É preciso bater na tecla da Educação até que ela
seja reconhecida como a única solução possível para a saída do atoleiro em que
nos encontramos. Mas não adianta falar em Educação durante as campanhas
eleitorais: é puro engodo. Educação precisa ser um projeto de governo, não de
partidos. E que seja abraçada e exigida por toda a sociedade. Eu mesmo não
verei este milagre transformar-se em realidade. Por ora, bato na tecla.
Leandro Karnal, em sua crônica de
hoje para o Estadão, Um mundo de tulipas
e de espinhos 2, coloca o problema com extrema felicidade:
“O
nó górdio continua na educação e, enquanto este não for desatado, continuaremos
sem política eficaz e sem administração efetiva.
Mas
qual educação? A maioria absoluta do Brasil não pode pagar uma boa escola. A
escola pública é um imperativo categórico e estratégico. Não se trata mais de
posição ideológica: é escola pública ou morte, educação para todos ou o fim de
algum projeto Brasil.”
(Ontem o STF liberou a cobrança de
mensalidades para os cursos de aperfeiçoamento oferecidos pelas universidade
públicas. Contrariando a Constituição, que não especifica a qualidade do
ensino, se graduação, pós-graduação stricto
sensu ou lato sensu, a escola
pública deixa de ser gratuita. Grave decisão do Supremo! O tema é complexo e
merece discussão aprofundada.)
Karnal
enfatiza a necessidade de “aulas de qualidade, escolas com mínimas condições
materiais, professores pagos com dignidade e orientados a novos cursos de
atualização, projetos de educação vinculados a projetos de Estado e não a
projetos de partido. Isso como plano para os próximos 50 anos e não para o
quadriênio do eleito. De uma vez por todas: gente competente e que trabalhe nos
projetos. Atividades variadas, lúdicas, de criação, com arte, música, humanas,
exatas, muita leitura, pequenas excursões de campo, reflexões críticas e
abertura. Que diminuam a burocracia, que encolham as reuniões pedagógicas
intermináveis e a desconfiança recíproca entre os pais, professores,
funcionários, alunos e agentes públicos.”
E
o autor finaliza: “Sem um ensino superior de ponta não formamos bons
educadores. Sem eles, não há ensino fundamental decente.”
Karnal
fala em plano de 50 anos. Eis porque não verei o milagre, mas continuo batendo
na mesma tecla.