quinta-feira, 19 de março de 2020

Ah, essa máscara...

Política sem palavras






esmo





Acaba de ser publicado pela Agência Comunica o livro de Paulo Sergio Viana intitulado esmo – poemas, para enorme alegria e orgulho de seus amigos, familiares e admiradores.
            Quem pega o livro pela primeira vez há de ficar encantado com a capa, belíssima, com fotografia do próprio autor e projeto gráfico de Joaquim Olímpio (desde já nossos agradecimentos a Paula Vianna, dona da Comunica). 
            Na contracapa Paulo escreveu:

“O verso elusivo é laço, visgo que envolve a presa fugidia e a imobiliza em pleno ar, por um átimo. Tênue abraço amoroso. Puro esmo.
Poesia é privilégio.”

            O privilégio é nosso, ao poder receber o abraço do poeta, cuja poesia é de rara qualidade nos dias atuais. A poesia contemporânea parece que deixa a desejar, pelo menos na opinião deste blogueiro. Paulo a recoloca em seu devido lugar.
            Eis um belo exemplo:

ao mar 

ó mar imenso mago
líquida esmeralda
eterno dançarino horizontal
sobre tablado invisível
cão pacífico
a lamber de maré
as franjas dos continentes
a sussurrar em linguagem de espuma 
a abraçar o mundo
cúmplice da lua
parceiro do sol
mar das regiões abissais
onde há peixes cegos
e criaturas de formas improváveis 
partilho contigo ó mar
a funda escuridão do pensamento 
            

Com o livro nas mãos, o leitor não deixe de observar que há na parte intitulada Caminho, sete lindos sonetos. Suspeito que o início da produção poética do autor tenha sido através dos sonetos, a forma clássica e difícil da boa poesia, árduo caminho a ser percorrido.
Outro exemplo:

O rastro 

A vida é como o rastro que o navio 
desenha à superfície do oceano, 
caminho passageiro e fugidio
que o mar de vagas varre, soberano. 

É feito só de espuma, puro engano,
o belo, luminoso, luzidio
traçado sobre a água azul. Insano 
querer que pelo mar corresse um rio. 

Assim serão os fatos desta vida,
dos quais nenhum resquício há de ficar, 
por mais que luminosa e apetecida. 

Deixemo-los, que vão se desmanchar, 
olhemos só à proa, atrevida,
que o importante, mesmo, é navegar. 


            Deixo aqui os nossos efusivos cumprimentos – escrevo em nome de toda a família – ao Paulo Sergio, pelo magnífico esmo!