segunda-feira, 30 de julho de 2018

Poema no. 5: homenagem a Hilda Hilst

Nesta quarta-feira, 25, teve início a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip).  EL PAÍS publica o último poema da corrente lírica Hilda Hilst, homenageada do evento literário. “Indicada pela curadora da Flip, Joselia Aguiar, Josely Vianna Baptistacomeçou a corrente que passou para Antonio RisérioRicardo AleixoEliane Marques e agora fecha com Ronald Augusto. O poema selecionado, a voz do morro, faz parte do livro no assoalho duro (2007), publicado originalmente pela editora Ébilis, mas que já tem uma publicação ampliada pela Bestiário. Além de poeta, o escritor gaúcho também é músico, editor e crítico literário.”

a voz do morro

rasgacéu e mausoléu de nuvens
lá vai o morro: visto que parece meio
sem jeito mas paira quando nada
um passo perene e ainda outro
sobre a cerviz viridente quase
escura dele quando toda essa brancura
em desmesura escarnece
demora-se romeira um debruar-se
opressivo de bruços

em fila gigantas velhuscas
monjas lontanas nesta variedade
de formatura solar
mancheias de velofinos grisalhos
em carícias contra o verde crestado
a cabeleira cabocla desfeita
sobre a testa do morro que se
acrioula achando a coisa toda
sem serventia e nem unzinho
cachorro latia e vaca nenhuma
mu

“Ronald Augusto, nascido em 1961, em Rio Grande, cidade litorânea ao sul de Porto Alegre. Augusto é uma das referências da publicação de poesia contemporânea hoje no Rio Grande do Sul, autor de mais de uma dezena de obras como Homem ao Rubro, Confissões Aplicadas e Cair de Costas. Estudioso da poesia negra no país, esteve ligado à poesia marginal durante a ditadura militar e hoje, além de poeta, é músico, letrista, editor e crítico literário. De 2009 a 2013 foi editor associado do site Sibila. É colunista do site Sul 21.”


Casa de presuntos

A foto do dia


Visita a uma casa de presuntos em Lisboa


Foto: Paulo Sergio Viana, jul 2018.