sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Fotoabstração N.16





Anel de Giges


Stálin tira um, tira dois, tira três camaradas até sair bonito na foto.


O artigo assinado por Vinícius De Bragança Müller Oliveira, doutor em História Econômica pela USP e professor do Insper, (4 Setembro 2017) traz um título altamente sugestivo e provocante: Por que não derrubar o Cristo Redentor?
Oliveira trata de como devemos analisar a História, reveladora de algumas passagens verdadeiramente vergonhosas. Ele responde com brilhantismo:

“A História não se apaga, se estuda. Se alguém não pode compreendê-la e só sabe usá-la em seus julgamentos, o erro é dele, não meu. As contradições e equívocos devem ser vistos, não tornados invisíveis. E são as contradições que movimentam a História. A linearidade é matemática. Ou é censura. História é transparência.”

            O autor utiliza a alegoria descrita por Platão, O Anel de Giges, que dependendo da posição no dedo, é capaz de tornar o sujeito invisível.  A questão que surge é se quando invisíveis, fazemos aquilo que se estivéssemos sendo vistos não faríamos. Em outras palavras, “quando colocamos o anel ou a capa da invisibilidade, tomamos atitudes contrárias àquilo que defendemos publicamente”.
            O tema não poderia ser mais atual!
Embora Oliveira privilegie o olhar que devemos ter para a História, nada nos impede de perguntar:
– Quanto tempo leva um político de projeção, ocupante de cargos de Ministro de Estado, acobertado pela invisibilidade, para encher malas e mais malas de dinheiro sujo?
– Quanto tempo leva o saquear continuado de uma grande empresa por saqueadores profissionais, portadores do Anel de Giges?
– Quanto tempo leva um ou mais partidos políticos para ludibriarem seus eleitores com propaganda enganosa, enquanto saqueiam?
– Por quanto tempo ainda o povo será mantido na ignorância, que perpetua a cegueira, pela precária educação que lhe é oferecida?
            Parece-me interessante associar a invisibilidade dos corruptos com a cegueira dos que são saqueados! A raposa é indicada para tomar conta do galinheiro, mas o dono do galinheiro não a vê como raposa. E nem é preciso um anel para estabelecer a cegueira.
Afirma Oliveira que “a transparência seria um antídoto ou um freio ao risco moral”. A imprensa livre tem a capacidade de tornar visíveis aqueles que se escondem, na garantia da impunidade que o Anel lhes dá.
            Enfim, Platão sempre atual!




Eeeeeeeu?!

Política sem palavras



Foto: Pedro Ladeira / Folhapress