Sobral, com 200 mil habitantes, a 230
km de Fortaleza, teve seus 31 colégios com notas entre 6,9 e 9 na primeira
etapa do ensino fundamental, em escala de 0 a 10, na última avaliação do governo federal, o
Ideb. A média dos países desenvolvidos estaria em 6, algo equivalente à
educação no Reino Unido.
A escola Massilon Sabóia, a mais
distante do centro de Sobral, teve 8. A avaliação considera notas em português
e matemática e taxa de estudantes aprovados. Seus alunos moram em pequenos
vilarejos do semiárido cearense e fazem as principais refeições no colégio,
devido à baixa renda familiar.
Em outra avaliação divulgada neste mês,
segundo Fábio
Takahashi, enviado especial da Folha a Sobral
(2/11/2015), o município apareceu como o melhor do país em
oportunidade de educação, que considera resultados das provas, percentual de
estudantes matriculados e condições das redes (como escolaridade dos
professores e experiência dos diretores).
Para se chegar a esses resultados, a política
educacional do município apoia-se “na definição
clara do que deve ser ensinado no dia a dia, bonificação por resultado e
autonomia a diretores”. E o mais importante, “as
aulas baseiam-se no tradicional lousas-carteiras-apostilas-livros”.
O processo de avaliação recebe atenção
especial. Além das provas aplicadas pelos próprios colégios, no mínimo mensais,
são feitas semestralmente avaliações pelo município, com equipes de fora do
colégio. Também há os exames dos governos estadual e federal. O objetivo é
identificar os alunos que estão com dificuldades, que passam a frequentar
atividades fora do horário normal de aula.
Há remuneração extra para professores e
diretores com melhor desempenho. No caso dos docentes o valor chega a R$ 500
mensais (o salário-base da categoria é de R$ 2.000; a população ganha em média
perto de R$ 1.300 mensais). Também há prêmios pagos uma vez ao ano. "A
gratificação por desempenho é o que alimenta a vontade de continuar
melhorando", afirma o diretor Osmarino Ribeiro, da escola Elpídio Ribeiro
da Silva, que teve o melhor desempenho do município (nota 9).
Há quem
discorde do método. Um deles é o diretor da Faculdade de Educação da Unicamp,
Luiz Carlos de Freitas. "São políticas de voo de galinha. Focam no índice
a ser obtido e constrangem as escolas a caminharem nesta direção. Estreitam o
currículo em função do índice das disciplinas medidas", afirma.
Destaca o editor da matéria: “Para
atingir todos os objetivos, a prefeitura gasta 30% do seu Orçamento com
educação, pouco acima do exigido pela Constituição (25%). Recursos adicionais
vêm de parcerias com fundações e governos estadual e federal. Parte do material
pedagógico é feito pela rede, parte por empresa terceirizada. Em comum há a
determinação do que deve ser ensinado a todos, diariamente.”
Embora haja discordâncias, o trabalho
realizado em Sobral merece a nossa atenção.