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segunda-feira, 16 de maio de 2022

A arte de Aurora Cursino

Pintura sem título e sem data de Aurora Cursino

Coleção: Museu de Arte Osório Cesar. Cortesia: 

Complexo Hospitalar do Juquery 

e Prefeitura de Franco da Rocha.

Foto: Gisele Ottoboni/ Prefeitura de Franco da Rocha.

 

 

Publicação a ser lançada na próxima quarta-feira, Dia da Luta Antimanicomial: biografia "Aurora: Memórias e Delírios de Uma Mulher da Vida", de autoria da historiadora Silvana Jeha e do psicanalista Joel Birman. 

“A dupla reconstrói a vida dessa anti-heroína com base em documentos de diversos arquivos, notícias de jornal e nos próprios escritos da artista, intercalando o texto com pinturas dela e sugerindo conexões dos quadros com fatos da vida de Cursino.” 

"Puta, louca e finalmente artista, ela condensa em sua obra algo que diz respeito a todas as mulheres", escrevem os autores na introdução do livro. "Sobretudo, o que ela pinta é o patriarcado. Os quadros dela são basicamente um ataque do patriarcado à mulher. Se alguém desenhou para mim o que é o patriarcado, foi a Aurora", afirma Jeha, em entrevista. A autora acrescenta que muitos temas tratados nos quadros da artista viriam a aparecer décadas mais tarde na arte feminista, engajada.”

“Cursino aprendeu a pintar na Escola Livre de Artes Plásticas do Juquery, onde a pintora Maria Leontina deu aulas durante alguns anos. Suas telas a óleo misturavam personagens das ruas do Rio de Janeiro, autoridades do governo e representações de si mesma e dos filhos que teria tido com escritos que davam dicas sobre as situações retratadas. Suas frases não eram muito claras e ela tratava a palavra como imagem, afirma Raphael Fonseca, um dos organizadores da exposição "Raio que o Parta", em cartaz agora em São Paulo, no Sesc 24 de Maio.”

 

 

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2022/05/quem-foi-aurora-cursino-artista-lobotomizada-que-pintou-a-submissao-feminina.shtml

 

terça-feira, 10 de maio de 2022

Tempos modernos

 Quarta charge do dia



André Dahmer para a Folha de S. Paulo

Penso que o melhor nome para essa obra de André Dahmer seja uma ilustração, e não uma charge, tamanha a extensão da sua criatividade. O título é meu, não sei se o autor deu algum título. Coisa de gênio!


Relembrando o leitor:


A Dança – Henri Matisse, 1910. 
Óleo sobre tela – 2,60m x 3,91m, Museu Hermitage, 
São Petesburgo, Rússia.

Warhol no topo



Retrato de Andy Warhol leiloado nesta segunda (9)

Angela Weiss/AFP



NOVA YORK | AFP


"O retrato de Marilyn Monroe feito por Andy Warhol, "Shot Sage Blue Marilyn", foi leiloado por US$ 195 milhões, cerca de R$ 1 bilhão, nesta segunda, e bateu o recorde para uma obra do século 20 —que, até então, era ostentado por "As Mulheres de Argel", do pintor espanhol Pablo Picasso, no valor de US$ 179,4 milhões, ou R$ 925,7 milhões na cotação atual.

Ainda assim, o retrato ficou abaixo das expectativas de leiloeiros e colecionadores, que acreditavam que a obra chegaria aos US$ 200 milhões."

 

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2022/05/marilyn-monroe-de-andy-warhol-bate-recorde-e-vira-a-obra-mais-cara-do-seculo-20.shtml

 

segunda-feira, 2 de maio de 2022

O ateliê vermelho



O MoMA, de Nova York, reuniu pela primeira vez a maioria das obras que aparecem no Ateliê Vermelho, quadro de Matisse: seis pinturas, duas esculturas, uma peça de argila e um prato de cerâmica (AFP, Redação, 29 abr 2022). Ou seja, uma exposição a partir de um único quadro. 

Todas as obras foram feitas por Matisse entre 1898 - quando tinha 28 anos e acabara de concluir a Escola de Belas Artes de Paris - e 1911, quando o magnata e colecionador russo Serguei Shchukin fez uma encomenda a ele.



Das dez obras expostas, duas são propriedade do MoMA, entre elas o próprio Ateliê Vermelho, três da Galeria Nacional da Dinamarca e as outras foram emprestadas por outros museus e colecionadores privados.




De todas as obras que o artista apresenta no Ateliê Vermelho, falta o grande nu com fundo rosa. Matisse pediu que o destruíssem após sua morte. 

 



Para a composição de O Ateliê Vermelho, Matisse usou como modelo seu próprio ateliê – anteriormente branco – situado em Issy-les-Moulineaux, subúrbio de Paris. Uma grande área de cor vermelha contém a arquitetura e a mobília do ambiente, demarcadas por finas linhas, ou arranhaduras na superfície vermelha. Ele achava que o vermelho seria capaz de suprimir a ilusão de espaço. 

Na pintura são apresentados quadros, cerâmicas e pequenas esculturas feitas pelo artista. No meio da parede frontal encontra-se um relógio circular – eixo central da composição – sem os ponteiros, como se o tempo ali não importasse. 

 

 

https://cultura.estadao.com.br/noticias/artes,a-nova-vida-do-atelie-vermelho-de-matisse-no-moma-de-nova-york,70004052170

segunda-feira, 11 de abril de 2022

Reconhecimento mundial de Beatriz Milhazes

Meus quadros favoritos


 Avenida Paulista

“Beatriz Milhazes estreia na Pace Gallery, em Nova York, e se consolida como uma das maiores artistas do mundo – Aos 62 anos e com quatro décadas de profissão, carioca tem obras com valores estimados entre US$ 500 mil e US$ 1 milhão”. 

Texto de Eduardo Simões para O Globo (10 abr 2022). 

 

“Beatriz nasceu em 1960, no Rio, filha do advogado José Luiz e da professora de história da arte Glauce. Formou-se em 1981 em comunicação social, e em artes plásticas, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde também deu aulas, até 1996. Foi uma das participantes da emblemática mostra “Como vai você, Geração 80?”, na própria EAV, uma contraposição estética forte ao que havia sido produzido no país nos anos anteriores. “Todos aqueles artistas de minha geração haviam sido criados num período de repressão e estavam finalmente livres para se expressarem”, lembra. “Nos anos 1960 e 1970, quem fazia arte se sentia meio que obrigado a criar algo ligado ao momento político. Ao passo que a minha geração veio para dizer que a cultura era forte, e que colocá-la dentro de uma única caixa não refletia liberdade de expressão, uma questão fundamental para o artista”, diz Beatriz.”


          Eu gosto muito da obra de Beatriz Milhazes!


Beatriz em seu ateliê. 



https://oglobo.globo.com/ela/gente/beatriz-milhazes-estreia-na-pace-gallery-em-nova-york-se-consolida-como-uma-das-maiores-artistas-do-mundo-25468567

 

terça-feira, 22 de março de 2022

Camponesa e cavalo

Meus quadros favoritos


 

David Davidovich Burliuk (1882-1967) foi um pintor, mecenas de arte, escritor, poeta e dramaturgo da Ucrânia, tido para muitos como «o pai do futurismo literário russo», formando com os irmão Vladimir, pintor, e Nikolai, poeta, o centro de gravidade do Cubofuturismo em seus primórdios, posteriormente a principal tendência futurista daquele país. 

          Sendo os seus pais ricos, aquando da sua juventude teve a oportunidade de estudar em países como a França, a Alemanha e, posteriormente, a Grécia. Contudo, foi na Ucrânia que completou os estudos, em 1913.

          Em 1898-1910 ele estudou no Odessa Art College. Ingressou no Instituto de Moscovo de Pintura, Escultura e Arquitectura em 1911 e acabou o curso em 1913. Porém, com a 1ª Guerra Mundial, a instabilidade política e o aproximar de uma revolução eram notáveis, tendo o artista que emigrar forçadamente para Nova Iorque, nos EUA. A partir dali viajou também até ao Canadá e, de seguida, para o Japão, em 1922.

          Foi durante este período que descobriu o gosto pelo expressionismo e, após este, pelo abstraccionismo, aplicando-se na pintura de paisagens campestres, entre outros temas. Era muito conhecido pelos retratos, que constituem grande parte da sua obra.

No ano de 1911 conhece o poeta Vladimir Maiakovski, de quem seria o principal incentivador.

          No ano de 1914, Burliuk já era uma das personalidades mais conhecidas do público ucraniano e russo.

          Inspirado em Vincent van Gogh (como se pode notar em A Ponte Gleize sobre o Canal Veigneyret) ou mesmo Kandinsky, continuou a aplicar-se nos movimentos da vanguarda, estudando-os e redigindo-os para o papel, já que escritor era.

          Activo durante cerca de cinquenta e cinco anos, morreu em 1967, deixando aos seus um legado de incontáveis obras, todas elas de diferentes movimentos artísticos.”

 

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/David_Burliuk

 

O galo violeta


'O galo violeta' (1966-1972), de Marc Chagall

Foto: © Chagall, Marc/AUTVIS

 

 

“A vida e a obra do russo naturalizado francês Marc Chagall são destaque da exposição “Marc Chagall: sonho de amor”, que inaugura nesta quarta-feira (16) no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio. Com 186 trabalhos, a mostra é a maior já realizada no Brasil sobre o artista, cuja obra é reconhecida mundialmente como uma ode ao amor e à esperança, e encanta o público com seu universo onírico.”


https://oglobo.globo.com/rioshow/marc-chagall-ganha-mostra-com-186-obras-no-ccbb-25433633


quinta-feira, 10 de março de 2022

Pinturas rupestres amazônicas

 

 

Pinturas rupestres amazônicas podem ser 

de mamíferos da Era do Gelo. 

Iriarte et al., Royal Society/The New York Times

 


 

A possível preguiça-gigante, no topo, com reconstruções artísticas modeladas a partir de um parente vivo próximo, a preguiça-de-três-dedos, no centro. O painel inferior considera se o desenho era de uma espécie extinta de urso, Arctotherium, padronizando-o a partir de seu parente vivo mais próximo, o urso-de-óculos

Iriarte et al., Royal Society/The New York Times 

Desenhos de Mike Keesey

 

 

 

 

Arte rupestre na Amazônia mostrou animais da Era do Gelo?: reportagem de Becky Ferreira /THE NEW YORK TIMES para afolha de S. Paulo (9 mar 2022).  

“No final da última era do gelo, a América do Sul era habitada por animais estranhos que desde então entraram em extinção: preguiças-gigantes, herbívoros semelhantes a elefantes e uma linhagem antiga de cavalos. Um novo estudo sugere que podemos ver esses animais extintos em pinturas encantadoras de ocre feitas por humanos da era do gelo num afloramento rochoso na Amazônia colombiana.  

"Toda a biodiversidade da Amazônia está pintada ali", disse Iriarte – animais e plantas aquáticos e terrestres, além de "animais que são muito interessantes e aparentam ser mamíferos de grande porte da Era do Gelo".

“Iriarte e seus colegas integram um projeto que estuda a chegada de humanos na América do Sul. Em um estudo publicado no periódico Philosophical Transactions of the Royal Society B, eles defendem o argumento de que a arte rupestre retrata megafauna da Era do Gelo. Mas, como o próprio estudo reconhece, a identificação de animais extintos em arte rupestre é controversa – e o sítio de La Lindosa não constitui exceção.”

“Os arqueólogos Fernando Urbina e Jorge Peña, da Universidade Nacional da Colômbia, rejeitam a hipótese de que as pinturas remontam à Era do Gelo.” 


Ciência é assim. Demora-se a estabelecer a verdade definitiva. Mas a verdade precisa ser perseguida a todo custo. Este é método científico. 

 

 

https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2022/03/arte-rupestre-na-amazonia-mostrou-animais-da-era-do-gelo.shtml

 

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Cristo, o Homem das dores

 



Detalhes de "Cristo, o Homem das Dores", de Sandro Botticelli

Foto: Reprodução/Sotheby's

 


Cristo, o Homem da Dores, de Botticelli, é vendido por US$ 45 milhões em leilão em Nova York.

Estima-se que a obra foi concluída por volta do ano 1500. "Acreditamos que existam apenas cerca de cinco pinturas de Botticelli em mãos particulares", disse Apóstolo, que sublinhou o caráter retrospectivo e emocional da pintura, resultado do fato de ter sido pintada nos últimos anos da vida do pintor. 

"É uma pintura metafísica de uma pessoa madura enfrentando sua própria mortalidade, e é isso que a torna tão comovente", acrescentou o especialista da Sotheby's. 

“Representando Cristo com uma coroa de espinhos, cercado de laços, com as mãos cruzadas sobre o peito e com uma auréola de anjos voando sobre a cabeça, tem um estilo sóbrio e austero, longe da inocência de suas primeiras obras, como o famoso Nascimento de Vênus.”

 

https://cultura.estadao.com.br/noticias/artes,quadro-de-botticelli-arrecada-us-45-milhoes-em-leilao-em-nova-york,70003962399

sábado, 27 de novembro de 2021

Imagem de santo

Meus quadros favoritos 



Bernardino Luini (1475 - 1532) foi um pintor italiano do norte, pertencente ao círculo de Leonardo da Vinci. Luini e Giovanni Antonio Boltraffio trabalharam com Da Vinci diretamente e muitos de seus trabalhos foram até atribuídos a Leonardo. 

Luini nasceu Bernardino de Scapis, em Runo, em Dumenza. Há poucos detalhes sobre sua vida. Em 1500, foi para Milão com seu pai. Estudou com Giovan Stefano Scotto e Ambrogio Bergognone. Em 1509, recebeu uma encomenda para um políptico no Museu Poldi Pezzoli, influenciado por Bernardino Zenale, uma de suas obras mais conhecidas. Quando esteve em Roma, em 1521, influenciou-se também por Melozzo da Forlì. 

Morreu em Milão. Seu filho, Aurelio Luini também foi um famoso pintor.”

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Bernardino_Luini

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Amor e dor



 Amor e Dor, de Edvard Munch
pintada entre 1893 e 1895
 

A obra recebeu o título de A vampira, dado pelo crítico Stanisław Przybyszewski, amigo de Munch. 

A pintura mostra um homem e uma mulher de longos cabelos vermelhos, se abraçando. A mulher parece beijar ou morder o pescoço do homem. O próprio Munch sempre afirmou que não mostrava nada mais do que "apenas uma mulher beijando um homem no pescoço".

Munch pintou várias do mesmo tema. Três versões estão na coleção do Museu Munch em Oslo, uma é mantida pelo Museu de Arte de Gotemburgo, outra é propriedade de um colecionador particular.  

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Amor_e_Dor

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Duchamp, Weiwei... e Banksy


Obra de Banksy parcialmente triturada leiloada na Sotheby's

Foto: Haydon Perrior/Sotheby's/AP

 

Em outubro de 2018 este blogueiro postou notícia de certa obra de Banksy picotada em pleno leilão, para grande espanto dos presentes e de todo o mundo das artes. “A mulher (anônima) que adquiriu a tela por mais de um milhão de euros (4,37 milhões de reais) manteve a decisão de ficar com ela, apesar de semi-destruída. Afirmou ela: “Depois do susto inicial, comecei a perceber aos poucos que tinha nas mãos uma peça da história da arte”.

            Opinião deste blogueiro, expressa no dia seguinte ao leilão: “A pintura picotada ainda vai parar em um grande museu do mundo, tal qual o urinol de Marcel Duchamp! Ela representa um momento único na História da Arte.” 

https://loucoporcachorros.blogspot.com/2018/10/banksy-vota-cena.html

            Houve quem discordasse.

            

Notícia de hoje (Agência Reuters/Estadão, 15 out 2021):

 

“Quadro de Banksy, destruído pela metade por um triturador escondido em sua moldura ao ser vendido, foi arrematado por US$ 25,4 milhões, ao ser leiloado novamente no mesmo estabelecimento em Londres nessa quinta-feira, 14 (valor três vezes maior do que era estimado e um recorde em leilões para o artista).

“Algumas pessoas acham que o quadro não foi realmente triturado. Ele foi. Outras acreditam que a casa de leilões sabia, mas eles não sabiam”, escreveu o artista de rua, cuja identidade é mantida em segredo, em sua conta no Instagram em 2018.” 

 

            E a reportagem conclui:

“A Sotheby's disse que a obra se enquadra em uma história ilustre de antiarte, incluindo a submissão anônima da Fonte de Marcel Duchamp, um urinol de porcelana remontado em um pedestal em 1917, e o artista chinês Ai Weiwei, que se fotografou no momento em que intencionalmente derrubava uma suposta urna da Dinastia Han.”

 

Em matéria de Arte, como na vida, é preciso dar tempo ao tempo. 

 

https://cultura.estadao.com.br/noticias/artes,quadro-de-banksy-parcialmente-triturado-e-vendido-por-us-25-4-milhoes-em-leilao,70003868965

 

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Estúdio de Matisse em Collioure


 

 

Estúdio de Matisse em Collioure, obra de Henri Matisse pintada na pequena cidade da costa mediterrânea da França, em 1905, vale a pena ser observada com cuidado e tempo, tantas são as informações nela contidas.

            Logo ao primeiro olhar distinguimos dois ambientes, o interior e o externo. Como o próprio título do quadro indica, trata-se do estúdio do artista; destacam-se na parede lateral à esquerda de quem olha, duas telas, em frente uma escultura sobre alto tripé a representar um casal, a face posterior de outra tela mais inferiormente (estará pintada?), e por fim, no chão, pequena vasilha com água. A parede está coberta de cores fortes, puras, primárias e secundárias: vermelho, verde, amarelo, azul, violeta, uma das principais características do fauvismo, movimento encabeçado por Matisse a partir de 1905. O mesmo ocorre com a parede à direita, onde estão dependuradas duas telas e logo abaixo uma espécie de móvel; o tampo azul contém pratos e vasos, o maior deles com flores que parecem fazer parte da tela acima; numa espécie de prateleira está a palheta do pintor sobre um livro (?) ou caixa de guardar tintas (?); rente ao chão, vaso com pincéis e outra tela. No canto inferior direito do quadro vemos parte de uma cadeira, com pequena caixa contendo material de pintura (?) sobre o acento de palhinha. O chão, em frente à porta, sobre um tapete repousa mesinha com vasos e plantas em florescimento. No piso predomina o vermelho vivo e o azul escuro.

            As duas folhas abertas da porta-janela ainda fazem parte do interior, porém já começam a revelar o que está fora: mostram o reflexo de céu, das palmeiras, do chão cor de areia, das construções na cidade. As partes mais inferiores de ambas as folhas deixam transparecer apenas as cores das paredes. Matisse não desperdiça espaço: procura captar o real em sua totalidade.

            A varanda, contendo dois vasos de plantas e delimitada por delicada grade, é espaço de transição entre o interno e a paisagem exterior.

            A partir daí, a cidade, o verde-mar, pequenos barcos espalhados pela areia (?), à esquerda pequena árvore sob a qual há mesas e cadeiras, será mesmo um navio o que se vê ao fundo?, o céu violeta, o reflexo nas nuvens da luz solar. A pintura é luminosa, fora e no interior do estúdio.

            A janela aberta tornou-se tema recorrente na obra de Matisse.

 

            Em tempos de pandemia, passo as manhãs em frente a uma janela – a tela de meu computador –, onde mantenho contato como o mundo exterior. Este mundo não é tão belo quanto aquele representado por Matisse; nele há fome, doença, morte, corrupção, desentendimento, muito ódio e pouco amor. A Arte me ajuda a suportá-lo.

 

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Os dois significados de Saltimbanco

 


Família de saltimbancos, de Pablo Picasso


 

Curiosa a palavra saltimbanco. Segundo o Oxford Languages, ela tem dois significados bem distintos, correlatos porém distintos, e portanto se aplicam a diferentes circunstâncias.


1. integrante de um elenco de artistas populares itinerantes, que se exibem em circos, feiras e praças públicas do interior; pelotiqueiro.

 

2. indivíduo que exibe suas habilidades nas feiras ou na via pública, vendendo elixires reputados milagrosos, seduzindo o público com discursos e trejeitos espalhafatosos; farsante, charlatão.

 

Etimologia: do italiano “saltare in banco”, “pular sobre um banco”, o que muitos artistas de feira faziam em suas apresentações.

 

O primeiro significado nos remete à pintura acima, de Pablo Picasso. A Família de saltimbancos, do pintor espanhol, data de 1905 e é considerada uma obra prima; encontra-se exposta na National Gallery of Art, em Washington. Marca a transição entre as fases azul e rosa, anteriores ao cubismo. Suas telas adquirem um tom mais delicado, com predominância das cores rosa e vermelho; o artista costumava pintar figuras em pequenos grupos de saltimbancos, arlequins e bobos da corte. 

O ambiente parece triste e de introspecção, provavelmente inspirado no Circo Médrano localizado próximo a casa de Picasso, no bairro boêmio de Monmartre, em Paris. Chama atenção a imagem dos saltimbancos, comumente associados à alegria, e o deserto duro e desolado ao fundo. 

As figuras se mostram isoladas umas das outras, as bocas sem expressão, olham em diferentes direções, em aparente ausência de sentido. “A obra de Picasso, no entanto, concretiza o retrato dos apátridas, pessoas sem local. Esta questão liga-se ao silêncio estudado na obra de Hannah Arendt; segundo a filósofa alemã, não há situação mais degradante para o homem do que a perda irremediável de um lugar no mundo.” (https://pt.wikipedia.org/wiki/La_famille_de_saltimbanques)

A mulher à direita, de frente para o observador e apartada do grupo, está bem vestida e usa um chapéu enfeitado com flores. É mais um enigma nessa obra, que evoca sensação de mistério e desperta variadas interpretações.

 

            O segundo significado de saltimbanco sugere a existência de um farsante, de um charlatão. Sobram, no atual quadro político do país, figuras que bem se adaptam à denominação de saltimbancos – um verdadeiro e triste grupo de saltimbancos!

 

 

 

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

A vaca e o cavalo amarelos

Meus quadros favoritos

Para a Gabriela



 Yellow Cow (A vaca amarela) é o título de um famoso quadro do artista alemão Franz Marc, datado de 1911. É uma das obras mais conhecidas do artista, uma das várias de suas representações de animais, no estilo expressionista. Pude vê-la exposta no Museu Solomon Guggenheim, em Nova Iorque, e é realmente uma obra impressionante! (Tenho uma reprodução dela em meu escritório.)

            As cores empregadas pelo artista têm forte simbolismo. Para Marc, o azul representa espiritualidade; o amarelo, o feminino e a sexualidade; o vermelho, a terra. 

            Segundo o historiador Mark Rosenthal, o quadro foi pintado no mesmo ano em que Franz Marc se casou com Maria Franc, e é uma representação dela!

            O artista retratou outros animais, entre eles The Long Yellow Horse, em estilo cubista.


            


 

https://en.wikipedia.org/wiki/Yellow_Cow

 

sexta-feira, 30 de julho de 2021

Sarah Pripas em Lisboa

Acompanho com o maior interesse e admiração o desenvolvimento artístico de Sarah Pripas, filha dos grandes amigos Sergio e Claudia.

Sarah estuda Arte na Universidade de Lisboa. Não é a primeira vez que tenho o prazer de publicar nesse blog trabalhos dela.

Assim ela descreve sua última criação, publicada no Instagram:

 


“series of paintings made of water and fire - 


the paintings were a part of the exhibition “se eu fosse eu” (“if i was myself”), which i worked a lot on the idea of duality and paradoxes of ourselves.


- in this work the paper was painted with watercolor and then burned on some parts to create this duality of opposites that become one”.

 

                                         Sarah Pripas

 

 

            Gosto de pensar a frase Uma artista em busca de seu estilo. Parabéns, Sarah! Torcendo muito por você!








quarta-feira, 21 de julho de 2021

Lá se vai um Picasso

 
Obra de Picasso, Fumeur V foi queimada
por coletivo nos EUA Foto: The Burned Picasso

 


Como era a obra Fumeur V, de Picasso, 

antes de ser queimada/The Burned Picasso

 


Como ficou quadro Fumeur V, de Picasso, 

após ser queimada/The Burned Picasso

 

 

“Vídeo: coletivo queima obra original de Picasso para fazer leilão em NFT - Organizadores do projeto explicam que a ideia é transferir a peça para o blockchain: 'destruição criativa', explicam”. Esta é a manchete da reportagem de Louise Queiroga (20 jul 2021) para O Globo.

Aqueles que se interessam por Arte devem ficar estarrecidos com esta notícia! Um grupo anônimo se uniu a uma comunidade virtual para queimar uma peça do pintor espanhol Picasso, o "Fumeur V", de 1964, no projeto intitulado The Burned Picasso, com o objetivo de tornar o quadro "imutável no blockchain".

“Por meio do blockchain (uma espécie de banco de dados virtual em que não pode alterar as transações ali registradas) o projeto, idealizado pela Fractal Studios, visa a leiloar a obra queimada em NFT (sigla para non-fungible token, ou seja, token não fungível, que representa uma chave criptografada que garante a autenticidade de um arquivo único). A venda é efetuada por meio do Unique One Art Marketplace e inclui a peça destruída.”

“Mesmo após incendiar o material, os traços do desenho continuaram visíveis em boa parte, assim como a assinatura do célebre artista. Os organizadores do projeto disseram ainda que vislumbraram um formato de coração próximo ao nome de Picasso. Assim, eles decidiram incluir a versão queimada no leião com um NFT adicional. Lances podem ser dados no site do Unique One até o final do mês.”

            "Com o Burned Picasso, a Fractal Studios está dando um passo adiante ao reconhecer a realidade como uma rede. Ao queimar o Picasso e cunhar seu NFT correspondente, o NFT se torna a reserva de valor e a proveniência da obra de arte original passa para a Web3.0. Assim, embora possa significar coisas diferentes para pessoas diferentes, da perspectiva do Fractal Studios e da Unique One Network, a destruição do Picasso é necessária para unir seu valor e proveniência a outra versão. A esse respeito, mover aspectos de nossa vida do mundo in-world para a Web 3.0 não os destrói, mas os transforma. E para os entusiastas que acreditam na supremacia inevitável da Web 3.0 e da interoperabilidade do blockchain, ele os preserva para as gerações futuras".

 

            Não estou certo se entendi bem isso tudo... Destruição criativa?

 

https://oglobo.globo.com/cultura/video-coletivo-queima-obra-original-de-picasso-para-fazer-leilao-em-nft-25118807

 

segunda-feira, 12 de julho de 2021

O Pintor de girassóis




O Pintor de Girassóis  (Le Peintre de Tournesols) é o retrato de Vincent van Gogh pintado por Paul Gauguin em dezembro de 1888.

            A primeira mirada de quem observa o quadro há de se dirigir para o pintor, logo identificado com a figura de van Gogh. Mas a imagem se parece muito mais com as figuras humanas pintadas por Gauguin do que com o próprio van Gogh. A barba e o bigode têm forte tonalidade laranja/ocre, na tentativa de reproduzir a barba ruiva do artista. O paletó é feio, tosco, grosseiro mesmo.

O artista, com o braço direito estendido e segurando o pincel com mão delicada, trabalha em um de seus temas proferidos, os girassóis. A mão esquerda segura a paleta. 

Pode surgir daí uma primeira ilusão, a de que o homem retratado está a pintar exatamente as flores que tanto aprecia! O pincel parece tocar mesmo uma pétala amarela do girassol. A observação mais atenta revela que se trata de um vaso azul, onde estão dispostos (ou plantados?) os girassóis, e que este mesmo vaso está posto sobre uma cadeira de palhinha, motivo de outro quadro famoso do holandês, A cadeira de van Gogh e seu cachimbo (1888). Apenas a flor que o pincel toca tem as pétalas desenhadas; as três flores inferiores estão incompletas, o seu miolo com a mesma cor da barba de van Gogh, o que indica que a pintura está em andamento.

O observador, tomado pela beleza do quadro, só agora percebe na sua extremidade superior esquerda, uma tela sobre um cavalete, pintada exatamente de perfil, de modo a revelar apenas a estreita face lateral da tela – o suporte da obra de arte. Na realidade, as flores que aparecem no quadro não são pintadas por van Gogh, nem mesmo é certo que van Gogh esteja pintando girassóis; o que ele pinta, Gauguin não revela! E nem poderia revelar: a arte de van Gogh é única, inimitável, os girassóis de van Gogh, só ele poderia pintar. 

(Cabe aqui uma divagação: teria sido esta uma manifestação de humildade do Paul Gauguin, amigo e admirador do holandês? É possível, embora a ideia não seja muito condizente com o que conhecemos do caráter de Gauguin.)

Por fim, vale a pena que o observador aprecie o último plano, ou o fundo da pintura. De baixo para cima destaca-se um belíssimo azul delicado, azul-água – a segunda possível ilusão, a de que se trate de um pequeno lago –, a quebrar os tons fortes do modelo e das flores; uma observação mais atenta sugere que se trata da parede do aposento onde estão o pintor e seu modelo; no lado esquerdo da tela, de cima até quase sua parte inferior, vê-se pintura esmaecida, azul-amarelada, a completar a parede do interior; parece tratar-se de espécie de janela, por onde se pode observar três faixas de cores diferentes. (Quem me alertou para a existência dessa parede foi meu irmão Paulo, arguto observador!) Logo acima, um amarelo também mais suave, semelhante ao do acento da cadeira, possivelmente correspondendo a uma faixa de terra; segue-se a faixa verde-escuro vegetal, com três troncos de árvores cinzentos; por fim, o que parece ser um muro pintado de violeta desbotado. Acima do muro, casas e seus telhados.

 

O retrato foi pintado quando Gauguin visitou van Gogh em Arles. Vincent solicitava com insistência a visita do amigo. Gauguin viajou depois que o irmão de Van Gogh, Theo, dispôs-se a pagar seu transporte e demais despesas, permanecendo em Arles por apenas dois meses; os dois pintores brigavam muito, Vincent acabando por mutilar sua orelha esquerda depois de uma discussão entre eles. 

Em carta a Theo, irmão de Van Gogh, em 1888, Paul Gauguin escreveu:

 

"Sou obrigado a voltar para Paris. Vincent e eu não podemos de modo algum continuar vivendo lado a lado sem atritos, devido à incompatibilidade de nossos temperamentos e porque nós dois precisamos de tranquilidade para nosso trabalho. Ele é um homem de inteligência admirável que tenho em grande estima e deixo com pesar, mas, repito, é necessário que eu parta."

 

A impressão que van Gogh teve de O pintor de girassóis  foi a de que havia sido retratado como um louco. 

 

 

http://lounge.obviousmag.org/cafe_amargo/2012/12/a-tragica-relacao-de-van-gogh-e-gauguin.html

 

 

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Por quê gosto de Rothko?






Mark Rothko nasceu em Dunaburgo (1903) e morreu em Nova Iorque (1970);  é considerado um dos mais famosos pintores americanos do período pós-guerra, de origem letã e judaica, classificado como um expressionista abstratoImigrou com sua família da Letónia para os Estados Unidos em 1913, quando ele tinha dez anos. 

Fez seus estudos no Lincoln High School de Portland, depois na Universidade Yale. Em 1929, tornou-se professor de desenho para crianças.

“De acordo com seus amigos, tinha uma natureza difícil. Profundamente ansioso e irascível, podia ser também extremamente afetuoso. É na década de 1950 que sua carreira verdadeiramente se destaca, graças sobretudo ao colecionador Duncan Philips que lhe comprou vários quadros e, após uma longa viagem do pintor à Europa, consagrou uma sala inteira à sua coleção (um sonho de Rothko, que desejava que os visitantes não fossem perturbados por outras obras).

Rothko era um intelectual, um homem extremamente culto que amava a música e a literatura e era muito interessado pela filosofia, em particular pelos escritos de Nietzsche e pela mitologia grega. Influenciado pela obra de Henri Matisse – a quem ele homenageou em uma de suas telas – Rothko ocupou um lugar singular na Escola de Nova York.

Após ter experimentado o expressionismo abstrato e o surrealismo, ele desenvolveu, no final dos anos 1940, uma nova forma de pintar. Hostil ao expressionismo da Action Painting, Mark Rothko (assim como Barnett Newman e Clyfford Still) inventa uma forma meditativa de pintar, que o crítico Clement Greenberg definiu como Colorfield Painting ("pintura do campo de cor"). Em suas telas, ele se exprime exclusivamente por meio da cor em tons indecisos, em superfícies moventes, às vezes monocromáticas e às vezes compostas por partes diversamente coloridas. Ele atinge assim uma dimensão espiritual particularmente sensível.”

“Um livro crucial para Rothko foi O nascimento da tragédia de Friedrich Nietzsche. A nova visão de Rothko tentava dirigir-se às exigências da espiritualidade do homem moderno e às exigências criativas mitológicas, como Nietzsche, clamando que a tragédia grega é uma tentativa humana de compensar os terrores de uma vida mortal. Os objetivos artísticos modernos deixam de ser importantes para Rothko e sua arte terá como finalidade, aliviar o vazio espiritual fundamental do homem moderno; um vazio criado pela ausência de uma mitologia voltada corretamente "ao crescimento de um espírito infantil e (…) para a vida e as lutas de um homem" e para fornecer o reconhecimento estético necessário à liberação das energias inconscientes, precedentemente liberadas pelas imagens, símbolos e rituais mitológicos.

        Rothko se considerava como um "fazedor de mitos". "A experiência trágica fortificante", escreveu ele, "é para mim a única fonte de arte".

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Mark_Rothko