quarta-feira, 3 de maio de 2017

Batendo na mesma tecla


É preciso bater na tecla da Educação até que ela seja reconhecida como a única solução possível para a saída do atoleiro em que nos encontramos. Mas não adianta falar em Educação durante as campanhas eleitorais: é puro engodo. Educação precisa ser um projeto de governo, não de partidos. E que seja abraçada e exigida por toda a sociedade. Eu mesmo não verei este milagre transformar-se em realidade. Por ora, bato na tecla.
            Leandro Karnal, em sua crônica de hoje para o Estadão, Um mundo de tulipas e de espinhos 2, coloca o problema com extrema felicidade:

“O nó górdio continua na educação e, enquanto este não for desatado, continuaremos sem política eficaz e sem administração efetiva. 
Mas qual educação? A maioria absoluta do Brasil não pode pagar uma boa escola. A escola pública é um imperativo categórico e estratégico. Não se trata mais de posição ideológica: é escola pública ou morte, educação para todos ou o fim de algum projeto Brasil.”

(Ontem o STF liberou a cobrança de mensalidades para os cursos de aperfeiçoamento oferecidos pelas universidade públicas. Contrariando a Constituição, que não especifica a qualidade do ensino, se graduação, pós-graduação stricto sensu ou lato sensu, a escola pública deixa de ser gratuita. Grave decisão do Supremo! O tema é complexo e merece discussão aprofundada.)
            Karnal enfatiza a necessidade de “aulas de qualidade, escolas com mínimas condições materiais, professores pagos com dignidade e orientados a novos cursos de atualização, projetos de educação vinculados a projetos de Estado e não a projetos de partido. Isso como plano para os próximos 50 anos e não para o quadriênio do eleito. De uma vez por todas: gente competente e que trabalhe nos projetos. Atividades variadas, lúdicas, de criação, com arte, música, humanas, exatas, muita leitura, pequenas excursões de campo, reflexões críticas e abertura. Que diminuam a burocracia, que encolham as reuniões pedagógicas intermináveis e a desconfiança recíproca entre os pais, professores, funcionários, alunos e agentes públicos.”
            E o autor finaliza: “Sem um ensino superior de ponta não formamos bons educadores. Sem eles, não há ensino fundamental decente.” 
            Karnal fala em plano de 50 anos. Eis porque não verei o milagre, mas continuo batendo na mesma tecla.