sábado, 26 de março de 2022

Ouremos!

 


Ilustração de Fê, para a crônica de José Simão 

na Folha de hoje


"Pastor pediu um quilo de ouro por verba do ministério, segurou na mão do prefeito e disse 'ouremos!"


                      José Simão



Mistura nefasta

 Charge do dia



Jean Galvão

O labrador de Bruges




Em outubro de 2008 foi lançado no Brasil o ótimo filme In Bruges, com a estúpida tradução para o português, Na mira do chefe, sob direção e roteiro de Martin McDonagh. Todo o mundo viu, só eu que não fiquei sabendo. 

            Vi o filme muito tempo depois e fiquei ensandecido! A história era boa, uma comédia, os dois protagonistas ótimos atores, e Bruges, a oitava maravilha do mundo! Na viagem seguinte que minha mulher e eu fizemos a Paris, pedimos ao agente de viagem, nosso amigo, reserva para quatro dias em Bruges.

            – Vocês estão loucos! Tomem o trem em Paris bem cedo, almocem em Bruges, deem uma volta pela cidade e tudo estará visto. Regressem à tardinha.

            Passamos quatro dias em Bruges, e passaríamos oito dias em Bruges. Chegamos no dia do aniversário de Mercêdes; não foi difícil, mesmo debaixo de chuva, encontrar restaurante com ótima carne e deliciosas batatas fritas, a especialidade da cidade (do país?). 

            Tudo muito lindo! A história da cidade, de origem medieval, é interessantíssima. Tudo muito bem preservado. Mas o ponto alto (expressão muito usada por minhas filhas, quando pequenas, para expressar o melhor de um lugar, de qualquer boa experiência) do passeio era uma volta pelos canais que cortam toda a cidade. Lá pelas tantas, vejo no batente de uma janela um lindo labrador bege, a apreciar a paisagem. Era uma cena do filme, e lá estava eu, ao vivo, diante do cachorro! Me recordo da minha forte emoção. 

            Recomendei com entusiasmo ao meu irmão, com viagem marcada para a Europa, que não deixasse de visitar Bruges. Ele foi, e lá estava o cachorro. Hoje, muitos anos depois desses alegres acontecimentos, encontro no Twitter a fotografia do labrador (eu o havia fotografado, mas perdi a imagem). Fidel, era seu nome, morreu em 2016. 

       Fica a doce lembrança, expressa na fotografia. Hoje ele encima esta pequena crônica.