quarta-feira, 6 de junho de 2018

Macaco-de-cheiro

A foto do dia


Macaco-de-cheiro, Reserva Mamirauá



Foto: Heriberto Araújo


Gracián y Karnal


Baltasar Gracián

Em ótima crônica intitulada Quem precisa de sabedoria instantânea(6 jun 2018, em O Estado de S. Paulo), Leandro Karnal escreve sobre a obra de Baltasar Gracián y Morales (1601-1658), jesuíta de origem modesta, cuja obra mais divulgada chamou-se Oráculo Manual e Arte de Prudência, publicada em 1647. 
Informa Karnal: “A estrutura da redação é clara: aforismos sobre temas variados em linguagem bastante direta, muito distante da futura forma do El Criticón. São 300 máximas curtas, parágrafos rápidos, fácil leitura e aplicação imediata: eis a fórmula do sucesso do livro publicado pelo jesuíta sob pseudônimo. Era uma sabedoria profana, pouco mística e decididamente pessimista.”   
Eis alguns exemplos:
1     Nunca se sobressair ao chefe especialmente no campo do talento (7); 
2     relacione-se com pessoas que tenham algo a ensinar (11); 
3     não crie expectativas muito altas, pois “a realidade não se compara à imaginação” (19); 
4     saber esperar é importante, pois como diz um ditado “eu e o tempo podemos enfrentar quaisquer outros dois” (55); 
5     saiba dizer não aos outros deixando um vislumbre de esperança para amenizar o desapontamento (70); 
6     saiba dosar as brincadeiras porque tudo que é excessivo perde o valor, é cansativo e desgasta (76); 
7     os cautelosos sabem quando aposentar um cavalo de corrida sem esperar que ele sofra uma queda em plena competição (110); 
8     não ser sempre do contra para não parecer tolo e irritante (125); 
9     sem mentir, não revelar toda a verdade em qualquer circunstância ou a qualquer pessoa (181); 
10  no Céu tudo é alegria, no Inferno tudo é tristeza, na Terra (que está no meio) existem ambas as coisas (211); 
11  nunca romper definitivamente pois poucas pessoas são capazes de praticar o bem e quase todas são capazes de praticar o mal (257).  

Já que os conselhos de tão alta sabedoria permanecem mais atuais do que nunca, será que devemos concluir que pouco ou nada mudou a Humanidade?