O artigo é assinado por Leandro Oliveira, compositor e regente de orquestra, doutorando em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e anfitrião do projeto “Falando de Música” da Osesp. Foi publicado no Estado da Arte (Estadão, 22 nov 2018), com o título Cognição e musicalidade – Experiências científicas demonstram que o treinamento musical melhora o desempenho cerebral.
O objetivo de pesquisa interdisciplinar publicada na revista Psychology of Music foi medir aquilo que é chamado de “inteligência fluida” – definida pelos pesquisadores como “a capacidade de pensar abstratamente e resolver problemas”.
“Katherine Sledge Moore e Pinar Gupse Oguz, da Arcadia University, e Jim Meyer, do Elmhurst College relatam no trabalho sua avaliação com 72 estudantes universitários agrupados em três categorias: experientes musicalmente (com treinamento formal de 10 anos ou mais), amadores (com até um ano de treinamento musical) e não músicos. Os resultados “acrescentam referências à crescente evidência da relação positiva entre o treinamento musical e a função cognitiva”.
Afirmam os pesquisadores: “músicos com larga experiência tiveram uma pontuação significativamente maior do que os não-músicos e músicos menos treinados”. “Eles se saíram melhor em quatro das cinco habilidades cognitivas que os testes mediram, entre elas atenção, memória de trabalho e velocidade de processamento.”
Os pesquisadores afirmam ainda ser possível que “pessoas com habilidades superiores de cognição fluida tenham maior probabilidade de se destacarem como músicos e permanecerem na prática” – ou seja, levam em consideração, nesta etapa da pesquisa, a possibilidade do estudo confundir a relação de causa e efeito.
Conclui o brilhante Leandro Oliveira em sua ótima coluna em O Estado de S. Paulo: “De qualquer modo, os pesquisadores lembram que as habilidades de inteligência fluida “são privilegiadas no treinamento musical”, já que este envolve compreender rapidamente um complexo sistema de símbolos, domínio motor, raciocínio e muito mais.”