quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Roma, o filme de Cuarón




A Netflix entrou definitivamente para o primeiro mundo cinematográfico e de forma brilhante com a produção de Roma, com roteiro, fotografia, direção, tudo realizado por Alfonso Cuarón.
O tema central lembra o bom filme brasileiro, “Que horas ela volta?”, de Anna Muylaert; ambos tratam da relação entre patrões e empregados domésticos em famílias de classe média. Roma se passa na Cidade do México, nos anos 70, em um bairro com esse nome, onde Cuarón cresceu. 
Yalitza Aparicio, a mulher que interpreta o papel principal, o de empregada da família, nunca havia trabalhado como atriz, e talvez ganhe uma indicação para o Oscar. O filme é dedicado à doméstica que criou o diretor na vida real, e que inspirou a personagem Cleo. Roma ganhou o Leão de Ouro em Veneza, está indicado em várias categorias do Globo de Ouro.
O depoimento de Cuarón a Luiz Carlos Merten, para O Estado de S.Paulo (26 dez 2018) é bastante elucidativo: “É meu filme mais pessoal. Tem muito de autobiográfico, também, e eu tenho a impressão de que toda a minha vida e carreira foi uma preparação para chegar aqui. A partir de um momento, dei-me conta de que tinha de contar essa história, liberar-me dos meus fantasmas. Mas tanto quanto o filme era necessário para mim, eu duvidava que pudesse interessar aos outros. Cheguei a comentar com meu irmão que muito provavelmente ninguém iria vê-lo. Foi realmente uma grande surpresa, uma catarse, receber aquela ovação em Veneza. E, logo em seguida, o Leão. Meu filme mais pessoal tocou as pessoas, tornou-se universal, e isso não tem preço. É uma coisa que me emociona profundamente.” 
            Crítico de cinema famoso escreveu que “o filme nunca emociona”. Suponho que ele tenha dormido durante a projeção; de fato o início é arrastado, monótono, nada acontece, como acontece com a vida das domésticas, arrastada, monótona, onde nada acontece. Mas a história vai ganhando dramaticidade e culmina com cena das crianças em uma praia, de arrepiar.
            Cinco estrelas, com o bonequinho aplaudindo de pé! E o melhor, a gente vê em casa.