– Ludmila, é preciso ser
tolerante, minha filha.
– ...
–
Gays são gente como a gente.
–
...
–
Às vezes até melhores.
–
...
–
Não podem ser discriminados.
–
...
–
Grandes artistas do passado foram gays.
–
...
–
Pintores, escultores, escritores, poetas...
–
...
–
Desde os tempos mais remotos.
–
...
–
Lembra-se, Ludmila, daqueles vasos gregos que vimos no museu?
–
...
Os
pais de Ludmila eram pessoas avançadas, bem pensantes, educadas e preocupadas
com a educação da filha única, queridíssima. O sermão contra o preconceito era
sempre o mesmo, desde a mais tenra infância da menina. Ludmila, pacientemente,
ouvia, ouvia, ouvia.
Quando a jovem completou 14
anos, chamou a mãe e disse:
–
Mãe, preciso conversar com você.
–
Pois não, minha filha, sou toda ouvidos.
–
É sobre essa coisa de ser gay.
– ... (na mãe, um certo espanto).
–
Mãe, não se assuste com o que vou dizer.
–
... (agora, muito espanto).
–
Mãe, já tenho 14 anos e posso muito bem fazer minhas escolhas.
–
... (meu deus!).
–
Acho que você e papai podem compreender a minha situação.
–
... (a mãe, à beira de um ataque de nervos).
–
Mãe, eu gosto mesmo é de meninos.