domingo, 10 de janeiro de 2021

Um sentido para a vida

 

O primeiro dos aforismos de Franz Kafka, na tradução sempre correta de Modesto Carone (Serrote, IMS, 2009), é um alerta para todo ser humano: 

 

“O verdadeiro caminho passa por uma corda que não está esticada no alto, mas logo acima do chão. Parece mais destinada a fazer tropeçar do que a ser percorrida.”

  

 

            Inspirado na fotografia acima, compus minha versão da ideia kafkiana: A vida é uma pinguela repleta de espinhos por onde andamos com a certeza de que em algum momento vamos tropeçar e cair.

            Minha mulher traduziu tudo isso de maneira mais clara e objetiva: “Quando você pensa que está abafando, é aí que cai no buraco.”

            Septuagenário, por experiência própria, posso atestar que a ideia é verdadeira. Estamos sempre a tropeçar. E a cair. Então, fazer o quê?

            Duas possibilidades se apresentam diante da queda: ou permaneço estendido no chão, ou me levanto. A primeira se encerra em si mesma. Mas se me levanto, me situo novamente diante da certeza que tornarei a cair.

Caio pela segunda vez. Duas possibilidades se apresentam: ou permaneço estendido no chão, ou me levanto. A primeira se encerra em si mesma, já sabemos. Mas se me levanto, agora sei que tornarei a tropeçar e cair. Aprendi com a dor da experiência. Então, como enfrentar a inexorável e infinita sentença?

Primeiro, aprendo aceitar tal realidade: a vida é um eterno tropeçar, cair e se levantar. Coloco-me diante de um espelho – porque o mundo real é um espelho onde posso me observar permanentemente – e me vejo repetindo esta cena: tropeçando, caindo, me levantando. Se me observo, posso ir aprendendo alguma coisa, sempre a duras penas. Se vou aprendendo, talvez possa tropeçar menos; e se tropeçar, posso me equilibrar e não cair. (Na certeza de que da próxima vez, vou cair.)

Que sentido emprestar a isso tudo? 

Que estamos aqui para aprender. Assim atesta a Evolução das Espécies.

A série continua!

Non-sense-photography 


Infância mal digerida.




O celular não a deixava comer.