segunda-feira, 17 de julho de 2017

No fundo do mar

A foto do dia


Na Grande Barreira de Corais!


Foto: Paula Vianna, jul 2017, Austrália

Olimpíada Internacional de Matemática

Começa nesta segunda-feira (17) a 58ª edição da Olimpíada Internacional de Matemática (IMO, na sigla em inglês). Pela primeira vez será realizada no Brasil, no Rio de Janeiro. Vão se reunir 623 estudantes do ensino médio de 111 países. A competição termina no próximo domingo.



Os estudantes brasileiros George Lucas Diniz Alencar, Bruno Brasil Meinhart, Pedro Henrique Sacramento de Oliveira, João César Campos Vargas, André Yuji Hisatsuga, Davi Cavalcanti Sena


Foto: Divulgação/ Impa

Paterson e a Atenção




Parece que o consumidor está trocando a leitura em meios eletrônicos pelo bom e velho papel, sugerindo a consolidação do movimento "slow media". “Se o "slow food" buscou restaurar o prazer de comer sem pressa e reabilitar o interesse pela origem dos alimentos, o "slow media" pretende provocar o mesmo efeito na dieta de informação.” 
É o que afirma Ronaldo Lemos, no longo texto “Sereias digitais, vício em tecnologia e dicas para um uso saudável da internet”, para a Ilustríssima de ontem (Folha de S.Paulo).
            Lemos informa que Tristan Harris, jovem designer americano, busca promover o uso mais saudável da internet; para tanto fundou uma organização sem fins lucrativos chamada Time Well Spent (tempo bem empregado). Sua intenção é "ajudar as pessoas a libertar suas mentes do sequestro promovido pela tecnologia".
            Li, pois, nesta fria e ventosa manhã de domingo, com grande interesse, o bom artigo de Ronaldo Lemos, alarmado com certos números: 6% da população mundial já estão viciados em Internet, o que pode requerer tratamento específico, em clínicas de reabilitação. (Em tempo, apenas 50% da população mundial têm acesso à Internet.) Segundo Tim Wu, professor da Universidade Columbia, em seu livro mais recente The Attention Merchants: The Epic Scramble to Get Inside Our Heads (Os mercadores da atenção: a luta épica para entrar dentro de nossas cabeças), “há uma nova e insólita fronteira do capitalismo: a atenção humana, disputada até nas frações mais ínfimas”.
            Passei o resto do dia pensando na ideia de atenção, em tudo o que nos chama a atenção, naquilo em que não prestamos atenção nenhuma, quanto do nosso tempo é desperdiçado com coisas que não deveriam merecer atenção, ou com aquelas para as quais deveríamos estar atentos e deixamos passar, a cabeça cheia de dúvidas, muitas perguntas, poucas respostas.
            À noite – que coincidência! – assistimos Paterson, com roteiro e direção de Jim Jarmusch (2017), filme premiadíssimo em Cannes, Palma de Ouro, melhor diretor, Prêmio do Júri, etc.
            Paterson é o nome de uma pequena cidade em Nova Jersey e também do protagonista (Adam Driver), motorista de ônibus, casado com uma linda-mulher-doidinha-de-tudo (Golshifteh Farahani). Paterson é também poeta, o que faz toda a diferença para o desenrolar da história. Ah!, há também um buldogue, personagem fundamental, o simpático Marvin.
            Paterson não tem celular! Ele é o que comumente chamamos de desligado, concentrado apenas na poesia dele. A história começa numa segunda-feira e termina uma semana depois, mas parece que dura pelo menos um ano, tão devagar e repetitivos transcorrem os fatos. A atenção de Paterson – ou o que de fato lhe interessa na vida – está voltada apenas para a poesia. (Isso é realmente extraordinário: um filme sobre poesia!)
            (Detalhe que penso não vai estragar o filme, para quem ainda não o viu: os poemas apresentados no filme são de Ron Padgett, um dos poetas contemporâneos preferidos de Jim Jarmusch. Além de permitir que o diretor usasse alguns dos seus poemas antigos, o autor também escreveu novos poemas especialmente para o longa. Isso me parece inédito na história do cinema!)
            O casal é amoroso, o filme é delicado, o cão é dedicado, a vida passa devagar, uma homenagem à poesia e à simplicidade das coisas. E nós, os expectadores, prestamos atenção em quê?