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segunda-feira, 16 de maio de 2022

A arte de Aurora Cursino

Pintura sem título e sem data de Aurora Cursino

Coleção: Museu de Arte Osório Cesar. Cortesia: 

Complexo Hospitalar do Juquery 

e Prefeitura de Franco da Rocha.

Foto: Gisele Ottoboni/ Prefeitura de Franco da Rocha.

 

 

Publicação a ser lançada na próxima quarta-feira, Dia da Luta Antimanicomial: biografia "Aurora: Memórias e Delírios de Uma Mulher da Vida", de autoria da historiadora Silvana Jeha e do psicanalista Joel Birman. 

“A dupla reconstrói a vida dessa anti-heroína com base em documentos de diversos arquivos, notícias de jornal e nos próprios escritos da artista, intercalando o texto com pinturas dela e sugerindo conexões dos quadros com fatos da vida de Cursino.” 

"Puta, louca e finalmente artista, ela condensa em sua obra algo que diz respeito a todas as mulheres", escrevem os autores na introdução do livro. "Sobretudo, o que ela pinta é o patriarcado. Os quadros dela são basicamente um ataque do patriarcado à mulher. Se alguém desenhou para mim o que é o patriarcado, foi a Aurora", afirma Jeha, em entrevista. A autora acrescenta que muitos temas tratados nos quadros da artista viriam a aparecer décadas mais tarde na arte feminista, engajada.”

“Cursino aprendeu a pintar na Escola Livre de Artes Plásticas do Juquery, onde a pintora Maria Leontina deu aulas durante alguns anos. Suas telas a óleo misturavam personagens das ruas do Rio de Janeiro, autoridades do governo e representações de si mesma e dos filhos que teria tido com escritos que davam dicas sobre as situações retratadas. Suas frases não eram muito claras e ela tratava a palavra como imagem, afirma Raphael Fonseca, um dos organizadores da exposição "Raio que o Parta", em cartaz agora em São Paulo, no Sesc 24 de Maio.”

 

 

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2022/05/quem-foi-aurora-cursino-artista-lobotomizada-que-pintou-a-submissao-feminina.shtml

 

terça-feira, 10 de maio de 2022

Tempos modernos

 Quarta charge do dia



André Dahmer para a Folha de S. Paulo

Penso que o melhor nome para essa obra de André Dahmer seja uma ilustração, e não uma charge, tamanha a extensão da sua criatividade. O título é meu, não sei se o autor deu algum título. Coisa de gênio!


Relembrando o leitor:


A Dança – Henri Matisse, 1910. 
Óleo sobre tela – 2,60m x 3,91m, Museu Hermitage, 
São Petesburgo, Rússia.

Warhol no topo



Retrato de Andy Warhol leiloado nesta segunda (9)

Angela Weiss/AFP



NOVA YORK | AFP


"O retrato de Marilyn Monroe feito por Andy Warhol, "Shot Sage Blue Marilyn", foi leiloado por US$ 195 milhões, cerca de R$ 1 bilhão, nesta segunda, e bateu o recorde para uma obra do século 20 —que, até então, era ostentado por "As Mulheres de Argel", do pintor espanhol Pablo Picasso, no valor de US$ 179,4 milhões, ou R$ 925,7 milhões na cotação atual.

Ainda assim, o retrato ficou abaixo das expectativas de leiloeiros e colecionadores, que acreditavam que a obra chegaria aos US$ 200 milhões."

 

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2022/05/marilyn-monroe-de-andy-warhol-bate-recorde-e-vira-a-obra-mais-cara-do-seculo-20.shtml

 

terça-feira, 12 de abril de 2022

terça-feira, 22 de março de 2022

O galo violeta


'O galo violeta' (1966-1972), de Marc Chagall

Foto: © Chagall, Marc/AUTVIS

 

 

“A vida e a obra do russo naturalizado francês Marc Chagall são destaque da exposição “Marc Chagall: sonho de amor”, que inaugura nesta quarta-feira (16) no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio. Com 186 trabalhos, a mostra é a maior já realizada no Brasil sobre o artista, cuja obra é reconhecida mundialmente como uma ode ao amor e à esperança, e encanta o público com seu universo onírico.”


https://oglobo.globo.com/rioshow/marc-chagall-ganha-mostra-com-186-obras-no-ccbb-25433633


quinta-feira, 10 de março de 2022

Pinturas rupestres amazônicas

 

 

Pinturas rupestres amazônicas podem ser 

de mamíferos da Era do Gelo. 

Iriarte et al., Royal Society/The New York Times

 


 

A possível preguiça-gigante, no topo, com reconstruções artísticas modeladas a partir de um parente vivo próximo, a preguiça-de-três-dedos, no centro. O painel inferior considera se o desenho era de uma espécie extinta de urso, Arctotherium, padronizando-o a partir de seu parente vivo mais próximo, o urso-de-óculos

Iriarte et al., Royal Society/The New York Times 

Desenhos de Mike Keesey

 

 

 

 

Arte rupestre na Amazônia mostrou animais da Era do Gelo?: reportagem de Becky Ferreira /THE NEW YORK TIMES para afolha de S. Paulo (9 mar 2022).  

“No final da última era do gelo, a América do Sul era habitada por animais estranhos que desde então entraram em extinção: preguiças-gigantes, herbívoros semelhantes a elefantes e uma linhagem antiga de cavalos. Um novo estudo sugere que podemos ver esses animais extintos em pinturas encantadoras de ocre feitas por humanos da era do gelo num afloramento rochoso na Amazônia colombiana.  

"Toda a biodiversidade da Amazônia está pintada ali", disse Iriarte – animais e plantas aquáticos e terrestres, além de "animais que são muito interessantes e aparentam ser mamíferos de grande porte da Era do Gelo".

“Iriarte e seus colegas integram um projeto que estuda a chegada de humanos na América do Sul. Em um estudo publicado no periódico Philosophical Transactions of the Royal Society B, eles defendem o argumento de que a arte rupestre retrata megafauna da Era do Gelo. Mas, como o próprio estudo reconhece, a identificação de animais extintos em arte rupestre é controversa – e o sítio de La Lindosa não constitui exceção.”

“Os arqueólogos Fernando Urbina e Jorge Peña, da Universidade Nacional da Colômbia, rejeitam a hipótese de que as pinturas remontam à Era do Gelo.” 


Ciência é assim. Demora-se a estabelecer a verdade definitiva. Mas a verdade precisa ser perseguida a todo custo. Este é método científico. 

 

 

https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2022/03/arte-rupestre-na-amazonia-mostrou-animais-da-era-do-gelo.shtml

 

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Três vezes Pietà

As três versões da 'Pietà' de Michelangelo são exibidas juntas pela primeira vez (Gildas Le Roux, AFP, para O Estado de S. Paulo, 23 fev 2022).

 

 


A ‘Pietà do Vaticano’, como ficou conhecida a obra de Michelangelo Foto: Jennifer Lorenzini/ Reuters

 

 


'Pietà Rondanini', escultura de Michelangelo, do museu do Castelo Sforzesco em Milão Foto: Jennifer Lorenzini/ Reuters

 

 

‘Pietà Florentina’ ou ‘Bandini’, obra de Michelangelo, do museu Duomo de Florença Foto: Jennifer Lorenzini/ Reuters

 

 

“A Pietà de Michelangelo, escultura de mármore que simboliza o amor maternal admirada em todo o mundo na Basílica de São Pedro, no Vaticano, ofuscou duas outras versões comoventes do mesmo tema esculpidas pelo gênio renascentista. 

Por esta razão, o museu Duomo de Florença, a catedral, proprietária da chamada Pietà Florentina ou Bandini, que acaba de ser restaurada, decidiu expor as três obras juntas pela primeira vez, graças a empréstimos feitos pelo Museus do Vaticano e o museu do Castelo Sforzesco em Milão, onde está localizada a chamada Pietà Rondanini."

 



As três versões da 'Pietà' feitas por Michelangelo juntas em exposição em Florença - a 'Bandini', a do 'Vaticano' e a 'Rondanini' Foto: Jennifer Lorenzini/ Reuters

 

 

"Instaladas uma em frente a outra, em uma elegante sala cinzenta, essas variações sobre o mesmo tema (Maria abraçando seu filho falecido), foram realizadas em diferentes fases da vida do artista, que morreu aos 88 anos (1475-1564)." 

 

 

https://cultura.estadao.com.br/noticias/artes,as-tres-versoes-da-pieta-de-michelangelo-sao-exibidas-juntas-pela-primeira-vez,70003988640

 

 

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Um pouco de teoria

100 anos de Semana de Arte Moderna

 



 

“Um pouco de teoria?

Acredito que o lirismo, nascido no

subconsciente, acrisolado num pensamento claro

ou confuso, cria frases que são versos inteiros,

sem prejuízo de medir tantas sílabas, com

acentuação determinada.

entroncamento é sueto para os condenados da

prisão alexandrina. Há porém raro exemplo dele

este livro. Uso de cachimbo...

 

A inspiração é fugaz, violenta. Qualquer

empecilho a perturba e mesmo emudece. Arte,

que, somada a Lirismo, dá Poesia, não

consiste em prejudicar a doida carreira do

estado lírico para avisá-lo das pedras e cercas

de arame no caminho. Deixe que tropece, caia

e se fira. Arte é montar mais tarde o poema de

repetições fastientas, de sentimentalidades

românticas, de pormenores inúteis ou

inexpressivos.”

 

            Mário de Andrade

            Pauliceia desvairada

            In Prefácio interessantíssimo, p. 39-40

            De Pauliceia desvairada a lira paulistana

            Ed. Martin Claret, 2016

 

 

domingo, 13 de fevereiro de 2022

O Retrato torto

Texto de Luiz Armando Bagolin, Professor do Instituto de Estudos Brasileiros da USP e curador da exposição "Era uma Vez o Moderno [1910-1944]", em cartaz no Centro Cultural Fiesp, em São Paulo.  Para a Folha de s. Paulo hoje.

 

          “Modernismo paulista decorrente da Semana de 22, liderado por filhos da aristocracia e burguesia, propôs uma atualização dos padrões estéticos que preservasse a cultura e a memória das elites, espécie de "ruptura negociada" em uma sociedade desigual. Críticas ao movimento centenário, contudo, não devem perder de vista um de seus grandes legados: a valorização da diversidade cultural e racial na formação do Brasil.

          “Em 27 de janeiro de 1922, no meio da madrugada, a cidade de São Paulo foi atingida por um forte tremor de terra. No dia seguinte, o jornal O Estado de S. Paulo dedicou uma página ao fenômeno, chamando a atenção para o fato de ter sido "o primeiro na capital (do Estado) de tal intensidade".

          “Dias depois, durante a abertura da Semana de Arte Moderna, realizada no Theatro Municipal de São Paulo, em 13 de fevereiro, Renata Crespi, uma alta dama da sociedade paulista, ciceroneada pelo escritor Menotti del Picchia, teria parado diante de uma pintura de Anita Malfatti e perguntado: "Não estaria torto aquele retrato?"

          "Menotti parou por um instante e respondeu, com fino humor, que não, pois o quadro havia sido realizado sob os efeitos do terremoto recém-ocorrido na cidade. O seu "estilo" era consequência das forças dinâmicas da natureza, o que causava as deformações justificáveis na pintura.”

          “Assim, em meio a ironias e paródias, se iniciava o movimento modernista brasileiro.”


          Acrescento eu: vale a pena lembrar o nome de Emílio de Menezes, mestre do trocadilho, dono de humor refinado, meu ídolo de infância! Em 22 de julho de 2014 este blog publicou: 

https://loucoporcachorros.blogspot.com/2014/07/o-trocadilho-nao-morreu-homenagem.html . 

          Vale a pena conferir. Emílio volta aqui, não pela Semana de Arte Moderna de 22, mas pela piada de Menotti dei Picchia!



https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2022/02/playboys-intelectuais-de-1922-lideraram-atualizacao-das-artes-negociada-com-elites.shtml

 

Tambor de giz

 

Tambor de giz, escultura de 5.000 anos, no Museu Britânico

Museu Britânico - 10.fev.2022/AFP

 


“Arqueólogos britânicos desenterraram uma escultura de 5.000 anos, o achado pré-histórico mais importante do país em um século, anunciou nesta quinta-feira (10) o Museu Britânico. O tambor de giz, que apesar do nome não tem finalidade musical, data da época do monumento pré-histórico Stonehenge.

"Segundo o museu, o tambor é "um dos artefatos mais elaborados deste período que foram encontrados na Grã-Bretanha e na Irlanda".

“O cilindro decorado foi encontrado nas sepulturas de três crianças, cujas mãos se tocavam. Foi colocado logo acima da cabeça do mais velho, junto com uma bola de giz e uma agulha de osso polido.”

“A descoberta ocorreu a cerca de 384 quilômetros de Stonehenge, perto da vila de Burton Agnes, no norte da Inglaterra.”

 

Acrescento eu: o que faz a necessidade da arte!

 

 

https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2022/02/escultura-pre-historica-de-5000-anos-e-descoberta-na-inglaterra.shtml

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Fotógrafo de Vida Selvagem do Ano

 

O Museu de História Natural de Londres divulga nesta terça os vencedores do prêmio Fotógrafo de Vida Selvagem do Ano. Aberta para fotógrafos profissionais e amadores, a competição premia retratos singelos de momentos únicos na natureza. BBC News Brasil, para a Folha (9 fev 2022).

 


 

Dançando na Neve - Qiang Guo, China

 

“Na Reserva Natural Lishan, na província de Shanxi, na China, Qiang observou dois faisões dourados machos trocando continuamente de lugar neste tronco -movimentos semelhantes a uma dança silenciosa na neve.”


 



A Água e o Urso - Jeroen Hoekendij, Países Baixos

 

“Os filhotes de urso preto costumam subir em árvores, onde esperam com segurança que a mãe volte com comida. Aqui, nas profundezas da floresta temperada de Anan, no Alasca, este pequeno filhote decidiu tirar uma soneca à tarde em um galho coberto de musgo sob o olhar atento de uma águia careca juvenil.”



 


Esperança em uma fazenda queimada - 
Jo-Anne McArthur, Canadá

 

“Jo-Anne foi para a Austrália no início de 2020 para documentar as histórias de animais afetados pelos devastadores incêndios florestais que estavam varrendo os estados de Nova Gales do Sul e Victoria. Trabalhando exaustivamente ao lado da Animals Australia (uma organização de proteção animal), ela teve acesso a locais de queimada, resgates e missões veterinárias.”



 


Lago de Gelo - Cristiano Vendramin, Itália

 

“O Lago Santa Croce é um lago natural localizado na província de Belluno, Itália. No inverno de 2019, Cristiano notou que a água estava excepcionalmente alta e os salgueiros estavam parcialmente submersos, criando um jogo de luzes e reflexos.” 



 


Abrigo da chuva - Ashleigh McCord, EUA

 

“Durante uma visita ao Maasai Mara, no Quênia, Ashleigh capturou este momento de ternura entre um par de leões machos. Mas quando a chuva se transformou em um aguaceiro pesado, o segundo macho voltou e sentou-se, posicionando seu corpo como se para abrigar o outro. Pouco depois, eles esfregaram os rostos e continuaram sentados acariciando por algum tempo.” 


 

https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2022/02/o-espetaculo-da-natureza-registrado-em-premio-internacional-de-fotografia.shtml

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

J. Borges — O mestre da xilogravura


A vida na mata

 

A mostra em comemoração aos 80 anos do pernambucano José Francisco Borges, uma das principais referências da xilografura no país, inclui dez matrizes inéditas e suas impressões, entre 54 obras, além de uma seleção de cordéis assinados pelo artista, autor de “O encontro de dois vaqueiros no Sertão de Petrolina” (1964).

 

Museu de Arte do Rio: Praça Mauá, 5, Centro — 3031-2741. Qui a dom, das 11h às 18h. R$ 20.

 

 

https://oglobo.globo.com/rioshow/5-exposicoes-imperdiveis-no-rio-de-janeiro-25370062

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Cristo, o Homem das dores

 



Detalhes de "Cristo, o Homem das Dores", de Sandro Botticelli

Foto: Reprodução/Sotheby's

 


Cristo, o Homem da Dores, de Botticelli, é vendido por US$ 45 milhões em leilão em Nova York.

Estima-se que a obra foi concluída por volta do ano 1500. "Acreditamos que existam apenas cerca de cinco pinturas de Botticelli em mãos particulares", disse Apóstolo, que sublinhou o caráter retrospectivo e emocional da pintura, resultado do fato de ter sido pintada nos últimos anos da vida do pintor. 

"É uma pintura metafísica de uma pessoa madura enfrentando sua própria mortalidade, e é isso que a torna tão comovente", acrescentou o especialista da Sotheby's. 

“Representando Cristo com uma coroa de espinhos, cercado de laços, com as mãos cruzadas sobre o peito e com uma auréola de anjos voando sobre a cabeça, tem um estilo sóbrio e austero, longe da inocência de suas primeiras obras, como o famoso Nascimento de Vênus.”

 

https://cultura.estadao.com.br/noticias/artes,quadro-de-botticelli-arrecada-us-45-milhoes-em-leilao-em-nova-york,70003962399

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Os pais da arte




 

“Essa magia encontrada na própria raiz da existência humana, criando simultaneamente um senso de fraqueza e uma consciência de força, um medo da natureza e uma habilidade para controlá-la, essa magia é a verdadeira essência de toda a arte. 

 

O primeiro a fazer um instrumento, dando nova forma a uma pedra para fazê-la servir ao homem, foi o primeiro artista. 

 

O primeiro a dar um nome a um objeto, a individualizá-lo em meio à vastidão indiferenciada da natureza, a marcá-lo com um signo e, pela criação linguística, a inventar um novo instrumento de poder para os outros homens, foi também um grande artista. 

 

O primeiro a organizar uma sincronização para um processo de trabalho por meio de um canto rítmico e a aumentar, assim, a força coletiva do homem, foi um profeta na arte. 

 

O primeiro caçador a se disfarçar, assumindo a aparência de um animal para aumentar a eficácia da técnica da caça, o primeiro homem da idade da pedra que assinalou um instrumento ou uma arma com uma marca ou um ornamento, o primeiro a cobrir um tronco de árvore ou uma pedra grande com uma pele de animal para atrair outros animais da mesma espécie – todos esses foram os pioneiros, os pais da arte.”

 

 

           Ernest Fischer, A necessidade da arte

Zahar Editores, 1983 (p. 42)

 

            Livro excepcional este, fundamental para quem deseja compreender a origem, o sentido e a necessidade mesma da arte.

 

Razão e emoção a partir do teatro grego

 

 

Das funções mais nobres da leitura, uma é a de provocar o leitor. Ela depende de dois fatores fundamentais: um bom texto, inteligente, de conteúdo instigador e boa forma literária, capaz de atrair aquele que o lê pela força da arte; em segundo lugar, o próprio leitor, se ele se deixa provocar, se preserva a curiosidade infantil e está aberto a novas ideias e especulações, se não se encontra cristalizado e imobilizado pelos ‘pré-conceitos’.

            Das formas mais eficientes de aceitar e elaborar a provocação contida numa boa leitura, uma é a de escrever sobre o que se leu e agora pode analisar, questionar, interrogar, aceitar, rejeitar ou duvidar do que se acaba de ler. Tal exercício, no mínimo, traz em si a capacidade de expandir entendimento, sentimentos e emoções, sobre o tema em questão.

            Adriane da Silva Duarte, professora de língua e literatura gregas na USP, faz a apresentação do livro O melhor do teatro grego (tradução de Mário da Gama Kury, Zahar editores, 2013), que contém as peças Prometeu acorrentadoÉdipo reiMedeia e As nuvens. Reproduzo aqui um parágrafo do belíssimo texto de Duarte:

 

“A emoção está no cerne da experiência dramática dos gregos. Platão e Aristóteles discorreram sobre o papel das emoções no teatro, especialmente no que toca à tragédia. Para Platão, buscar deliberadamente comover os expectadores, como fizeram, os tragediógrafos, é nocivo, pois enfraquece a parte racional da alma, debilitando o cidadão. Daí, entre outras razões, os poetas trágicos estarem excluídos da cidade ideal juntamente com os épicos. Já Aristóteles, embora tenha sido discípulo de Platão, compreende diversamente a questão. Para ele, o prazer da tragédia está em suscitar e purgar certas emoções, processo que ele denomina catarse. No caso da tragédia, essas emoções seriam o terror e a piedade, o que exigiria uma identificação entre o expectador e o herói trágico, de modo que aquele pudesse se colocar no lugar do último e temesse passar pelo que ele passa, apiedando-se dele, que sofre sem merecer. Desse processo, que Aristóteles não se digna a explicar na Poética, derivaria o prazer que sentimos ao contemplar obras de natureza artística.”

 

            “Buscar deliberadamente comover os expectadores” é o que chamei de provocação. A literatura faz isso magistralmente, mas não apenas a literatura; se dermos um salto para os tempos atuais, poderemos enfrentar o mesmo problema diante do cinema, tipo de arte de penetração extraordinária em todas as camadas sociais, e que por isso serve ao propósito deste texto quase ingênuo. 

            Há o filme e há o expectador. Por que existe o aficionado pelos filmes de terror? O que pretende ele ao desafiar o medo que as imagens lhe causam? (Porque se não causam, não faz sentido ver filme de terror...) Deseja apenas provar que é corajoso e valente? Ou se trata de desafiar as próprias emoções, na tentativa de dominá-las? 

            Há quem prefira ‘filme de amor’. Tipo sessão da tarde, daquele romantismo derramado que provoca suspiros e derrama lágrimas. Por que chorar diante da fantasia? Isso causa prazer ou dor? A emoção, represada, precisa transbordar? Para outros, serão lágrimas de enfado.

            Cinema de violência explícita e incontida faz sucesso mundo afora: são murros, tiros, rajadas de metralhadora, golpes de espada a transfixar o inimigo, jugulares esguichando suco de tomate, cenas horripilantes de tortura, tudo é apreciado a ponto da saliva escorrer pelo canto da boca de certo tipo de expectador. Para que? O que está a extravasar agora? Agressividade? Ódio? Ou é simplesmente a catarse aristotélica! Enquanto isso, “Alguns, achando bárbaro o espetáculo prefeririam (os delicados) morrer”, afirma Drummond em Os ombros suportam o mundo

            Filmes de suspense costumam ser apreciados, exceto pelos que não toleram sustos, seja porque prefiram a calma contemplativa, ou porque talvez vivam permanentemente assustados. As razões de tais preferências e aversões quase sempre nem o expectador conhece, bem guardadas no inconsciente de cada um. 

            O que todos ‘pré-sentem’ é a necessidade de aprender a lidar melhor com os próprios sentimentos e emoções. Para tal, há quem prescreva os clássicos da literatura; outros, a rodriguiana “vida como ela é”; ouvir Mozart ou Beethoven pode vir a ser um santo remédio; o cinema também serve, e muito – terminado o filme, é bom conversar sobre ele. Para os adeptos do bungee jumping, talvez seja necessária mesmo uma terapia.

            Estas são apenas algumas associações que me ocorreram diante das magníficas provocações de Adriane da Silva Duarte. Meu eventual leitor, pensa o quê?

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Um simples peso

 


Este peso (stoneweight, em inglês), esculpido em hematita, na forma de um gafanhoto, foi feito entre 1800 e 1700 AC, na Babilônia.

Alguém dirá que isso não é uma obra de arte?

 

stone é uma unidade de massa usada somente no sistema imperial do Reino Unido, embora usada também por outros países da Commonwealth. É igual a 14 libras, ou seja 6,35029318 quilogramas, a que corresponde o peso aproximado de 62,3 newtons. Se abrevia st, e suas equivalências são:

O "stone" foi usado historicamente para pesar os artigos agrícolas. Por exemplo: vendiam-se as batatas tradicionalmente em stones e meios stones (14 libras e 7 libras respetivamente). Historicamente o número de libras num "stone" variou por causa do artigo a ser medido, pois não era o mesmo em todas as vezes e lugares. 

O "stone" também demonstra uma certa quantidade ou peso de alguns artigos. Um "stone" de carne, em Londres, é igual a oito libras; em Hertfordshire, doze libras; na Escócia, dezesseis libras.

Se os ingleses podem complicar, eles complicam mesmo!

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Stone_(massa)

 

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Arte minimalista

 



Chris kenney, Twelve Twigs, 2012

Retrospectiva de Tunga

 “Retrospectiva de Tunga resume toda sua carreira em 300 obras. Itaú Cultural se une ao Instituto Tomie Ohtake na mostra que será aberta no sábado com desenhos, esboços, esculturas e raridades.” (Antonio Gonçalves Filho para O Estado de S.Paulo, hoje.)

 

‘From La Voie Umide’, de 2014

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

 

 

‘Morfológica’, o corpo como modelo

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

 

 

Metais e ímãs marcam a obra de Tunga

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

 

 

https://cultura.estadao.com.br/noticias/artes,retrospectiva-de-tunga-resume-toda-sua-carreira-em-300-obras,70003920744

 

sábado, 27 de novembro de 2021

Imagem de santo

Meus quadros favoritos 



Bernardino Luini (1475 - 1532) foi um pintor italiano do norte, pertencente ao círculo de Leonardo da Vinci. Luini e Giovanni Antonio Boltraffio trabalharam com Da Vinci diretamente e muitos de seus trabalhos foram até atribuídos a Leonardo. 

Luini nasceu Bernardino de Scapis, em Runo, em Dumenza. Há poucos detalhes sobre sua vida. Em 1500, foi para Milão com seu pai. Estudou com Giovan Stefano Scotto e Ambrogio Bergognone. Em 1509, recebeu uma encomenda para um políptico no Museu Poldi Pezzoli, influenciado por Bernardino Zenale, uma de suas obras mais conhecidas. Quando esteve em Roma, em 1521, influenciou-se também por Melozzo da Forlì. 

Morreu em Milão. Seu filho, Aurelio Luini também foi um famoso pintor.”

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Bernardino_Luini