terça-feira, 30 de agosto de 2016

além da palavra


presença afetiva do médico
empatia no olhar
mão que afaga
ouvir atento
silêncio que apoia

atitudes além das palavras
sentidas pelo paciente
afetos que guarda
e permanecem vivos
finda a consulta

encontro verdadeiro
entre duas pessoas



incêndio de luz



o por do sol
incendeia a mata
com seus reflexos



Foto: A.Vianna, ago 2016, matinha.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Amatrice

A foto do dia.


Vista aérea de Amatrice, região central da Itália, após terremoto.

Foto: Gregorio Borgia / AP

perfume da chuva


pela madrugada
chuva, raios, trovoada
jardim perfumado


Foto: A.Vianna, ago 2016, jardim.

Caillebotte novamente

Meus quadros favoritos.


Gustave Caillebotte.


De que valem as medalhas?

A mídia anda pródiga, nesses dias pós-olímpicos, em comentários e avaliações sobre o desempenho dos atletas brasileiros na Rio 2016. O critério utilizado tem sido a comparação entre o número de medalhas obtidas em Londres e agora no Rio. O ganho foi pequeno, esperava-se mais, segundo essa mesma mídia.
Sempre achei essa história de número de medalhas uma bobagem. Gastar um dinheirão, investir em esportes que poderão render medalhas, tudo isso sempre me pareceu uma grande bobagem. Mas andei remando contra a maré. O número de medalhas – agora com a prevalência das de ouro! – continuou sendo, sem trocadilho, o “padrão ouro”.
Então encontro na crônica de Hélio Schwartsman de 23/8/2016, para a Folha de S. Paulo, a seguinte afirmação:

“E, convenhamos, apoiar o alto rendimento para ganhar medalhas me parece um objetivo meio besta. Investimentos públicos em esporte deveriam estar voltados principalmente para dar condições para a população exercitar-se e motivá-la a fazê-lo, melhorando sua qualidade de vida e reduzindo as contas da saúde.”
             
            E prossegue Schwartsman:

“A Olimpíada consumiu R$ 39 bilhões, dos quais R$ 17 bilhões são dinheiro público, que é o que nos diz respeito. Como foram 17 dias de eventos e competições, temos a bagatela de R$ 1 bilhão por dia. [...] Não ignoro que organizar um evento como a Olimpíada traz ganhos difíceis de ponderar, como a melhora da autoestima nacional e da imagem externa do país. Custa-me crer, porém, que tais benefícios justifiquem o R$ 1 bilhão por dia.”

Penso que estou bem acompanhado em meus pontos de vista!


terça-feira, 23 de agosto de 2016

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

conversa



sobre o que conversam
alheios a toda ameaça
esses dois miquinhos?


Foto: A.Vianna, mai 2016, jardim.


camuflagem



convidado insólito
camuflado na palmeira
espreita o miquinho

Foto: A.Vianna, mai 2016, jardim.

Sobre o relativismo das coisas

Neste domingo último, adolescente com idade entre 12 e 14 anos se explodiu numa festa de casamento na cidade turca de Gaziantep, matando ao menos 54 pessoas, incluindo o autor, das quais 23 tinham menos de 14 anos de idade. O Estado Islâmico foi responsabilizado pela tragédia.
            O grupo jihadista jamais usaria a palavra tragédia para descrever o acontecimento, o que comprova o relativismo das coisas. O menino desintegrou-se mas ganhou o paraíso; os organizadores do ataque cumpriram mais uma missão em nome do Islã.
            Ainda não se tem notícia dos nubentes, padrinhos, familiares mais próximos. A festa acabou, isso é certo.
            Mesmo de longe, a milhares de quilômetros do local, impossível não sentir o peso do funesto acontecimento. Uma criança se explodiu, comandada por adultos. É a radicalização fundamentalista levada ao extremo.
            Meu sentimento é de tristeza e abatimento. Mas consigo pensar sobre o relativismo das coisas.