segunda-feira, 14 de março de 2016

Tudo vai ficar bem



O filme rodava já há uns cinco minutos quando um sujeito senta-se a duas cadeiras do meu lado esquerdo. Ele não vai entender nada, pensei. Pois é, Every thing will be fine, título traduzido literalmente para Tudo vai ficar bem, é um desses filmes que você precisa ver desde o começo, ou terá dificuldade para acompanhá-lo.
            O diretor dispensa comentários, é o alemão Win Wenders. Depois de alguns filmes documentais, ele se entrega à ficção. E o resultado é muito bom. Nota-se perfeitamente a mão de um diretor competentíssimo em várias passagens do filme.
            O tal início que você não pode perder, não vou revelá-lo aqui, em respeito ao futuro expectador, o que torna bem mais difícil escrever esta crônica. Trato apenas da essência do filme, os modos de viver o luto.
            O tema interessa a todos nós, que perdemos desde que nascemos e continuamos a perder ao longo da vida, até a morte, a perda de nós mesmos. Aprender a viver com as perdas, eis um dos fundamentos da Sabedoria.
            Pois o filme mostra pelo menos quatros maneiras diferentes de lidar com o luto, através das histórias dos respectivos personagens. O primeiro deles, o protagonista, é um escritor que luta em busca do reconhecimento, com altos e baixos após o trauma inicial. Arrisco dizer que a escrita funciona para ele como uma forma de terapia (trata-se de um ponto de vista muito pessoal, um aspecto discutido com frequência neste blog); nos piores momentos da vida, ele não desiste da escrita, e certamente se beneficia dela, a despeito do esforço para realizá-la. (Nada se consegue sem esforço.)
            Sua noiva, embora não tivesse sofrido as consequências do acidente inicial, lida mal com a quebra da relação entre eles. Numa cena interessante, anos depois, casada e com filhos, ao encontrar o escritor num teatro, agride-o com dois retumbantes tapas na face.
            A mãe, estrelada pela exótica inglesa Charlotte Gainsbourg, a maior vítima de todo o enredo, nos dá uma lição de vida, de como enfrentar uma perda insuportável, e superá-la tanto quanto possível.
            O quarto personagem, um menino pequeno que cresce ao longo do desenrolar da trama, tem sua atuação já no difícil período da adolescência, e é aquele que vive a perda com maior dificuldade, beirando a doença mental.
            Ao final, como sugere o título, tudo fica bem. Ou seja, a vida prossegue, como a vida de todos nós, com uma quantidade de frustrações sempre muito superior a de alegrias e realizações. Esta última frase não está no filme, está na vida.




Professora Hanan Al Hroub



A professora palestina Hanan Al Hroub, que cresceu em um campo de refugiados, ganhou o prêmio Global Teacher, considerado o Nobel da Educação.
Após ter passado sua infância em um campo palestino perto de Belém, hoje ela dá aulas para refugiados. Trabalha com crianças vítimas de todo tipo de violência, utilizando jogos e brincadeiras e encorajando-as a trabalhar em grupo.
"Professores podem mudar o mundo", disse ela após receber a premiação (US$ 1 milhão), que usará para ajudar seus alunos.
Um brasileiro, o professor voluntário Marcio Andrade Batista, estava entre os indicados ao prêmio. Ele dá aulas em Mato Grosso, utilizando-se de metodologia que se baseia na aplicação das ciências à vida cotidiana. Marcio, o primeiro brasileiro selecionado em três anos do prêmio, estava na lista dos 50 finalistas.



A Cólera de Raduan Nassar




Raduan Nassar é indicado ao Man Booker International 2016.
Em janeiro deste ano o livro Um copo de cólera, de Raduan Nassar foi traduzido para o inglês, e incluído na pré-lista final do Man Booker International de ficção, um dos prêmios mais prestigiados da literatura mundial.
            O livro, uma das grandes (e poucas) obras do escritor, foi concluído em 1970 e publicado oito anos depois. Em 1999 ganhou ótima adaptação cinematográfica.
Um copo de cólera está entre os 13 títulos que podem entrar na lista final, a ser divulgada em abril — o autor e o tradutor do livro vencedor, anunciado no dia 16 de maio, dividem o prêmio de 50 mil libras (cerca de R$ 260 mil).
Entre os concorrentes estão nomes de peso, como a escritora italiana Elena Ferrante, Orhan Pamuk e o angolano José Eduardo Agualusa.
            Quem ainda não leu o livro em português, eis uma ótima sugestão.



13/03/2016: Dia histórico

A foto do dia



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