segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

O cão humaniza a família



Entalhes de cachorros e humanos datados de 
8.000/9.000 anos na Arábia Saudita. 
ASH PARTON / MARIA GUAGNIN 
PALAEODESERTS SURVEY



Dois cachorros diante de um leão, entalhes de 8.000/9.000 anos. HUW GROUCUTT / MARIA GUAGNIN 
PALAEODESERTS SURVEY


Os cientistas continuam pesquisando sobre quando e como, há milhares de anos, começou a relação entre humanos e cães. Descobertas recentes na Arábia Saudita mostram homens e cães (controlados por correias) caçando juntos. Parece que, nossa sobrevivência como espécie teria sido muito mais complicada, talvez impossível, sem os primeiros animais que domesticamos.
É o que afirma Guillermo Altares, de Madri, para El País (14 DEZ 201), em reportagem intitulada Cães ajudaram a humanidade a sobreviver.
As hipóteses mais recentes sobre a origem do cão sugerem que os primeiros surgiram há cerca de 33.000 de anos na Ásia, quando se separaram do lobo.
            Quanto à domesticação, “foram eles que nos domesticaram, aproximando-se dos acampamentos em busca de comida”, afirmam os cientistas.
Os entalhes descobertos recentemente na Arábia Saudita estão entre as imagens mais antigas de cães, entre 8.000 e 9.000 anos, revelando o trabalho conjunto com os humanos. São 350 entalhes, onde é possível vê-los caçando, às vezes presos por correias.
Perguntado sobre se os cães nos ajudaram a sobreviver, o professor Losey é enfático: “Sem dúvida alguma. Em certas situações, os cães podem aumentar muito nossas habilidades. Se não estivessem conosco, é muito possível que não estivéssemos aqui”.

            Um dos aforismos favoritos desse blogueiro, utilizado até mesmo em sessões de terapia, é O cão humaniza a família.
           




Racismo científico?




Manifestantes na Marcha da Consciência Negra
no último dia 20 de novembro
Foto: Joca Duarte/Photopress

            Minha primeira reação ao ler o slogan estampado na fotografia de artigo publicado no caderno Ilustríssima, da Folha (16/12/2017), foi de grande espanto! Estaria lendo corretamente? Era aquilo mesmo que os manifestantes queriam dizer? Miscigenação é genocídio?
Pois aconteceu mesmo! No dia 20 de novembro, em plena  Av. Paulista, manifestantes negros carregaram a dita faixa. Para ANTONIO RISÉRIO, 64, antropólogo, poeta e ensaísta, autor de "A Utopia Brasileira e os Movimentos Negros" e "Mulher, Casa e Cidade", trata-se de “retorno a noções racistas anacrônicas (utilizadas pelos brancos no século 19) e pregação explícita em favor de um apartheid amoroso-sexual no Brasil”.
Segundo Risério, descende diretamente do velho guru Abdias do Nascimento (1914-2011) o slogan exibido na Paulista. Abdias via a mestiçagem/miscigenação como estratégia de extermínio da população negra: "(...) o mulato prestou serviços importantes à classe dominante; durante a escravidão ele foi capitão-do-mato, feitor (...). Nele se concentraram as esperanças de conjurar a 'ameaça racial' representada pelos africanos. E estabelecendo o tipo mulato como o primeiro degrau na escada da branquificação sistemática do povo brasileiro, ele é o marco que assinala o início da liquidação da raça negra no Brasil. ...O processo de miscigenação, fundamentado na exploração sexual da negra, foi erguido como um fenômeno de puro e simples genocídio. Com o crescimento da população mulata, a raça negra iria desaparecendo sob a coação do progressivo clareamento da população do país".
Afirma Risério: “os teóricos do "racismo científico" defenderam a tese totalmente sem pé nem cabeça (que agora vemos retomada) de que era possível branquear a população brasileira através da imigração e da miscigenação, já que neste processo prevaleceriam sempre os genes da "raça superior" —a branca, naturalmente”.
            Risério conclui seu ótimo artigo afirmando o óbvio: “Se a mestiçagem diminui a população negra, também diminui a população branca. É curioso que "racistas científicos" e racialistas atuais acreditem no contrário, que a miscigenação branqueia, mas não escurece. A verdade é que o processo biológico não é (nem poderia ser) de mão única, privilegiando magicamente os brancos. A verdade é que, se um dia não houver nenhum negro no Brasil, também não haverá nenhum branco. E assim me vejo na obrigação de repetir aqui uma observação (óbvia) que já fiz inúmeras vezes: se for pelo caminho da miscigenação, o genocídio do negro será inseparável do suicídio do branco.”  
            Vale a pena ler todo o artigo de Antonio Risério, para compreender melhor o que estampa a faixa dos manifestantes. Mas é difícil de acreditar...





Coruja pede socorro



Prêmio de Fotografia de Comédias da Vida Selvagem

Foto: Tibor Zercz