terça-feira, 15 de março de 2022

Nunca tive jeito para imitar caligrafias...

100 anos de José Saramago 


"Nunca tive jeito para imitar caligrafias, mas farei o melhor que puder, Tem cuidado, vigia-te, quando uma pessoa começa a falsear nunca se sabe até onde chegará, Falsear não seria o termo exacto, falsificar era o que deves ter querido dizer, Obrigado pela rectificação, meu querido Máximo, o que eu estava era a manifestar apenas o desejo de que houvesse uma palavra capaz de exprimir, por si só, o sentido daquelas duas, De ciência minha, uma palavra que em si reúna e funda o falsear e o falsificar, não existe, Se o acto existe, também deveria existir a palavra, As que temos encontram-se nos dicionários, Todos os dicionários juntos não contêm nem metade dos termos de que precisaríamos para nos entendermos uns aos outros."



José Saramago

O Homem Duplicado

 

https://blimunda.josesaramago.org/o-homem-duplicado/

 

 

Charles Darwin no Rio de Janeiro



 

O navio inglês H.M.S. Beagle zarpou da Inglaterra em dezembro

de 1831 e dois meses depois chegou a Salvador

 


 



Encantado com a natureza e indignado com a corrupção: o que Charles Darwin achou do Brasil do século 19. Texto original de André Bernardo, do Rio de Janeiro para a BBC News Brasil (23 nov 2019), adaptado para o blog.

      Darwin chegou a Salvador (BA) em 28 de fevereiro de 1832, onde permaneceu por 18 dias. "Luxuriante" foi um dos adjetivos que usou para descrever a paisagem local. 

De Salvador seguiu para o Rio de Janeiro, aonde chegou no dia 4 de abril, passando 93 dias na cidade, residindo em Botafogo, aos pés do Corcovado. 

Logo de início, fez críticas à burocracia local: "Nunca é agradável submeter-se à insolência de homens de escritório, mas aos brasileiros, que são tão desprezíveis mentalmente quanto são miseráveis as suas pessoas, é quase intolerável.” 

“A cavalo, Darwin e uma comitiva de seis homens empreenderam uma viagem de 16 dias, entre 8 e 24 de abril, até Conceição de Macabu, a 227 km da capital. De maneira geral, a impressão deixada pelos donos de pousada não foi das melhores. Alguns demoravam até duas horas para servir a refeição. "A comida estará pronta quando estiver", respondiam os mais atrevidos. Outros, sequer, tinham garfos, facas ou colheres para oferecer. 

“Na Fazenda Campos Novos, em Cabo Frio, os viajantes deram pela falta de uma bolsa com alguns de seus pertences. "Por que não cuidam do que levam?", retrucou o hospedeiro, mal-humorado. "Talvez tenha sido comida pelos cachorros". 

“Em sua travessia pelo norte fluminense, Darwin deparou-se também com os horrores da escravidão. Dois episódios lhe marcaram profundamente. Um deles aconteceu na Fazenda Itaocaia, em Maricá, a 60 km do Rio, no dia 8 de abril, quando um grupo de caçadores saiu no encalço de alguns escravos. A certa altura, os foragidos se viram encurralados em um precipício. Uma escrava, de certa idade, preferiu atirar-se no abismo a ser capturada pelo capitão do mato. "Praticado por uma matrona romana, esse ato seria interpretado como amor à liberdade", relatou Darwin. "Mas, vindo de uma negra pobre, disseram que tudo não passou de um gesto bruto". 

“O outro episódio ocorreu na Fazenda Sossego, em Conceição de Macabu, no dia 18. Um capataz ameaçou separar 30 famílias de escravos e, em seguida, vendê-los separadamente como forma de punição. Darwin ficou tão indignado com a cena que a descreveu como "infame". 

“Não bastassem os maus-tratos aos escravos, Darwin também se escandalizou com a corrupção. No dia 3 de julho, chegou a rotular os brasileiros de "ignorantes", "covardes" e "indolentes". "Até onde posso julgar, possuem apenas uma fração daquelas qualidades que dão dignidade ao homem", queixou-se. "Não importa o tamanho das acusações que possam existir contra um homem de posses, é seguro que, em pouco tempo, ele estará livre. Todos aqui podem ser subornados." 

Em 5 de julho de 1832 a expedição seguiu para o Uruguai e depois Argentina. Em setembro de 1835, chegou às Ilhas Galápagos, no Oceano Pacífico, o ponto mais famoso da viagem. 

Bernardo afirma: “Apesar de agnóstico, Darwin deu "graças a Deus" por estar, finalmente, deixando as costas do Brasil. "Espero nunca mais visitar um país de escravos", escreveu no dia 19 de agosto. O Beagle retornou à Inglaterra no dia 2 de outubro de 1836. Vinte e três anos depois, em 24 de novembro de 1859, seu tripulante mais ilustre publicaria A Origem das Espécies.” 


Nos envergonha, o que Darwin viu do povo brasileiro.

 

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-50467782

 

Uma leitura urgente

Imagem & microconto



Encontrou o livro na prateleira mais baixa. Iniciou a tão almejada leitura, antes mesmo de readquirir forças para se por de pé.



Foto de autor desconhecido.


 

Ainda mais?

Segunda charge do dia 


André Dahmer

Guernica

Meus quadros favoritos 


Pablo Picasso

Esta obra já foi mostrada no blog, como uma das minhas preferidas. No entanto, o momento é mais que apropriado para que retorne. O homem não aprende.

Poder escolher

 

Manifestante segura faixa com inscrição 'Poder Escolher',

após a Corte Constitucional da Colômbia aprovar a

descriminalização do aborto/Luisa Gonzalez (21 fev 2022) Reuters

 


 

Cristina Serra, paraense, jornalista e escritora, publicou hoje: 'Tire o seu rosário do meu ovário!' As condições que permitem aborto no Brasil não dão conta da nossa realidade (14 mar 2022). 

“O discurso do PGR, recendendo a bolor e ranço machista, ignora o direito de escolha que realmente nos interessa: a autonomia sobre nossos corpos para decidir quando e como ser mãe. Nesse sentido, o Brasil está na contramão de importantes vizinhos. A chamada "maré verde" começou com a Argentina (2020) e expandiu-se com o México (2021) e a Colômbia(fevereiro de 2022).”

“As instituições desses países deixaram de considerar o aborto crime, em diferentes fases da gestação, dando às mulheres condições de interromper a gravidez de forma segura, no sistema público de saúde, não sozinhas e desesperadas em clínicas clandestinas, onde muitas encontram a morte. No Brasil, o aborto só é permitido em caso de estupro, risco à vida da mãe e quando o feto não tem cérebro (anencéfalo). São condições que não dão conta da nossa realidade.”

A mescla, proposital e nefasta, entre política e religião, estimulada por Bolsonaro e sua base fundamentalista e argentária, contamina o debate e trava qualquer avanço legislativo que nos permita escapar do risco de prisão, sequelas ou morte diante de uma gravidez indesejada. É por isso que temos que continuar a gritar alto e bom som: "Tirem os seus rosários dos nossos ovários!".

 

Eu, pessoalmente, gostei muito da última frase!

 

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/cristina-serra/2022/03/tire-o-seu-rosario-do-meu-ovario.shtml

 

Protesto corajoso

A foto do dia 


Funcionária da TV faz protesto contra a guerra,
no principal telejornal russo

Bom conselheiro!

Charge do dia 



Beto