Todos que se interessam pela Literatura algum dia já enfrentaram a
questão: o que é um bom leitor? E, em oposição, um mau leitor, o que é?
Pois Amós Oz, em seu
magnífico livro De amor e trevas
(Companhia das Letras, 2005), trata do assunto logo no quinto capítulo, e de
uma forma brilhante, intensa, arrebatadora, violenta mesmo.
“O mau leitor é um
tipo de amante psicopata que pula em cima e rasga a roupa da mulher que cai em
suas mãos. E quando ela já está completamente nua, ele continua em sua sanha e
arranca sua pele, impaciente, joga fora sua carne e, por fim, quando já está
chupando seus ossos com os dentes grosseiros e amarelados, só então é que se dá
por satisfeito: Cheguei. Agora estou dentro, bem dentro. Cheguei.”
Mais adiante, Oz
explica melhor do que se trata:
“Quem procura a
essência de um conto no espaço que fica entre a obra e o seu autor comete um
erro: é muito melhor procurar não no terreno que fica entre o escritor e sua
obra, mas justamente no terreno que fica
entre o texto e seu leitor.”
Oz alerta que, de fato,
há também o que procurar entre a obra e o autor; além da pesquisa biográfica,
há o que ele chama de “valor mexerical agregado”; afirma que a “fofoca é a
prima pobre da literatura”.
Porém, ele destaca que
a essência da leitura se processa entre a obra e o leitor, daí a ideia de que
cada leitor lê seu próprio livro. É isso que torna a Literatura este universo
tão vasto, quase infinito.
Tal conceito justifica
plenamente – ou vice-versa – a afirmação de Antonio Candido, recentemente
falecido, de que “a literatura é, ou ao
menos deveria ser, um direito básico do ser humano, pois a ficção/fabulação
atua no caráter e na formação dos sujeitos”.
O que pensar então de um país como o Brasil, com aproximadamente 14 milhões de analfabetos absolutos e 35 milhões de analfabetos funcionais? Segundo o IBOPE (2005), o analfabetismo funcional chega a tingir 68% da população. O censo de 2010 revelou que uma entre quatro pessoas é analfabeta funcional. Na Região Nordeste a taxa chega a 30,8% da população.
O que pensar então de um país como o Brasil, com aproximadamente 14 milhões de analfabetos absolutos e 35 milhões de analfabetos funcionais? Segundo o IBOPE (2005), o analfabetismo funcional chega a tingir 68% da população. O censo de 2010 revelou que uma entre quatro pessoas é analfabeta funcional. Na Região Nordeste a taxa chega a 30,8% da população.
A
quantas anda o caráter e a formação desta população? Como esperar que exerçam
satisfatoriamente o direito de votar, para escolher seus representantes
políticos, dirigentes da nação?
Assim, para onde vamos?