quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Metade




Construí  minha casa pela metade.
Paredes de metro e meio,
as portas sem fechadura,
escadas sem corrimão.
A mesa não tem cadeiras,
o prato não tem talher.
Há no quintal meia horta
e meia lua no céu.
Nessa casa de meeiro
habita pela metade
metade do meu desejo,
as minhas meias palavras.
Só permanece o meu sonho,
inteiro, inteiro, inteiro.

                       Paulo Sergio Viana

Reproduzo no Louco por cachorros o que penso ser um dos mais belos poemas que já li,
de autoria do poeta Paulo Sergio, meu irmão.



Incontro per le scale, de Adriano Cecioni

À minha querida Gabriela.




Adriano Cecioni (1836 – 1886): escultor, pintor e crítico de arte nascido em Florença, associou-se ao grupo dos macchiaioli, representando cenas domésticas como a que se vê nesta escultura, que se encontra no Palazzo Piti, em Florença.

Foto: A. Vianna, Florença, set. 2014.

acácia imperial



esplêndida acácia
indiferente ao calor
reina majestosa

Foto: A.Vianna, nosso jardim, out. 2014. 

Viagem à Terra de Brunellos

            O viajante parte bem cedo de Florença, em direção a Montalcino. Passa por Siena, toma uma estrada vicinal asfaltada, cruza com pequenos povoados, nem isso, são apenas algumas casas de proprietários de terras cultivadas, vinhedos melhor dizendo, há só vinhedos por toda parte, a cobrir pequenas ondulações de terreno, morretes, até que chega à estradinha de terra, e é quando o viajante se dá conta do cascalho sobre o qual está rodando, o mesmo onde estão assentados os vinhedos. Terra ruim, é o que parece, pedregosa e dura, mas que produz um dos melhores vinhos do mundo, o Brunello, a partir do cultivo da uva sangiovese. Terroir raríssimo, diriam os entendidos.



A placa indica que chegamos ao nosso destino, a vinícola Donatelli Cinelli Colombini.



Somos recebidos por Violante, a bonita jovem dona da vinícola. São todas mulheres as seis ou sete proprietárias, uma nova e promissora tendência na Itália de hoje, ao menos na região da Toscana.




Somos logo introduzidos à cave onde repousam os barris de carvalho francês, caríssimos, contendo as iguarias, se é que a palavra aplica-se também a líquidos, especialmente aos vinhos. São Rossos e Brunellos que aqui repousam, são iguarias portanto!

          Em seguida visitamos os grandes toneis de aço, onde se processa a fermentação da uva.
          A casa – melhor que a chamássemos de sede – onde repousam os toneis também serve de residência a Violante, nossa amiga e paciente instrutora. Data de 1500, a construção, somos informados! É belíssima em sua robustez, muito bem proporcionada, com um interior aconchegante, amplo salão, onde são realizadas as degustações.







            Violante nos ofereceu os vinhos da casa, o Rosso, o Brunello di Montalcino Prime Donne e o maravilhoso Brunello reserva.
            Experiência inesquecível!