quarta-feira, 21 de julho de 2021

Deu no que deu 2...




 “O exemplo de cima era seguido pelos de baixo. A historiadora Maria Helena P.T. Machado observou que, em um Brasil onde todo mundo roubavae trapaceava, era natural que o comportamento fosse abraçado pelos escravos, frequentemente acusados de furtar produtos estocados ou sobras, que eram consumidos às escondidas nas senzalas ou vendidos a donos de vendas e outros atravessadores nas vizinhanças.A justificativa poderia ser encontrada nessa quadrinha popular entre os africanos e seus descendentes no Brasil colonial, citada pelo antropólogo Arthur Ramos”:

 

                        “Nosso preto fruta galinha,

                        Fruta saco de fuijão;

                        Sinhô baranco quando fruta,

             Fruta prata e patacão.”

 

 

In Escravidão, volume II

Laurentino Gomes

Globo Livros, 2021, p. 160. 

 

 

            Deu no que deu...

Uma foto perfeita

A foto do dia


 Paula Vianna

 

Em meu ponto de vista, esta é uma das mais lindas fotografias da premiadíssima Paula Vianna, fotógrafa sub, tirada em Papua Nova-Guiné, hoje residente em Búzios, RJ.

            O peixe, por si só, é espetacular, bela obra da natureza. Tem o nome de peixe-leão, é venenoso e não tem predadores naturais; por isso é considerado invasivo.

         Mas a arte está na composição fotográfica!

            Comecemos pelo fundo, de um azul profundo, que confere a neutralidade necessária para que os outros elementos sejam revelados. Além do azul, temos apenas as cores vermelha e branca.

No centro da fotografia se destacam as barbatanas do peixe, dispostas verticalmente, listradas de branco e vermelho; as barbatanas inferiores obedecem a mesma disposição vertical.

O corpo do animal é composto de listras vermelhas e brancas, igualmente verticais.

A moldura do quadro é composta por corais filamentares, também vermelhos e dispostos verticalmente, a sugerir movimento ao sabor das correntes. 

Os únicos elementos dispostos na posição horizontal são as barbatanas laterais, várias à esquerda de quem olha e apenas uma à direita. Tais elementos quebram de forma perfeita o predomínio das formas verticais.

A “regra dos terços” está bem delimitada por uma linha horizontal na extremidade superior das barbatanas; e outra que passa exatamente pelas barbatanas horizontais do animal.

Uma foto perfeita!


Lá se vai um Picasso

 
Obra de Picasso, Fumeur V foi queimada
por coletivo nos EUA Foto: The Burned Picasso

 


Como era a obra Fumeur V, de Picasso, 

antes de ser queimada/The Burned Picasso

 


Como ficou quadro Fumeur V, de Picasso, 

após ser queimada/The Burned Picasso

 

 

“Vídeo: coletivo queima obra original de Picasso para fazer leilão em NFT - Organizadores do projeto explicam que a ideia é transferir a peça para o blockchain: 'destruição criativa', explicam”. Esta é a manchete da reportagem de Louise Queiroga (20 jul 2021) para O Globo.

Aqueles que se interessam por Arte devem ficar estarrecidos com esta notícia! Um grupo anônimo se uniu a uma comunidade virtual para queimar uma peça do pintor espanhol Picasso, o "Fumeur V", de 1964, no projeto intitulado The Burned Picasso, com o objetivo de tornar o quadro "imutável no blockchain".

“Por meio do blockchain (uma espécie de banco de dados virtual em que não pode alterar as transações ali registradas) o projeto, idealizado pela Fractal Studios, visa a leiloar a obra queimada em NFT (sigla para non-fungible token, ou seja, token não fungível, que representa uma chave criptografada que garante a autenticidade de um arquivo único). A venda é efetuada por meio do Unique One Art Marketplace e inclui a peça destruída.”

“Mesmo após incendiar o material, os traços do desenho continuaram visíveis em boa parte, assim como a assinatura do célebre artista. Os organizadores do projeto disseram ainda que vislumbraram um formato de coração próximo ao nome de Picasso. Assim, eles decidiram incluir a versão queimada no leião com um NFT adicional. Lances podem ser dados no site do Unique One até o final do mês.”

            "Com o Burned Picasso, a Fractal Studios está dando um passo adiante ao reconhecer a realidade como uma rede. Ao queimar o Picasso e cunhar seu NFT correspondente, o NFT se torna a reserva de valor e a proveniência da obra de arte original passa para a Web3.0. Assim, embora possa significar coisas diferentes para pessoas diferentes, da perspectiva do Fractal Studios e da Unique One Network, a destruição do Picasso é necessária para unir seu valor e proveniência a outra versão. A esse respeito, mover aspectos de nossa vida do mundo in-world para a Web 3.0 não os destrói, mas os transforma. E para os entusiastas que acreditam na supremacia inevitável da Web 3.0 e da interoperabilidade do blockchain, ele os preserva para as gerações futuras".

 

            Não estou certo se entendi bem isso tudo... Destruição criativa?

 

https://oglobo.globo.com/cultura/video-coletivo-queima-obra-original-de-picasso-para-fazer-leilao-em-nft-25118807