quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Chatô, o filme


            Fui ver o filme Chatô, rei do Brasil – tinha que ver! – e o desapontamento foi total. Vinte anos para ser executado, uma montanha de dinheiro consumida, e uma entrevista do diretor Guilherme Fontes enaltecendo a obra levaram-me ao cinema repleto de expectativas.
            Não gostei mesmo. Causou-me profunda irritação!
            Mas podia ser uma falha minha de avaliação, que nem sou expert em cinema. A crítica especializada vem falando bem do filme. Nesses casos, melhor calar, e nenhuma notícia apareceu no Louco.
            Até que Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha, publicou no caderno Ilustríssima do mesmo jornal (12/12) artigo intitulado "Chatô", de Guilherme Fontes, não está pronto e não é bom.
Afirma Dávila: “Pois "Chatô" não está pronto e não é bom. Passada a falsa impressão dada pela produção luxuosa e bem cuidada nos minutos iniciais, o que se verá ali será um amontoado de cenas desconexas e desestruturadas, num roteiro que não roteiriza nem tem autoria propriamente dita, assinado que é por João Emanuel Carneiro, o próprio Guilherme Fontes e uma impessoal "Zoetrope" – a produtora de Francis Ford Coppola.”
De fato, que Assis Chateaubriand (1892-1968) era no mínimo excêntrico, até mesmo folclórico, disso não temos dúvida. Porém, um homem que criou um MASP e entregou-o de presente a S. Paulo, merece mais que nosso respeito, merece toda admiração. O bufão que nos é apresentado pareceu-me desrespeitoso. O mesmo pode ser dito do Getúlio Vargas mulherengo, caricato, bobo, retratado no filme.
Quanto à participação, ou não participação, de Francis Ford Coppola na codireção do filme, pouca ou nenhuma diferença faz, apenas empresta o nome famoso.
Uma pena! Quem sabe algum diretor argentino faz um filme melhor...




dor contínua



a dor contínua
(qualquer dor)
é um espinho
cravado na carne
cravado na alma
que distorce o pensar
impede o sentir
(que não seja
a própria dor)
e reduz o eu
a um trapo
imprestável

Foto: A.Vianna, dez. 2015.