quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Luta pela vida



nem só da beleza
plantas flores e perfume
se faz um jardim




Fotos: A.Vianna, dez 2016, jardim.

Aldravia n. 42



galharada:
impossível
camuflar
amarelo
bem-te-vi


Foto: A.Vianna, dez 2016, jardim.

A vez dos palestinos


Assentamento israelense na Palestina

A construção de assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada é ilegal, porque viola o direito internacional. E acrescenta o editorial de hoje do El País (27/12): “...e imoral, porque priva os palestinos de um Estado próprio”.
A resolução 2334 foi aprovada por todo o Conselho de Segurança da ONU, com o voto de países que mantêm excelentes relações com Israel. Isso deveria levar Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, a refletir sobre o  perigoso de isolamento de Israel.
            Agora, Netanyahu aguarda a chegada de Donald Trump à Casa Branca, já que a decisão de se abster de Barack Obama propiciou a aprovação da histórica resolução.
            Informa ainda o Editorial: “Netanyahu aceitou apenas em 2009 que a paz em Israel só pode acontecer se palestinos tiverem seu próprio Estado. Desde então, ele repetiu isso em poucas ocasiões e sua aparente indiferença em relação à paz foi acompanhada por uma grande permissividade na expansão das colônias.”
            Israel contra o mundo!





Foto: Jim Hollander / EFE

Aldravia n. 41





Gabriela
e
o
cacho
da
palmeira

Foto: A.Vianna, Natal de 2016.

Crer ou não crer?

            
             Diante de minha Pequena Crônica de Natal, publicada ontem (http://loucoporcachorros.blogspot.com.br/2016/12/cronica-de-natal.html), na qual reafirmei (com humildade) minha condição de ateu, meu mais querido e precioso leitor teceu o seguinte comentário: “Ô vontade de acreditar em alguma coisa, hem?! Como deve ser duro descrer...”
            Antigamente a coisa era pior. Os ateus eram chamados de hereges e queimados em fogueiras erigidas em praça pública, para servir de exemplo, vestidos de roupa listrada de cinza, a cor do demônio, eles mesmos filhos do tinhoso!
            Mais recentemente, o bulling abrandou: quando alguém se diz ateu, o outro logo pergunta, “Ateu graças a Deus?”
            Até que chegamos à delicada interjeição “Ô vontade de acreditar...”. Admito que haja razões para que meu precioso leitor faça tais e tais afirmações, “Como deve ser duro descrer...”.        
            Vamos às razões.
É possível que minha Pequena Crônica tenha despertado no leitor algum sentimento de piedade (inconsciente?), mas não estou certo disso. Ele, o blogueiro, tem vontade de acreditar, mas não pode ou não consegue, coitado, e fica martelando na mesma tecla vida-a-fora, como que para convencer-se a si mesmo de sua condição de descrente.
De fato, com elevada frequência este blogueiro trata de religião, de Deus e de deus, a ponto de dividir a humanidade entre os que creem e os que não creem. Em época natalina, ele tem o prato cheio.
Mas podemos inverter a (pertinente) questão que meu leitor apresenta. Por que será que os que creem têm dificuldade em acreditar que é possível descrer com certo conforto? Assinalo com certo conforto pois admito que, em se tratando de conforto, consolo, desafogo, desopressão, bonança, repouso, refrigério, mitigação, amparo, vantagem, mercê, proteção, colheita, vindima, sumum bonun, nada melhor do que crer.
E como estamos todos vivendo ainda a infância da humanidade – inclusive os ateus – somos todos precisados vez por outra de um colinho.
Há uma razão mais forte, no entanto, para que este blogueiro volte ao tema em seus escritos. (Longe de mim comparar-me ao mestre, porém o mesmo acontecia com José Saramago, que embora ateu, escreveu O evangelho segundo Jesus Cristo, In nomine dei, A segunda vida de Francisco de Assis, e outros tantos congêneres, pois não perdia uma oportunidade para voltar ao assunto, o ilustre português.)
A razão é a fortíssima percepção que tenho de que crer ou não crer são condições que interferem diretamente e de forma decisiva em nosso modo de ser e de viver não apenas nossa vida como indivíduos, mas nossa vida em sociedade. Questões difíceis como o direito ao aborto, à eutanásia, ao suicídio assistido, sofrem influência tão determinante das proibições religiosas, que não podem ser pensadas livremente pelos que creem. A atuação da chamada bancada evangélica no Congresso Nacional decide sempre em função dos mandamentos religiosos, e não do que é necessariamente melhor para o povo brasileiro. Decide, sem precisar pensar.
Portanto, não é duro descrer. Ao contrário, é condição que propicia liberdade para pensar, sem dogmas, sem pecado, sem o milenar dilema certo ou errado. E isso traz conforto. (O que não exclui, às vezes, necessidade de colo...)
Para terminar (eu não pretendia uma resposta tão longa e complicada e séria), destaco que a liberdade a que me refiro passa longe da irresponsabilidade, do tudo-pode, do vale-tudo. A Ética é capaz de indicar o bom caminho.
Com carinho, ao meu precioso leitor!




segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

verão


forma, luz e cor
calor, é o verão que chega
festa no jardim


Foto: A.Vianna, dez 2016, jardim

Pequena Crônica de Natal

            O que significa o Natal para um ateu?
            É possível que a pergunta induza meu improvável leitor a pensar que a resposta seja NADA!
            Pois isso não é verdade. Ao menos para este blogueiro, indiscutivelmente ateu. Impossível não se deixar contaminar com tantos votos de felicidade, paz, harmonia entre as pessoas, harmonia entre os povos!, prosperidade no ano que se inicia, sob a proteção de um deus onipotente, que haverá de atender às nossa preces.
            O sentimento é bom e contagiante.
            Não resta dúvida que há uma boa porção de fantasia nisso tudo, pois tais votos são renovados ano após ano, e a humanidade permanece exatamente como ela é, nem melhor nem pior.
            Por que não, inebriar-se com um bom vinho?
            Por que não, deixar-se envolver por este sentimento de bondade? Vá lá, uma vez ao ano...
            A vida em Alepo continua muito difícil, mas resta uma esperança.
            Tais votos de felicidade no Natal e no Ano Novo me parecem um presente de Papai Noel, no qual os adultos precisam acreditar. E por que não? É a criança que permanece em nós.
            Meu pai vestiu-me de Papai Noel quando minha irmã tinha três ou quatro anos de idade, na noite de Natal. Despertada para receber os presentes, os olhos ainda estremunhados de sono e sonhos, ela exclamou:
            – Ele parece o André!

            Não se pode enganar as crianças durante todo o tempo.