domingo, 27 de outubro de 2019

festa no jardim




acácia floresce
numa explosão amarela
festa no jardim



Foto: AVianna, out 2019, iPhone8



Vira-casaca

Política sem palavras



Foto: Divulgação /Palácio do Planalto

Ah, as estrelas!




Em dois ou três momentos distintos este blog – certo de que estava chovendo no molhado – tratou de assunto irritante, persistente, imbatível mesmo, pela descomunal força da ignorância. Estou a falar da astrologia. Aos curiosos, eis dois endereços que tratam do tema:
            Certo de que ninguém se interessa mais por qualquer mudança sobre o que pensar diante da astrologia, eis que Hélio Schwartsman publica hoje (27.out.2019) na Folha de S.Paulo crônica com o título “Escrito nas estrelas – o que há de tão especial no instante do nascimento?” https://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2019/10/escrito-nas-estrelas.shtml
Assim começa o articulista: “Deu na revista The New Yorker que astrologia está em alta. A geração millennial não vê problemas em crer simultaneamente na influência dos astros sobre nossas vidas e na ciência. Quase 30% dos norte-americanos acreditam em astrologia, e o setor de serviços místicos já movimenta US$ 2,2 bilhões anuais no país. ...Uma das funções da ciência é justamente a de retirar do radar da sociedade ideias equivocadas. Foi assim que aposentamos a teoria dos miasmas ou o uso de metais pesados para tratar doenças. E os pressupostos da astrologia são demonstravelmente despropositados. Em primeiro lugar, cabe perguntar o que há de tão especial no instante do nascimento. É aceitável que, cinco milênios atrás, os sumérios que fundaram a astrologia atribuíssem um peso mágico a esse momento. Hoje, porém, conhecemos um bocadinho mais de embriologia e podemos afirmar sem medo de erro que bebês têm intensa vida intrauterina várias semanas antes de passar pelo canal vaginal.”
E Schwartsman conclui com o que realmente nos interessa: “... no plano individual, cada um pode divertir-se com o que preferir, mas, a partir do momento em que aceitamos o vale-tudo epistemológico no discurso público, não devemos mais nos surpreender com o surgimento de coisas como o terraplanismo e movimentos antivacina.”
Em março de 2015 este blogueiro escreveu: O mesmo pensamento mágico que faz com que uma pessoa albina seja tratada como um tabu na Tanzânia, faz com que ainda permaneça o interesse pela astrologia até os dias de hoje; de outro modo ela não continuaria ocupando tanto espaço na mídia.   
            É disso que estamos a tratar, do pensamento mágico. Segundo Schwartsman, foram os sumérios que inventaram a astrologia, portanto na infância da humanidade. E grande parte da humanidade permanece na infância; o terraplanismo, certas crenças religiosas, a própria astrologia comprovam tal afirmação.
            Até aí nada demais, nada contra histórias da carochinha. O problema surge quando há repercussão na saúde pública, como o aparecimento de doenças graves, com sequelas terríveis, mortes de adultos e crianças, por doença como o sarampo, em virtude de um movimento louco contra as vacinas. 
O homem contra o homem, atuação determinada pela ignorância. Deixemos portanto as estrelas para os astrônomos. Aos astrólogos, cabe buscarem um outro emprego. 

sábado, 26 de outubro de 2019

Uma semana depois!




Há uma semana esta foto, batida pelo Vanderlei,
foi publicada como fotominimalismo.



Eis o ninho, construído com boa engenharia,
com telhado e tudo!



Uma semana depois!




A mãe piou por perto,
o filhote abriu o bico!


Fotos: AVianna e Vanderlei, out 2019.

Em repouso

fotominimalismo






Foto: AVianna, out 2019, IPhone8 

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Louvre abre A Exposição

A foto do dia




Visitantes do Louvre em Paris diante de 
"La Mona Lisa" ou "La Gioconda",
de Leonardo da Vinci - AFP/Arquivos



"Louvre de Paris recebe gigantesca exposição sobre a obra de Leonardo da Vinci", é a principal manchete internacional de hoje (Isto É).

“Quinhentos anos depois da morte de Leonardo da Vinci, o Museu do Louvre inaugura nesta quinta-feira a maior exposição organizada sobre a obra do gênio renascentista, que já é considerada um grande sucesso.
No total, 162 pinturas, desenhos, manuscritos, esculturas e outros objetos foram reunidos após um grande trabalho de pesquisa que durou 10 anos. Apenas 11 dos quase 20 quadros atribuídos ao artista estarão presentes na mostra, mas todos são magistralmente valorizados pelas demais obras que as cercam e contribuem para explicar os trabalhos.”

Estaremos lá!

Letra de médico


O caso que passo a relatar me foi contado por pessoa idônea, cirurgião de afamada reputação na capital e em todo o estado; à época do sucedido ele estudava medicina em Salvador, na Baía de Todos os Santos, no auge do anos 60. Merece crédito.
            Consta que Iolanda, linda ainda nos seus 30 anos, mulher fogosa, farta de peitos, casada com advogado famoso e endinheirado, procurou o consultório do doutor R, queixando-se de fortes dores no peito, aflição e tristeza. Foi examinada minuciosamente pelo médico – como era praxe nos tempos de antigamente –, que formulou mais uma ou duas perguntas sobre a vida íntima de Iolanda, sentou-se à mesa do consultório e efetuou, sem titubear, a prescrição.
            A verdade é que o drama de Iolanda nem o melhor médico do mundo poderia curar, e o doutor R sabia disso. Mãe de dois filhos adolescentes, Iolanda estava apaixonada pelo melhor amigo do marido. R era amigo de ambos, do amante e do marido traído, e se preocupava com a situação, temeroso de violento desfecho, maneira pela qual se resolviam casos como aquele na região. 
            Ao final da consulta, R entregou bilhete a Iolanda, convidando toda a família para a festa de aniversário dele, que ocorreria em uma semana, quando completaria 60 anos. Iolanda voltou para casa mais aliviada, depois da conversa com aquele grande médico, humano, que sabia ouvir seus pacientes, amor de pessoa no dizer de Iolanda. 
            Logo que chegou em casa chamou pela empregada, moça de 15 anos, mulata sestrosa, bonita de rosto e de corpo já formado, Neguinha, pegue a receita do doutor R na minha bolsa e corre na farmácia do doutor Osório e pede para ele aviar esta receita com urgência! Vá num pé e volte no outro! Neguinha pegou a receita e saiu voando.
            Doutor Osório era farmacêutico experiente, radicado na cidade para mais de 30 anos. Gabava-se de ser capaz de decifrar em minutos a letra de qualquer médico do Brasil! Pois ao abrir a receita assinada pelo doutor R, embasbacou-se, andou de Herodes a Pilatos, engasgou tossiu faltou-lhe o ar, pasmo desnorteado diante daqueles garranchos que não faziam sentido, lia relia trelia e nada, reconhecia apenas a assinatura do doutor. Osório despachou Neguinha, Vá-se embora, assim que os remédios ficarem prontos mando entregar em casa de Dona Iolanda. E voltou à receita.
            Santo deus! – vê-se que Osório não cria –, será esta a primeira vez que não consigo decifrar a merda de uma receita? Eu tenho um nome a zelar, fiquem sabendo os moradores da Baía de Todos os Santos! Uma vida inteiramente dedicada à Pharmácia, isso mesmo, com PH, e que jamais será manchada pelos garranchos de um doutorzinho filho da puta! E Osório aviou a receita, mandou entregar como combinado.
             Iolanda iniciou de pronto o tratamento. Melhorou logo com as primeiras doses de ambos os remédios, 30 gotas de um, uma colher das de chá diluída em água filtrada, o outro. Doutor Osório era mesmo um santo!
            Às vésperas da festa de aniversário de R, Iolanda teve uma recaída. Tinha medo de lá encontrar o amante na presença do marido, que, a bem da verdade, de nada suspeitava. Não teve dúvida: pediu ao farmacêutico que aviasse uma segunda remessa dos remédios, e assim foi feito. A melhora veio quase que imediata, verdadeiro milagre, proclamava Iolanda. Agora ela estava pronta para a festa.
            Foi um dia agitado; os preparativos envolviam todos os membros da família e agregados; os melhores trajes foram retirados dos guarda-roupas, escovados e passados a ferro; Iolanda passou a manhã na cabeleireira; F, o marido traído, apenas lamentava ter que usar terno e colete no escaldante calor da Bahia, mas R era seu amigo, faria aquele sacrifício. Na hora da partida, Iolanda não se esqueceu do convite, ainda na bolsa que havia levado ao médico.  
            A mansão do doutor R, de estilo colonial, ocupava um quarteirão inteiro de bairro nobre de Salvador. Durante o dia havia guardas em posições estratégicas em volta do terreno. À noite, três rottweilers e um dobermann se encarregavam da vigilância. R era cuidadoso com a proteção da casa e da família, e por causa disso, no dia da festa colocou dois seguranças na entrada, com ordem expressa de que só seriam admitidos aqueles que mostrassem o convite, com a respectiva assinatura do doutor. 
            Iolanda, o marido e os dois filhos, ao chegarem à mansão de R, causaram alvoroço na plateia que se juntara em volta do portão de entrada, gente pobre e provavelmente com fome, que desejava apenas apreciar o espetáculo da chegada de gente abastada e bem vestida. (Faltava apenas o tapete vermelho.) Solicitado o convite, Iolanda prontamente o entregou. O guarda encarregado não era um analfabeto, era homem ladino, de confiança do doutor, e diante da surpresa, releu o convite, mostrou ao ajudante, ambos perplexos e, pior, desconfiados. O que tinham nas mãos era uma receita médica, dava para ler a palavra Passiflorine, tranquilizante natural, leve, muito usado na época. 
            – Sinto muito, senhora, mas não podem entrar.
            – Como assim, seu guarda? Veja a assinatura do doutor!
            – De fato, mas trata-se apenas de uma receita médica e não de um convite para a festa. Sinto muito.
            – O senhor faça o favor de chamar imediatamente o doutor R!
            – Sinto, senhora, mas não posso arredar pé aqui do portão, são ordens do doutor.
Diante do burburinho da assistência alvoroçada, o marido traído manifestou-se pela primeira vez:
            – Então vão todos às putas que os pariu. Pra casa, Iolanda!
            Humilhação maior, impossível. Já em casa, depois de um copo d’água com açúcar, Iolanda foi ler com cuidado o convite: era mesmo uma receita. Então que diabos o farmacêutico aviou? Chamou o motorista da família e rumou em direção à residência do doutor Osório. Era domingo, a farmácia estaria fechada, mas o farmacêutico devia a ela uma explicação.
            Osório tomou conhecimento do desagradável ocorrido e ao se deparar com a receita original e compará-la com o convite ficou lívido, gaguejou, não tinha explicação para o fenômeno. Fenômeno? esbravejou Iolanda; ela exigia retratação aos berros, ameaçava processar o farmacêutico, que um pouco mais calmo, se deu conta do engano: por isso ele não conseguia decifrar a prescrição do doutor R, não era uma receita, era um convite para uma festa. Osório, homem experiente, se recompôs e tratou de por ordem na casa:
            – Dona Iolanda, a senhora não se sentiu melhor depois dos medicamentos que aviei? Tanto que me pediu uma segunda remessa!
            Iolanda calou-se, o farmacêutico tinha razão. De fato, as formulações do doutor Osório foram milagrosas. Ela resolveu reconsiderar.
            – Mas o senhor então me explique como pôde preparar os remédios, sem a receita original do doutor R!
            – Foi a mão de Nossa Senhora da Conceição, dona Iolanda. Não é a primeira vez que isso me acontece. A senhora recebeu uma graça da Santa e ficou curada. Agradeça a ela.
            Iolanda voltou para casa pensativa. Talvez tivesse sido melhor assim. Talvez tenha sido um aviso, para que ela deixasse de pecar. Deus escreve certo por linhas tortas.
            Osório, por sua vez, preparou dose dupla de uísque com duas pedras de gelo, deitou-se na rede da varanda, e matutou por várias horas. Ele havia preparado Elixir paregórico – 30 gotas 3 vezes ao dia, e Bicarbonato de sódio a 2% – uma colherinha após as refeições. E concluiu:
            – Essa Nossa Senhora da Conceição é mesmo porreta!

FIM
            

terça-feira, 22 de outubro de 2019

Eternidade


Ao vender o terno de ótima qualidade, o vendedor exclamou:
– Vai durar uma eternidade!
– Está insinuando que eu deva ser enterrado com ele?

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Conforto

Fotominimalismo




Foto: Cecília Gomes Vianna, out 2019

Premiados e não-premiados

   
Olga Tokarczuk e Peter Handke
Vencedores do Nobel de Literatura de 2018 e 2019.
Foto: Beata Zawrel e Georg Hochmuth / AFP



Chico Buarque de Hollanda
Vencedor do Prêmio Camões 2019


Vamos tentar explicar com as palavras mais simples, como se estivéssemos conversando com crianças pequenas.
O fato de Peter Handke ter assistido o funeral do líder nacionalista sérvio Slobodan Milosevic, morto em 2006, não o impediu de ganhar o Nobel de Literatura de 2019, e ganhou porque se trata de um escritor importante. Olga Tokarczuk é conhecida também por ser politicamente engajada à esquerda, e levou o Nobel de Literatura referente a 2018 (ano em que não houve ganhadores em função de escândalo de corrupção).
Vamos repetir o surrado dito popular – porque às vezes é preciso repetir ad nauseanuma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Tem gente que não aprende. Vamos a elas.
Francisco Buarque de Hollanda ganha o Prêmio Camões de 2019, o mais prestigioso prêmio destinado aos escritores de língua portuguesa, o que deveria encher de orgulho e alegria toda a nação brasileira de leitores. Mas a coisa não é tão simples; o Sr. Presidente da República se recusa a assinar o diploma do laureado; estão em lados diferentes na política e portanto são inimigos.
O Presidente não sabe que não é o Sr. Bolsonaro quem precisa assinar o diploma, e sim o Presidente da República, de acordo com protocolo firmado pelos países de língua portuguesa. Ele ainda não consegue reconhecer a diferença entre a pessoa e a função. Para ele, pessoa e função são a mesma coisa, empossado que está no cargo de presidente – encontra-se, na verdade, empoçado, atolado, gessado, imobilizado, e portanto, impossibilitado de pensar.
É isso mesmo, simples assim: a impossibilidade de pensar. O “aparelho de pensar” (vide W. R. Bion) é pouco desenvolvido, os estímulos capazes de ajudar na formação do caráter sempre foram pobres, a mente permanece infantilizada.
Chico Buarque sabe pensar, tanto que se tornou um grande escritor. Ele declarou que se sente duplamente premiado, que a não assinatura do Sr. Bolsonaro significa outro Prêmio Camões. Com tais considerações, ele rebaixa o debate ao nível primário do Sr. Bolsonaro; também ele confunde pessoa e função; momentaneamente Chico também não pode pensar, tomado por ideologia emburrecedora. 
Este é o princípio do funcionamento do fundamentalismo de toda e qualquer espécie, seja religioso, político, ou qualquer outro: a incapacidade para pensar. De resto, é bem mais fácil, a comidinha já vem pronta.
O exercício que podemos fazer (apenas um exercício, estímulo para pensar) é discutir o valor dos premiados, e, em especial, dos não premiados. Aproveito para expressar aqui minha profunda frustração, quase que indignação, pela ausência do nome de Amós Oz entre os ganhadores do Nobel. É bem provável que seu posicionamento político a favor dos palestinos tenha influenciado os julgadores. (Lá como aqui, eles também não sabem que uma coisa é uma coisa...) O mesmo podemos dizer a respeito do grande escritor americano Philip Roth, outro não-ganhador do Nobel. Imperdoáveis injustiças.
A Literatura há de sobreviver a estes jogos infantis.

Cão infiel


Nem mesmo o cão fiel deitava na mesma cama que ele. Era o cheiro da morte.

sábado, 12 de outubro de 2019

Nobel de Literatura




Olga Tokarczuk


Declaração da escritora logo após receber a notícia do prêmio:

"Recebi a notícia sobre o Nobel na situação mais estranha – na autoestrada, um lugar Entre, sem nome. Penso que não há metáfora melhor para definir o mundo no qual vivemos hoje. Nós, escritores precisamos nos medir com os desafios cada vez mais improváveis, e, no entanto, a literatura é uma arte vagarosa – o longo processo de escrever faz com que seja difícil pegar o mundo em flagrante. Frequentemente me pergunto se ainda é possível descrever esse mundo, ou se estamos cada vez mais desamparados perante sua forma, cada vez mais líquida, os pontos fixos que se dissolvem, os valores que desaparecem. 
Acredito em literatura que une as pessoas e mostra como somos parecidos, que nos conscientiza que estamos todos interligados com as redes invisíveis. A literatura que narra o mundo como se ele fosse uma união viva que incessantemente acontece diante dos nossos olhos, e nós a sua parte, ao mesmo tempo pequena e poderosa."


sexta-feira, 11 de outubro de 2019

O pedido


O senhor pode me dar um punhado de farinha pra eu comer com o cheiro dessa carne?

                                                                                            Moisés Lobo Furtado

domingo, 6 de outubro de 2019

Sonho de Olívia

Galeria de família



para o sonhar de criança
punhados de folhas secas
são arcas de tesouro
em castelo encantado


Foto: Paulo S. Viana, Lorena, out 2019

sábado, 5 de outubro de 2019

Novos microcontos do Moisés


Coadjuvante

No fim percebeu que viveu intensamente.



Plena atenção 

Sempre se perguntou como os monges suportam tanta consciência.



Descapacidade

Seus olhos se enchiam de lágrimas ao encontrar pessoas que adotaram crianças abandonadas. Era o máximo que conseguia fazer.



Terapia

Você me parece tão bem resolvida. Não teve mãe, não?



                                                Moisés Lobo Furtado

Perda de qualidade


Clique para ampliar

Mais de 50% dos cursos de instituições públicas conseguiram conceito 4 ou 5 no Enade 2018 
Foto: Ana Carolina Moreno/G1 


"Na edição de 2018 do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), só 3,3% dos cursos de faculdades privadas conseguiram atingir o conceito máximo. Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) na manhã desta sexta-feira (4), de 7.276 cursos de instituições particulares, só 240 ficaram com o conceito 5. Já entre as instituições públicas, essa taxa sobe para 20,3%."

          O furor com que foram abertos em anos recentes cursos, faculdades e até mesmo universidades inteiras, todos privados, só podia acabar nisso: queda da qualidade.  



Mais um

A foto do dia



Incêndio na Capela de Santa Rita, ontem em Diamantina
Foto: Reprodução / Redes sociais



Banksy de novo




Devolved Parliament, do britânico Banksy
Foto: Tolga Akmen / AFP


 “Obra do britânico Banksy que representa um Parlamento britânico cheio de primatas foi leiloada nesta quinta-feira por quase 9,9 milhões de libras esterlinas (12,1 milhões de dólares), um recorde para o autor, informou a casa de leilões Sotheby's” (04 out 2019).
A obra, intitulada Devolved Parliament (Involução do Parlamento), mostra chimpanzés sentados nos bancos da Câmara dos Comuns, em vez de deputados. A pintura data de 2009. 
A Câmara dos Comuns foi o cenário de intensas discussões recentemente. Daí o momento ideal para a venda do quadro, que destaca "a regressão da democracia parlamentar mais antiga do mundo a uma atitude tribal e animal". 



quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Metade


construí minha casa pela metade
paredes de metro e meio
as portas sem fechadura
escadas sem corrimão
a mesa não tem cadeiras
o prato não tem talher
há no quintal meia horta
e meia lua no céu
nessa casa de meeiro
habita pela metade
metade do meu desejo
as minhas meias palavras
só permanece o meu sonho
inteiro inteiro inteiro 



                   Paulo Sergio Viana

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Comemorativo


no dia em que nasci
veio comigo o gerânio vermelho
que habita o canteiro
da varanda ensolarada
onde há cadeiras de vime

no dia em que nasci
veio comigo o cão de pelo curto
olhar inocente
a escavar a terra
e urinar pelos cantos

no dia em que nasci
veio comigo a chuva fina
que lava as folhas empoeiradas do estio
acaricia a terra
e passa

no dia em que nasci
veio comigo a cor bege
o jogo de damas
o leito do rio
a mosca da fruta
o som do violoncelo
a maresia

no dia em que nasci
veio comigo um verso tolo 


                              Paulo Sergio Viana

Manhã de domingo

A foto do dia



manhã de domingo
Mercêdes rega o jardim
e é feliz assim


Foto: AVianna, set 2019

Conselho


Vai, meu amigo, lamber suas feridas, disse-me a jovem amiga, amante dos cães como eu. Sigo seu conselho. Lambo minhas feridas e choro.

            Roque Tadeu Gui