sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Herança do trauma


A reportagem é de Benedict Carey, para The New York Times (21 dez 2018), com o chamativo título Cientistas debatem se é possível herdar geneticamente um trauma – Estudos recentes sugerem que o trauma pode alterar os genes de uma pessoa.
Pesquisadores da Califórnia publicaram estudo sobre prisioneiros da Guerra Civil americana e chegaram a uma conclusão notável: filhos do sexo masculino de prisioneiros de guerra que sofreram abusos tinham cerca de 10% mais propensão a morrer do que seus semelhantes, a partir da meia-idade. 
O resultado sugeria uma “explicação epigenética”. “A ideia é que o trauma pode deixar uma marca química nos genes de uma pessoa, a qual é transmitida para as gerações seguintes. A marca não danifica o gene; não há mutação. Mas altera o mecanismo pelo qual o gene se manifesta ou é convertido em proteínas funcionais.”  
O campo da epigenética ganhou força há cerca de uma década. Estudos sobre os descendentes de sobreviventes do Holocausto, por exemplo, sugerem que “herdamos alguns traços da experiência de nossos pais e avós, particularmente o sofrimento deles, o que, por sua vez, modifica nossa própria saúde – e talvez a de nossos filhos também.” 
Afirma Carey: “Uma das teorias se baseia em pesquisas com animais. Em estudos recentes, cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Maryland, liderados por Tracy Bale, criaram camundongos machos em ambientes difíceis, balançando periodicamente suas gaiolas ou deixando as luzes acesas durante a noite. Isso altera o comportamento subsequente dos genes desses ratos de tal modo que eles mudam a forma como gerenciam os surtos de hormônios do estresse. E essa mudança está associada a alterações na maneira como seus filhos lidam com o estresse: de modo geral, esses camundongos jovens são menos reativos aos hormônios, em comparação aos animais que não passaram pela experiência, disse Bale. “São resultados claros e consistentes”, disse ela. “O campo avançou muito nos últimos cinco anos”.
Assunto interessantíssimo, ainda por ser mais bem esclarecido pela Biologia e Genética. 



Salve Oeiras!

A foto do dia


Estudantes do curso de bandolim se apresentam
em frente a Igreja Matriz, em Oeiras
Foto: Reginaldo de Oliveira


“Oeiras, a cidade do sertão do Piauí que em sete anos conseguiu saltar nos indicadores de educação, passou por um processo que os próprios educadores chamam de "intervenção de educação", em que várias práticas inovadoras foram implementadas para melhorar a qualidade do ensino, considerado como um "doente na UTI", de forma rápida e eficaz. 

Se a alfabetização é a base de todo o trabalho em Oeiras, é a arte que faz a ponte entre os saberes. “A arte é transversal em todas as nossas atividades”, afirma Tiana Tapety. As escolas têm núcleos de cultura onde estão disponíveis diversas aulas, como os cursos de bandolim, um saber tradicional da região, que foi resgatado pela rede de educação. A aposta de Oeiras está em linha com pesquisas internacionais que mostram que a arte é o caminho para o desenvolvimento da criatividade e pensamento crítico – habilidades consideradas essenciais para garantir empregabilidade no futuro.”