sábado, 25 de fevereiro de 2017

Moonlight



            Moonlight, o filme dirigido por Barry Jenkins, que também assina o roteiro, é autobiográfico, segundo o próprio diretor.
            Chiron, chamado pelos colegas de Litlle (Pequeno), é vítima de abandono afetivo durante toda a infância. Ele tem uma “mãe morta”, na concepção de André Green, psicanalista francês nascido no Cairo (1927-1912). A mãe, prostituta e viciada em crack (Naomie Harris, com ótima atuação), oferece a Chiron o que há de pior para uma criança: a falta de afeto. (Se esta mãe viesse a morrer, provavelmente o menino teria um destino melhor, seria adotado por Teresa, que às vezes faz o papel de mãe. Isso pode ocorrer na vida real.)
            Pai, Chiron nunca teve. Até que surge John (o excelente ator Mahershala Ali), um traficante de crack que se impressiona (chega a se emocionar em certo momento) com a apatia e mutismo do garoto, e faz as vezes de pai.
            Esta é apenas a introdução para o que virá depois!
            Chiron adolescente e adulto revela as consequências daquela infância traumática, pobre em afeto: um homem triste perdido no mundo.
            No entanto, o filme que parece igualmente pobre pela descrição que apresento até aqui, torna-se extremamente rico, pleno de sensibilidade, originalíssimo, com a introdução da sexualidade como elemento fundamental na vida de Chiron. O tema não tem sido tratado no cinema entre os negros.
            Um grande filme, para ser visto, revisto, e discutido com que gosta de cinema. (Recebeu 8 indicações para o Oscar, o que não tem a menor importância.)