Altinha é o esporte da moda na paia de Ipanema neste verão de fritar
ovo no asfalto. Mas só depois das 5 da tarde.
Bem próximo
da água, "na beira do mar" como adverte o aviso, onde a areia é mais firme e não há barracas e cadeiras, forma-se uma
roda com número variável de participantes, de 3 a 6 jogadores, com apenas duas
regras simples: a bola não pode cair e não vale jogar com a mão.
Qualquer outra parte do corpo pode ser utilizada para passar a bola ao companheiro, geralmente após um único toque: cabeça, ombros, peito, barriga, coxas, joelhos e
principalmente os pés. Toques de canela não são recomendáveis.
O aviso fincado na areia regulamentando
o horário permitido para o jogo inclui o frescobol, muito semelhante à altinha
em sua filosofia. Se a bola cai, todos perdem; se a bola não cai, todos ganham.
Rubem Alves, em crônica publicada em
1991 ou 92, de modo bastante original, dividiu os casamentos em dois tipos:
casamento tênis e casamento frescobol. (http://www.rubemalves.com.br/cronicas-descricao.php?id_cronicas=41)
No primeiro, há sempre um vencedor (e por consequência, um perdedor); no
segundo, se um perde, o outro também perde: ganham os dois se a bolinha não
cai.
Hoje, podemos atualizar a analogia, comparando o casamento futebol ao
casamento altinha. Em vez de marcar um gol no companheiro (muitas vezes, adversário
mesmo), o casal pode jogar sem deixar a bola cair. Ganham os dois.
Quem dera os casamentos em Ipanema fossem todos do tipo altinha, o jogo
da moda neste tórrido verão.