domingo, 9 de setembro de 2018

Resumo da solidão


Encostou-se no balcão, pediu duas doses duplas de uísque, virou os dois copos, foi-se embora sem dizer palavra.

Benzinho, o óbvio



Quando vou o cinema não desejo ver apenas o óbvio. Preciso de algo mais para sonhar.
            Benzinho, filme dirigido por Gustavo Pizzi (2018), mostra o óbvio, aquilo que estamos acostumados a ver em nosso cotidiano, nada mais do que isso. Uma família brasileira atrapalhada com o filho mais velho que vai jogar handebol na Alemanha.
            Marido, mulher e quatro filhos, os mais novos são gêmeos ainda pequenos, moram numa casa em que a porta da frente não abre e eles precisam entrar pela janela, caricatura barata da miséria em que vive grande parte da sociedade brasileira. Mais uma vez, o óbvio.
            Salva-se alguma coisa? Sim, a magnífica interpretação da protagonista, a mãe que se desdobra para tentar colocar alguma ordem no caos familiar. Trata-se de Karine Teles, natural de Petrópolis, atriz, roteirista, produtora, e que ficou conhecida por sua participação em Que horas ela volta? Seu desempenho é digno de figurar entre os melhores do cinema nacional.
            Registro, para encerrar, o opinião de Mario Sergio Conti – crítico respeitado – sobre o filme para a Folha (8 set 1018): “A novidade é “Benzinho”, de Gustavo Pizzi. É um melodrama convencional e despolitizado. Mas ao menos fala de uma família de classe média que peleja para não afundar junto com o Brasil.”


Karine Teles