A notícia assustou este
blogueiro:
Estratégia evangélica é ocupar o
Executivo para chegar ao Judiciário.
É o que diz
a professora Christina Vital, 42, da Universidade Federal Fluminense, que estuda
há mais de 15 anos a relação de evangélicos com a política, em entrevista a Thais
Bilenky (Folha de S. Paulo, 31/10/2016).
Para Christina Vital, conseguir chegar à Presidência da
República é importante como estratégia para barrar no Supremo Tribunal Federal
temas polêmicos como a pauta gay. A vitória de Marcelo Crivella (PRB-RJ), bispo
licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, no Rio, é um passo importante para
se chegar ao Judiciário.
O deputado
do PSC-RJ Jair Bolsonaro, possível candidato presidencial em 2018, pode
unificar diferentes denominações como a Assembleia de Deus, Sara Nossa Terra
e Igreja Batista. Porém, todos buscam a ocultação
da identidade evangélica dos candidatos. Crivella não é mais o bispo Crivella,
ele fala para todo mundo.
Afirma Vital: “Os evangélicos estão na política há muitos anos, tiveram
papel importante na Constituinte e foram ganhando espaço desde então. Mas, a
partir do primeiro mandato do ex-presidente Lula, os evangélicos que, de modo
geral, apresentavam-se como minoria em termos percentuais e mesmo do seu lugar
na agenda pública, crescem. ... No nosso livro que será lançado, o pastor
Everaldo falou claramente na estratégia de assumir a 'cabeça', falou exatamente
a palavra 'cabeça', em uma referência à importância da ocupação da Presidência,
que é por onde passa a indicação para o Supremo Tribunal Federal.
A gente acompanha o crescimento
de mobilização de juízes evangélicos ou sensíveis à causa evangélica na
Associação de Juristas Evangélicos, que se espelha na Associação de Juristas
Católicos, da qual Ives Gandra Martins é o grande representante.”
De repente, a entrevistadora faz uma pergunta ainda mais
assustadora:
“As igrejas
aumentam a sua influência inclusive entre o crime organizado, e políticos
ligados a milícias declararam apoio a Crivella. Até onde vão as concessões de
evangélicos nas negociações políticas?”
A resposta de Christina Vital: “Tem de ter pragmatismo,
porque o universo político demanda aliança, negociação com diferentes
segmentos. E aí não dá para ser uma coisa só intrarreligiosa.”
É mesmo de assustar. A mistura de política e religião
nunca foi recomendável, porém as coisas estão mudando rapidamente no Brasil do
século XXI, infelizmente para pior. Não se trata apenas de uma guinada para a
extrema direita, mas sim um caminho para o fundamentalismo religioso. Que os
deuses nos livrem disso.