma esmoleira de igreja,  sobre a qual deposito, todos os dias, uma flor.

luz


luz que inunda o quarto
a cama, alvíssimo mármore
madrugada ao luar

O pior de S. Paulo




A arquitetura da cidade, comparada a de cidades como Roma, Paris, e até mesmo Nova Iorque, é um verdadeiro desastre.

Fotos: A.Vianna, S.Paulo, nov. 2012.

Caipira picando fumo (1893)


Rever os quadros de José Ferraz de Almeida Júnior (1850-1999), este paulista natural de Itu, já é um bom motivo para visitar a Pinacoteca, sempre que vamos a S. Paulo!


José Ferraz de Almeida Júnior (Itu8 de maio de 1850 — Piracicaba13 de novembro de 1899) foi um pintor e desenhista brasileiro da segunda metade do século XIX. É frequentemente aclamado pela historiografia como precursor da abordagem de temática regionalista, introduzindo assuntos até então inéditos na produção acadêmica brasileira: o amplo destaque conferido a personagens simples e anônimos e a fidedignidade com que retratou a cultura caipira, suprimindo a monumentalidade em voga no ensino artístico oficial em favor de um naturalismo.[1]
Foi certamente o pintor que melhor assimilou o legado do Realismo de Gustave Courbet e de Jean-François Millet, articulando-os ao compromisso da ideologia dos salons parisienses e estabelecendo uma ponte entre o verismo intimista e a rigidez formal do academicismo, característica essa que o tornou bastante célebre ainda em vida.[2] De forma semelhante, sua biografia é até hoje objeto de estudo, sendo de especial interesse as histórias e lendas relativas às circunstâncias que levaram ao seu assassinato: Almeida Júnior morreu apunhalado, vítima de um crime passional.[3]
O Dia do Artista Plástico brasileiro é comemorado a 8 de maio, data de nascimento do pintor.

Para visualizar outras obras, clique em:
Ref.:  http://pt.wikipedia.org/wiki/Almeida_Júnior

Foto: Mercêdes Fabiana, S.Paulo, nov. 2012.

O melhor de S. Paulo



Com mais  de 100 anos de existência,  a Pinacoteca do Estado de São Paulo, está cada vez melhor, cada vez mais viva, pelo acervo permanente e pelas exposições temporárias. Há sempre algo de muito bom pra se ver.

Fotos: A.Vianna, S.Paulo, nov. 2012.