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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Três vezes Pietà

As três versões da 'Pietà' de Michelangelo são exibidas juntas pela primeira vez (Gildas Le Roux, AFP, para O Estado de S. Paulo, 23 fev 2022).

 

 


A ‘Pietà do Vaticano’, como ficou conhecida a obra de Michelangelo Foto: Jennifer Lorenzini/ Reuters

 

 


'Pietà Rondanini', escultura de Michelangelo, do museu do Castelo Sforzesco em Milão Foto: Jennifer Lorenzini/ Reuters

 

 

‘Pietà Florentina’ ou ‘Bandini’, obra de Michelangelo, do museu Duomo de Florença Foto: Jennifer Lorenzini/ Reuters

 

 

“A Pietà de Michelangelo, escultura de mármore que simboliza o amor maternal admirada em todo o mundo na Basílica de São Pedro, no Vaticano, ofuscou duas outras versões comoventes do mesmo tema esculpidas pelo gênio renascentista. 

Por esta razão, o museu Duomo de Florença, a catedral, proprietária da chamada Pietà Florentina ou Bandini, que acaba de ser restaurada, decidiu expor as três obras juntas pela primeira vez, graças a empréstimos feitos pelo Museus do Vaticano e o museu do Castelo Sforzesco em Milão, onde está localizada a chamada Pietà Rondanini."

 



As três versões da 'Pietà' feitas por Michelangelo juntas em exposição em Florença - a 'Bandini', a do 'Vaticano' e a 'Rondanini' Foto: Jennifer Lorenzini/ Reuters

 

 

"Instaladas uma em frente a outra, em uma elegante sala cinzenta, essas variações sobre o mesmo tema (Maria abraçando seu filho falecido), foram realizadas em diferentes fases da vida do artista, que morreu aos 88 anos (1475-1564)." 

 

 

https://cultura.estadao.com.br/noticias/artes,as-tres-versoes-da-pieta-de-michelangelo-sao-exibidas-juntas-pela-primeira-vez,70003988640

 

 

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Cavaleiro com elmo coríntio



 
Bronze originário da Grécia, 560-550 a.C. 
(British Museum)

“E se, observando as origens da arte, chegarmos a conhecer a sua função inicial, não verificaremos também que essa função inicial se modificou e que novas funções passaram a existir?”

 

                        Ernest Fischer, A necessidade da arte

                        Zahar Editores, 1983 (p.12)

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Um simples peso

 


Este peso (stoneweight, em inglês), esculpido em hematita, na forma de um gafanhoto, foi feito entre 1800 e 1700 AC, na Babilônia.

Alguém dirá que isso não é uma obra de arte?

 

stone é uma unidade de massa usada somente no sistema imperial do Reino Unido, embora usada também por outros países da Commonwealth. É igual a 14 libras, ou seja 6,35029318 quilogramas, a que corresponde o peso aproximado de 62,3 newtons. Se abrevia st, e suas equivalências são:

O "stone" foi usado historicamente para pesar os artigos agrícolas. Por exemplo: vendiam-se as batatas tradicionalmente em stones e meios stones (14 libras e 7 libras respetivamente). Historicamente o número de libras num "stone" variou por causa do artigo a ser medido, pois não era o mesmo em todas as vezes e lugares. 

O "stone" também demonstra uma certa quantidade ou peso de alguns artigos. Um "stone" de carne, em Londres, é igual a oito libras; em Hertfordshire, doze libras; na Escócia, dezesseis libras.

Se os ingleses podem complicar, eles complicam mesmo!

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Stone_(massa)

 

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Retrospectiva de Tunga

 “Retrospectiva de Tunga resume toda sua carreira em 300 obras. Itaú Cultural se une ao Instituto Tomie Ohtake na mostra que será aberta no sábado com desenhos, esboços, esculturas e raridades.” (Antonio Gonçalves Filho para O Estado de S.Paulo, hoje.)

 

‘From La Voie Umide’, de 2014

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

 

 

‘Morfológica’, o corpo como modelo

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

 

 

Metais e ímãs marcam a obra de Tunga

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

 

 

https://cultura.estadao.com.br/noticias/artes,retrospectiva-de-tunga-resume-toda-sua-carreira-em-300-obras,70003920744

 

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Queimar Bernini?



O Rapto de Proserpina', de Bernini 
Foto: Galeria Borghese

 

Devemos queimar estátuas de Bernini? Quem pergunta é Leandro Karnal, em sua crônica de hoje para O Estado de S.Paulo (6 out 2021). 

Ele inicia falando da Galeria Borghese, em Roma, um palácio do século 17 construído para o cardeal Scipione Caffarelli-Borghese, onde se acumulam 

esculturas de Bernini (1598-1680), o genial napolitano que, “junto a Michelangelo e Rodin, forma uma das trindades sagradas dessa arte”. 

            Descreve Karnal: “O deus do mundo infernal raptou a bela Prosérpina (chamada de Perséfone pelos gregos). A estátua de Bernini mostra o momento em que ele acabou de emergir das profundezas e pegou a divindade feminina à força. As mãos do deus estão enterradas na coxa da pobre abduzida e fazem tanta pressão que o escultor mostra os dedos afundados no mármore como se fossem carne macia. Maravilha da técnica!”

Outra escultura: “Apolo persegue uma ninfa, Dafne, já que foi atingido pela seta do amor de Cupido. O filho de Zeus tenta agarrá-la à força. Ela roga ao pai, o deus-rio Peneu, que mude sua forma, transformando-a em uma árvore, um loureiro.” 

Karnal prossegue: “...as duas esculturas maravilhosas são cenas de um assédio, de uma tentativa de sexo forçado e de rapto. Foram esculpidas por um homem e voltadas a um público dominante masculino. São obras impactantes em mármore que destacam um ato, aqui, petrificado: os homens, mais fortes e ágeis, pegam à força aquilo que as mulheres recusam.” 

“Os valores, felizmente, mudam. As estátuas, hoje, seriam consideradas apologia ao estupro. Esculpidas por alguém no século 21, seriam atacadas. Continuam sendo obras-primas de outra época. O mundo mudou. A memória contida nas obras de Bernini deveria ser eliminada? Os jovens que passeiam pelas galerias e contemplam as peças ficariam tomados de ideias perversas de violência contra mulheres?”

Karnal conclui: “Toda obra de arte traz o espelho de uma sociedade. Ela é uma criação e, ao mesmo tempo, um documento. ...Eliminar documentos é algo inquisitorial, um gesto de poder.”

 

Embora este assunto tenha saído das primeiras páginas dos jornais, vez ou outra volta à baila. Sou visceralmente contra a destruição de monumentos, tenho defendido esta ideia no blog, mas não havia pensado no magnífico argumento agora lançado por Karnal. A Galeria Borghese é um dos lugares mais lindos que se pode visitar no mundo e, de fato, as esculturas de Bernini são o ponto alto do museu. Queimá-las? Nem pensar!

 

 

https://cultura.estadao.com.br/colunas/leandro-karnal

 

terça-feira, 17 de agosto de 2021

Rei Arthur

Escultura


Rubin Eynon, 2016

"Gallos", escultura em bronze de Rubin Eynon, de 2016, fixada em Tintagel, na Cornualha, Inglaterra. A escultura remete ao lendário Rei Arthur que teria sido concebido na fortaleza de Tintagel.


Pois lembrou-me a aparição do Fantasma no início de Hamlet!

segunda-feira, 7 de junho de 2021

Bactérias restauram Michelangelo



A sacristia após o processo de restauração 
da Capela Médici Giovanni Cipriano/NYT

 


 

Donata Magrini, Anna Rosa Sprocati, Daniela Manna, Paola D'Agostino, Monica Bietti e Marina Vincenti (da esq. para dir.), da equipe, formada exclusivamente por mulheres, que usou bactérias para limpar obras de Michelangelo - Gianni Cipriano/NYT

 

 

“Michelangelo ganha limpeza realizada por uma salada bacteriana em Florença – Micróbios são usados no processo de retirada de resíduos nas obras do renascentista na Capela Médici”. Esta a manchete da reportagem de Jason Horowitz, de Florença, para The New York Times, com tradução de Paulo Migliacci, publicada hoje na Folha de S.Paulo.

“Já em 1595, descrições de manchas e descolorações começaram a aparecer em relatos sobre um sarcófago na graciosa capela que Michelangelo criou como repouso final para os membros da família Médici. Nos séculos seguintes, o gesso usado para copiar incessantemente as obras-primas que ele esculpiu por sobre as tumbas deixou resíduos que causaram descoloração. As paredes brancas e ornadas que ele concebeu perderam o brilho.”

“Enquanto o vírus se espalhava lá fora, restauradores e cientistas discretamente colocaram em ação micróbios dotados de bom gosto e incrível apetite, espalhando-os sobre o mármore e transformando a capela deliberadamente em uma salada bacteriana.”

“Foi tudo feito em segredo”, disse Daniela Manna, uma das restauradoras, que atribui a sujeira a Alessandro Médici, que governou Florença, morreu assassinado e teve seu corpo sepultado no sarcófago sem ser devidamente eviscerado. Ao longo dos séculos, os resíduos que seu corpo produziu vazaram para o mármore de Michelangelo, criando manchas profundas, e mais recentemente oferecendo um banquete ao produto de limpeza preferido na capela, uma bactéria chamada Serratia, a SH7."

“Anna Rosa Sprocati, bióloga da Agência Nacional Italiana de Novas Tecnologias, escolheu a bactéria mais adequada entre as quase mil variedades disponíveis, usadas mais frequentemente para romper moléculas de petróleo em casos de derramamento ou reduzir a toxicidade de metais pesados. Algumas das bactérias disponíveis em seu laboratório comiam fosfatos e proteínas, mas também o mármore de Carrara preferido por Michelangelo, e não foram selecionadas.”

"Em seguida a equipe de restauração testou as oito variantes mais promissoras, atrás do altar, em uma pequena palheta retangular sobre a qual foram pintadas fileiras de quadrados, como uma cartela de bingo. Todas as bactérias selecionadas para teste são inofensivas para seres humanos e não têm esporos."

 

 

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2021/06/michelangelo-ganha-limpeza-realizada-por-uma-salada-bacteriana-em-florenca.shtml

 

 

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

sábado, 24 de outubro de 2020

Perseu e Medusa, Medusa e Perseu


 


Medusa com a cabeça de Perseu,

obra do artista argentino Luciano Garbati

Jeenah Moon/The New York Times

 

“Estátua de Medusa pelada e sexy é abraçada e atacada pelo MeToo em Nova York”, informa a reportagem de Julia Jacobs para The New York Times (14.out.2020).

Luciano Garbati fez a escultura de Medusa segurando a cabeça de Perseu sem preocupar-se com ideias feministas; realizou apenas genial inversão do antigo mito. A obra é de 2008, bem antes do MeToo, e as discussões sobre gênero que despertou não interessam para esta crônica.

Garbati inspirou-se em escultura em bronze do século 16, “Perseu com a Cabeça de Medusa”, de Benvenuto Cellini. 

 



Perseu com a cabeça de Medusa

Benvenuto Cellini

esculpida entre 1545 e 1554

 

Num golpe de mestre, ele inverteu o papel dos agentes, contando “a história da perspectiva de Medusa – escultura com mais de 2 m de altura – e revelando a mulher por trás do monstro”, exposta na calçada oposta ao tribunal criminal da rua Centre, ao sul de Manhattan.

Acrescenta Julia Jacobs: “Em sua inscrição no programa "Art in the Parks", que revisa propostas para obras de arte em instalações públicas como a da estátua, Garbati apontou para o fato de que Medusa foi estuprada por Poseidon no templo de Atena, de acordo com o mito. Como punição, Atena volta seu rancor contra Medusa e transforma seus cabelos em serpentes. A inscrição afirmava que a história “comunicou às mulheres por milênios que, caso fossem estupradas, a culpa seria delas”.

         “Desestabilizar a narrativa usualmente feita sob uma lente patriarcal é o verdadeiro poder da obra”, afirmou Garbati. “Isso faz com que as pessoas parem para pensar.”

          E parar para pensar é uma das inúmeras funções da Arte.

 

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2020/10/estatua-de-medusa-pelada-e-sexy-e-abracada-e-atacada-pelo-metoo-em-nova-york.shtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=twfolha

 

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Ámon, em ouro maciço

Minhas esculturas favoritas



Ámon (Amon ou Amun): deus da mitologia egípcia.

“Seu nome significa "O oculto", uma vez que originalmente era a personificação dos ventos. 
Durante o Antigo e o Médio Império Amon existiu como uma divindade extremamente local e pouco importante.  Adorado em Tebas (uma cidade distante dos grandes centros de poder localizados em Mênfis, Heliópolis e Abidos), Amon provavelmente dividia sua mitologia com mais sete deuses locais. 
Com a fundação da XVIII dinastia e o despontar do Novo Império, Amon muda completamente de status. De origem tebana, os faraós da XVIII dinastia deslocaram definitivamente o eixo do poder para o Alto Egito, fazendo de Tebas sua capital. Magicamente, Amon converte-se no deus do Império, propiciador da vitória nas batalhas e pai de todos os demais deuses do panteão. Como que para legitimar esta mudança de funções divinas, Amon é relacionado a Rá, o mais antigo dentre os deuses que um dia foram adorados como criador da vida e pai de todos os deuses. Sob o nome de Amon-Rá, Amon passa a ser reverenciado sob aspectos criadores e solares. Embora seu nome continue significando O Oculto ou O Escondido, escasseiam as referências de Amon como personificação dos ventos.”

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Nu frontal


Ainda sobre nossa visita à exposição"50 anos de Realismo - do Fotorrealismo à Realidade Virtual"no CCBB de Brasília.
            A certa altura da visita, eu e meu amigo Sergio observamos, por tempo relativamente longo, cena que nos chamou a atenção. A escultura hiper-realista, intitulada Christine (2011), de autoria de John Deandrea (1941), mostrava uma mulher nua. Nos colocamos de frente para a face anterior do corpo e vimos que cinco adolescentes permaneciam observando – e conversavam animadamente sobre o que viam –, apenas a parte posterior da escultura. Do que riam? De que tanto falavam? Jamais saberemos.
            O que nos intrigou foi o fato de permanecerem olhando para a face posterior do corpo. Parece que evitavam propositalmente a visão do nu frontal. Adolescentes envergonhadas?



segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Histórias Afro-Atlânticas no MASP



O Instituto Tomie Ohtake e o MASP, duas importantes instituições culturais de São Paulo, juntam-se para criar a belíssima exposição “Histórias Afro-Atlânticas”. São curadores da mostra Adriano Pedrosa, Lilia Schwarcz, Ayrson Heráclito, Hélio Menezes e Tomás Toledo, gente da mais alta qualificação cultural.
            Estão expostas cerca de 400 obras de mais de 200 artistas, tanto do acervo do MASP, quanto de coleções brasileiras e internacionais, incluindo desenhos, pinturas, esculturas, filmes, vídeos, instalações e fotografias, além de documentos e publicações, de arte africana, europeia, latino e norte-americana, caribenha, entre outras. 
“Os empréstimos foram cedidos por algumas das principais coleções particulares, museus e instituições culturais do mundo. Entre elas, destacam-se: Metropolitan Museum, Nova York, J. Paul Getty Museum, Los Angeles, National Gallery of Art, Washington, Menil Collection, Houston, Galleria degli Uffizi, Florença, Musée du quai Branly, Paris, National Portrait Gallery, Londres, Victoria and Albert Museum, Londres, National Gallery of Denmark (SMK), Copenhague, Museo Nacional de Bellas Artes de La Habana e National Gallery of Jamaica.” (O que nos dá a dimensão artística da exposição!)
            A exposição é composta de núcleos temáticos: no Instituto Tomie Ohtake estão Emancipações; Ativismos e resistências; e no MASP, Mapas e margens; Cotidiana; Ritos e Ritmos; Retratos; Modernismos afro-atlânticos; Rotas e transes: Áfricas, Jamaica, Bahia. 
“Histórias afro-atlânticas busca, assim, oferecer um panorama das múltiplas histórias possíveis acerca das trocas bilaterais – culturais, simbólicas, artísticas, etc. – representadas em imagens vindas da África, da Europa, das Américas e do Caribe.” 
O Brasil é um território chave nessas histórias, pois recebeu cerca de 40% dos africanos que, “ao longo de mais de 300 anos, foram tirados de seus países para serem escravizados desse lado do Atlântico (número correspondente ao dobro dos portugueses que se estabeleceram no país para colonizá-lo).”  
Vale lembrar que o Brasil foi o último país a abolir a escravidão, em 1888, por meio da Lei Áurea, que completa 130 anos em maio deste ano.
Exposição belíssima (até 21 de outubro), imperdível mesmo! 




Amnésia

Flávio Cerqueira

(tinta látex sobre bronze, 2015)

Foto: AVianna, ago 2018, S.Paulo





terça-feira, 7 de agosto de 2018

Bronze de Albert György




O bronze do romeno Albert György (1949-) encontra-se às margens do lago Genebra, na Suíça. A escultura recebeu o título de Melancolia (2012).
O homem está sentado num banco, a cabeça pendida, os braços cruzados sobre as coxas e os pés apoiados no chão. Há um enorme buraco ocupando o que deveria ser seu tronco. Não há espaço para o coração, pulmões e demais vísceras.
A escultura sugere o estado de melancolia, mas pode despertar ainda outros sentimentos.
Solidão.
          Pesadelo.
Vazio existencial.
          Homem sem Deus (para os que crêem).
Ausência de sentido da Vida.
Desinteresse pelo mundo.
          Fome.
Ausência de sentimentos.
Ansiedade, inquietação e medo.
Profunda desesperança.
Suicídio iminente.
          Olhando para a morte.
          Um homem morto.
          Sonho de Kafka.
Cada expectador haverá de sentir algo de muito pessoal diante dessa escultura.
Para concluir, mais uma vez está presente a dicotomia entre o Belo e a Arte; a escultura é impressionante, de uma força imensa, possibilitando incontáveis associações, porém dificilmente poderia ser chamada de bela, em meu ponto de vista. (Para alguns, é bela!) 
Gostaria muitíssimo de vê-la pessoalmente, para lhe perguntar Ei! você aí, com os pés no chão, o que pensa e sente?

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Cão de Giacometti



Cão

Grande exposição de obras de Alberto Giacometti no Guggenheim de Nova Iorque.
Este blogueiro não poderia deixar de registrar a escultura do cachorro.

Foto: AVianna, jun 2018.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Liberdade de expressão sempre


A Origem do Mundo, de Gustave Courbet (1866)


Não visitei o Queermuseu em Porto Alegre e só por isso relutei em tratar do assunto no blogue. Desde que as obras lá expostas quase que se tornaram de domínio público através da mídia, arrisco aqui meu palpite, em defesa de um certo ponto de vista.
Reações violentas de pessoas conhecidas minhas (para não dizer iguais a mim) e que eu julgava possuírem a mente mais aberta, igualmente motivaram esta minha manifestação.
Repito (incansavelmente) meu bordão: Tudo Na Vida É Uma Questão De Educação.
Informa o IBGE: 92% dos brasileiros nunca visitaram um museu e 93% nunca foram a uma exposição de arte. Daí a primeira conclusão: a exposição Queermuseum (qualquer exposição?) não passou de pérolas atiradas aos porcos. O povo completamente deseducado em matéria de Arte não poderia mesmo presenciar – e tolerar – tamanha provocação.
Eles jamais viram Picasso, Dalí, Klimt, Daumier, Egon Shiele, aos quais chamariam de obscenos, imorais, pervertedores de crianças. Jamais se depararam com A Origem do Mundo, de Gustave Courbet, exposta no Museu d’Orsay, em Paris. (As crianças visitam aquele museu livremente.).
São todas provocações, cada qual em sua época, e o que antes escandalizava, tempos depois já não escandaliza mais. Tal evolução faz parte de um processo civilizatório, no qual a Educação desempenha papel primordial. Intolerância e obscurantismo, muitas vezes exacerbados pelo fundamentalismo religioso, travam o processo civilizatório, buscando manter o homem dentro da caverna, coberto por uma burca.
Obscurantismo e intolerância não vencerão. Uma exposição se fecha, abrem-se cem outras mundo afora. Porque a Arte é necessária, ela alimenta o espírito, desde o tempo das cavernas.
Bem verdade que perdura – provavelmente desde a pintura rupestre – a interminável discussão sobre o que é Arte, e o que não é Arte. Para aqueles que protestaram em Porto Alegre (alguns continuam protestando!), aquilo que viram não era Arte, e eles têm todo o direito a esta opinião: basta que virem as costas e deixem o prédio da exposição. Ou nem lá apareçam. (Se algum deles tiver um blogue, que proteste no blogue!)
Fechar a exposição, NUNCA!
(A primeira apresentação do balé A Sagração da Primavera, de Igor Stravinski, quase não chegou ao final, tantos os apupos, vaias, gritos histéricos, o protesto de uma plateia furiosa e indignada diante de algo novo, muito novo, desconhecido, desconcertante, impossível de ser assimilado e por isso rejeitado a priori. No dia seguinte houve uma segunda apresentação do balé, agora ovacionada pela mesma plateia, recuperada do susto e capaz de enxergar e sentir aquela magnífica obra de arte.)
Estes que protestam diante do Queermuseu, do que é que têm tanto medo? De reconhecer em si mesmos algo que imaginam ver numa pintura ou escultura? A Psicanálise tratou e trata do assunto exaustivamente. Esta é a base do que chamamos Moralismo. Daí para a histeria, é um pulo.
Alguns poucos haveriam de se educar com a exposição Queermuseu – ou com qualquer exposição. Educar-se é penoso processo individual. Você pára diante de um quadro, de uma escultura, ou qualquer outro tipo de manifestação artística, olha, vê, analisa, pensa sobre o que está vendo, permite que fluam os sentidos, resta então uma impressão. Algo permanece impresso na alma. Você pode dizer Gostei! Ou Detestei. Não importa. A impressão está lá, e estará lá para sempre. O conjunto dessas impressões, constantemente acrescido de novas experiências, vai compondo nossa personalidade, nossa compreensão do que significa Arte, ao mesmo tempo que se desenvolve em nós sensibilidade, tolerância e menos preconceito. Vamos nos educando.
E tudo é mesmo uma questão de educação. Para tanto, a liberdade de expressão é fundamental. Cada vez que ela é cerceada, como ocorreu em Porto Alegre, precisamos protestar, em nome da Educação e do Processo Civilizatório.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Horace Daillion

Ao meu irmão Paulo



La rocher et la mousse

Horace Daillion, 1900

Escultura exposta no Museu de Belas Artes de Santiago.

Foto: A.Vianna, abr 2017

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

A arte de Felipe Cohen

Alberto Rocha Barros, psicanalista e doutor em filosofia, publica no Estadão a primeira das três partes de seu ensaio sobre a exposição Ocidente, de Felipe Cohen (reportagem de Eduardo Wolf, 14/12/2016). O título é Felipe Cohen: do modernismo brasileiro à pintura italiana – Parte 1.
            Interessantíssimo o ensaio, uma aula para se compreender melhor a arte contemporânea, que tem início com a seguinte pergunta:

“A arte contemporânea vive um momento singular de sua trajetória? Duas tendências sugerem que sim. Primeiro, o rompimento com o passado, sobretudo com os mestres canônicos da tradição, fez com que a arte clássica, medieval ou renascentista, deixasse de ser referência ou inspiração aos artistas. Além disso, a busca pelo “belo” não é mais o elemento norteador para muitos artistas visuais: mais urgentes são batalhas conceituais, pautas sócio-políticas ou o estímulo de efeitos específicos no espectador. Nelas mesmas, essas tendências não merecem aplauso ou repúdio, pois assim como nunca teríamos aprendido apreciar formas artísticas variadas sem as vanguardas, é inegável que o coro “abaixo o cânone!”, quando em uníssono, é empobrecedor.”

       A primeira peça da exposição de Felipe Cohen (todas pinturas são em madeira) é a seguinte:


“Sem Título”, 2016.


“E é sobre a morte que trata esse quadro, tendo por inspiração a sepultura aberta que aparece em várias pinturas a respeito da ressureição de Cristo durante o período medieval e renascentista, como nesta de Fra Angélico, utilizada por Cohen como modelo:


“A Ressurreição de Cristo e as Mulheres na Tumba” (1440-41)

            Vejamos a análise de Alberto Rocha Barros:

“Cohen preserva e até aprofunda a ilusão de “vazio” do túmulo, mas drena o quadro de suas cores e personagens, criando uma atmosfera modernizante que remete àquelas paisagens ermas e severamente geométricas de outro pintor italiano, Giorgio de Chirico. Ou às composições estilizadas de Giorgio Morandi. É um quadro extremamente minimalista, o que convida o expectador à reflexão.
Tendo a morte por tema, a opção não é descabida e, ao reduzir o Fra Angélico ao essencial – o túmulo vazio do Cristo renascido –, Cohen alude também a uma de suas obsessões visuais: o interesse recorrente pelos “fundos de quadro”, algo muito presente em toda a exposição, e que acaba por dominar essa tela. Afinal, não sobra nela outra coisa a não ser túmulo e fundo.”
  
A escultura também está presente na exposição de Cohen:

  
Ocaso #3, 2016.


“O que vemos é um sol se pondo no mar. Há um reflexo na água, criado por um jogo natural de luz e sombra. Novamente, as cores e tonalidades são brandas e contidas, e o espaço narrativo é límpido e abstrato. Não é um sol fulgurante e reluzente, mas uma criação geométrica.”

            É preciso educar-se para apreciar melhor a arte contemporânea.


Vale a pena ler o artigo integral: