sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Partituras inéditas de Villa-Lobos


Partituras inéditas de Heitor Villa-Lobos 
Foto: Dida Sampaio/Estadão


A reportagem é de João Luiz Sampaio, para o Estado de S. Paulo (10 Ago 2018): encontrado em Brasília manuscrito considerado perdido do compositor Heitor Villa-Lobos.  Trata-se da parte de piano do Concerto Brasileiro para Dois Pianos e Coro, estreado no Rio de Janeiro em 1934 pelo próprio compositor e pelo pianista José Vieira Brandão. O achadofoi realizado pelo pesquisador Alexandre Dias, criador e diretor do Instituto Piano Brasileiro. 
Informa Sampaio que a partitura referente às intervenções do coro já pertencia ao acervo do Museu Villa-Lobos, mas, sem o restante da música. “Na verdade, sem a parte do piano, não dava para entender exatamente o que o compositor buscava alcançar com a partitura. Agora, é possível enxergar com mais clareza o que ele propunha”, explica Dias. 
A história da descoberta começou há alguns meses, quando Márcio Brandão, filho de José Vieira Brandão, procurou o Instituto Piano Brasileiro, criado em 2015 com o objetivo de reunir, digitalizar e editar acervos de compositores e pianistas brasileiros. “José Vieira foi grande amigo, o braço direito de Villa-Lobos, estreou obras como suas Bachianas Brasileiras n.º 3 e o Ciclo Brasileiro”, lembra Dias. “O Márcio tinha 145 pastas grandes com manuscritos, fotos, cartazes, programas, gravações. Para se ter uma ideia, já digitalizamos cerca de 8 mil páginas, e isso corresponde a 10% do material que estava disponível.”
Entre esse material, Diasencontrou uma partitura com a anotação Atrevido, escrita para dois pianos. “Ali o sinal de alerta acendeu, porque o Concerto Brasileiro foi uma homenagem a Ernesto Nazareth, e sabíamos que nele o Villa evocava duas obras dele, Atrevido e Odeon. Comparamos então com a parte do coro e elas se sobrepunham, encaixavam.”
O Instituto Piano Brasileiro é uma iniciativa de Dias, que, ao lado de alguns parceiros, já descobriu peças inéditas de Nazareth, João Pernambuco e Fructuoso Viana, entre outros autores. Em três anos, mais de 200 mil documentos já foram digitalizados, além de centenas de gravações, muitas delas inéditas. 
“No IPB, Dias conta com a ajuda de alguns pesquisadores parceiros, mas, sem patrocínio, depende de uma campanha de crowdfunding para bancar o trabalho, além de investir do próprio bolso no projeto. “Cada material é importante. Quando a última edição de uma obra desaparece, é como um animal que entra em extinção. Mas, mais do que isso, no momento em que tudo é catalogado e digitalizado, é possível cruzar informações, entender a história do piano no Brasil, descobrir novos repertórios, oferecê-los a artistas”, explica ainda.”
 A obra de Villa-Lobos é monumental em qualidade e extensão. Resta muita coisa a ser descoberta, catalogada, editada e principalmente gravada, para alegria de seus admiradores. 



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Foto: Heloisa Seixas / Folhapress



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