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a vida nos trópicos
Foto: AVianna, fev 2021, quintal de casa
Aqueles menos afeitos às manhas do futebol dirão, Que jogo feio!
Feia mesmo a decisão da Libertadores da América ocorrida ontem no emblemático Maracanã entre Palmeiras e Santos. Mas só podia ser feia; esta é uma característica quase que infalível de toda decisão de campeonato ou até mesmo de Copa do Mundo, o jogo amarrado, truncado por sucessivas faltas, bruto, mas nem tão bruto que acarrete expulsão de jogadores, com predomínio das estratégias sobre o jogo aberto, franco, bonito de se ver. Antes de vencer, não se pode perder. O que conta é o resultado! Passado algum tempo, ninguém mais dirá que o jogo foi bonito ou feio, mas todos se lembrarão que o Palmeiras venceu, com todos os méritos, a Libertadores de 2020.
(Na Copa de 1970 o jogo entre Brasil e Inglaterra era um divisor de águas; quem ganhasse teria grande chance de ser campeão. Jogo duríssimo, amarrado no meio de campo, pouca criatividade, embora o jogadores fossem de alto nível, lances ríspidos – o tal jogo feio. Em dia memorável, o Brasil venceu por 1 a 0 e acabou levando o caneco! Em minha opinião, essa foi a disputa que mais bem ilustra a ‘feiura de uma decisão’.)
Na comparação individual entre os jogadores de ambas as equipes, o Palmeiras entrou em campo ontem com time mais bem qualificado. Isso pouco ou nada importa em uma decisão. Agora, a garra com que os times entram em campo, isso importa muito. Penso que o Palmeiras jogou com mais vontade de vencer. (Marinho, grande artilheiro do Santos, considerado o melhor jogador desta Libertadores e que poderia decidir a partida, sumiu em campo, bem marcado pela defesa alviverde.)
Final de campeonato é decidido quase sempre no detalhe – este é mesmo um dos jargões do futebol. O jogo de ontem entrava nos acréscimos quando o técnico do Santos, homem experiente, segurou a bola na lateral do campo, retardando a cobrança pelo adversário. Marcos Rocha, lateral do Palmeiras, reagiu, criou-se tumulto, Cuca acabou expulso, o que aparentemente tirou a concentração dos jogadores do Santos. Cobrado o lateral logo em seguida, Rony centrou com improvável perfeição a bola para a área do Santos e encontrou o mais improvável ainda Breno Lopes bem colocado, que desferiu belíssima cabeçada, encobrindo o goleiro John Victor, dando o título ao Palmeiras. Um a zero em decisão de Libertadores é goleada!
Aos afeitos às manhas do futebol, decisão é jogo de xadrez. Ontem tivemos um lindo jogo, porque meu time venceu!