“Mulher de João Santana sorri na porta do IM”.
A Manchete foi estampada no site de O Globo de hoje.
E o Louco, perplexo, pergunta: De quê ri
esta mulher?
Mônica Moura e o famoso marido fizeram exame de corpo
de delito em Curitiba – no mínimo, um constrangimento –, após serem presos pela
Polícia Federal assim que pisaram em solo brasileiro, vindos da República
Dominicana.
E a senhora Mônica completou, na porta do Instituto
Médico Legal de Curitiba, ainda estampando o sorriso no rosto: “Não vou baixar
a cabeça”.
O Louco, sempre interessado no comportamento humano
(e também no de outros animais), ficou intrigadíssimo e repete a pergunta: De quê ri esta mulher?
Ela, acostumada a viver nos mais altos padrões
sociais e de conforto material, está sendo encarcerada, vai para uma cela
minúscula, em companhia de outras duas meliantes, e mesmo assim ela sorri.
Como todos nós, ela já deve ter visto na televisão como
é uma dessas celas. Pequena, de paredes lisas e frias, uma cama estreita de
concreto coberta por um fino colchonete, uma pequena pia, o banho parece que é
em local separado e coletivo, e agora a pior notícia: o cagador é um buraco no
chão. O leitor há de me perdoar a rudeza, mas não posso chamar de privada, pois
privada não há. O que há é um buraco no chão; em frente a ele, dois ressaltos
para se colocar os pés; e então, de cócoras, o buraco no chão às costas do
usuário, invisível portanto, o detento fará suas necessidades, talvez com maior
frequência que a normal, em face da dieta servida pela instituição. (Fico
imaginando, horrorizado, uma queda de costas, um escorregão, coisas assim...) E
a senhora sorri!
Ela simplesmente debocha do Brasil? É possível.
É isso o que chamamos de “riso nervoso”? Às vezes
acontece no cinema; em um momento dramático do filme, a plateia em absoluto
silêncio, a imensa angústia pairando no ar, eis que alguém solta uma estrondosa
risada ou um chiste qualquer, porque não aguenta aquele momento de tensão
emocional. É possível que seja este o caso da senhora Mônica.
Ou se trata de uma pessoa cínica? Deseja apenas
afrontar as instituições, a sociedade, o país, com seu descaramento. É
possível.
Deseja apenas mostrar coragem, diante de uma situação
angustiante? É possível mesmo que se trate de pessoa corajosa, vivida, plena de
experiências.
Será porque "rico ri à toa"?
Quando ela afirma que não vai baixar a cabeça, parece
dizer que não se sente humilhada, arrependida, culpada, temente do que lhe vem
pela frente. Nisso, concordo com ela. Parece estar disposta a enfrentar a lei,
sem a necessidade de diminuir-se. Errar é humano, se é que errou, e se errou, está
disposta a pagar por isso. Mas para que sorrir?
Encarcerar uma pessoa é sempre um ato de violência,
mesmo que para coibir ou punir violência maior. Enjaular um animal é sempre um
ato de violência, particularmente nos chamados jardins zoológicos, mesmo que
com fins científicos. A senhora Mônica, portanto, está sendo vítima de um ato
de violência.
O Louco, perplexo, pergunta: De
quê ri esta mulher?