terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Novo van Gogh?



Graças a tecnologia denominada “X-ray fluorescence spectometry”, aplicada pela Associação Americana para o Progresso da Ciência, os quadros do Quarto de van Gogh, pintados no final dos anos 1880, agora podem ser vistos em suas cores originais.
            Em carta ao irmão Theo, van Gogh descreve as cores que aplicou nos respectivos objetos: I have painted the walls pale violet. The ground with checked material. The wooden bed and the chairs, yellow like fresh butter; the sheet and the pillows, lemon light green. The bedspread, scarlet coloured. The window, green. The washbasin, orangey; the tank, blue. The doors, lilac. And, that is all.”
            Especialistas do Instituto de Arte de Chicago perceberam que as cores descritas pelo artista e aquelas mostradas nos quadros não coincidiam. Daí a ideia da busca das cores originais. E, de fato, as cores mudaram com o passar do tempo.
            Isso importa muito?


Brooklin



Brooklin, de John Crowley, é um filme delicado, desses que não se fazem mais nos dias de hoje.
Em meio a tanta pancadaria (Mad Max, tão badalado, exagera na violência e cansa o expectador; O Regresso nos deixa exaustos, com pena do DiCaprio tanto que ele apanha, do urso, dos índios, da vida...), Brooklin conta uma história de imigração – nem tão dramática assim – mas que é capaz de nos emocionar, pois o filme é bem feito, o roteiro bem adaptado, baseado no romance homônimo de Colm Tóibín.
A mocinha Eilis, vivida por Saoirse Ronan, candidata ao Oscar de melhor atriz, tem um desempenho sensacional. Quando ela encontra o namorado, um italianinho bonito e amoroso, o filme ganha cores de um certo romantismo exagerado, mas agrada a plateia, que torce pela protagonista.
            A historia transcorre calmamente, Eilis parece adaptar-se bem à nova vida, porém o expectador aguarda com ansiedade o surgimento de algum conflito. Isso é interessante porque ocorre na vida real, com pessoas reais. Algumas delas não suportam que a vida transcorra serena, feliz mesmo, e ficam permanentemente esperando por uma tragédia. São incapazes de serem felizes.
            Mas no filme o conflito acaba por chegar. Surge a questão das escolhas, o que também aplica-se à nossa vida cotidiana. De modo que, fiel à ideia de que um bom filme é aquele capaz de provocar conversas ao final, regadas por um bom vinho, então Brooklin é um ótimo filme!

Paixão por um partido?


Militantes do PT e do PSDB trocam tapas em São Paulo.
Foto: Michel Filho / O Globo

Faz sentido ser apaixonado por um partido político?, pergunta Fernando Schüler, em crônica publicado no site da Época (16/2). Ele inicia sua argumentação citando Barthes:

“O apaixonado é frequentemente um tolo, ensinou Roland Barthes. Barthes se referia à paixão amorosa. A paixão louca dos amantes, dos namorados. Dos amores eternos e dos impossíveis, desses que a gente vê nos filmes.
Não faço ideia do que Barthes diria de um sujeito apaixonado por um partido político. Ou pior: por um político de carne e osso. Um prefeito, governador, presidente ou ex-Presidente. De minha parte, teria um bom nome a dar a esse sujeito, que prefiro não usar aqui.
Digo apenas que acho o passionalismo partidário um tanto ridículo, ainda que eficiente para quem dele se aproveita para chegar – ou se manter – no poder.”

            Outro modo de dizer a mesma coisa é: A Paixão é uma espécie de Loucura. Quando se trata da paixão entre duas pessoas – e isso acontece às vezes de forma inevitável – observa-se que as duas consideram-se uma só pessoa, unidas pela paixão. Este o maior sintoma da loucura, porque impossível na realidade.
            Acontece, vá lá, e a experiência é tão intensa que ouso dizer que quem nunca a experimentou, é porque não viveu.
            Agora, apaixonar-se por um partido político?! É uma loucura insana, desculpem-me o pleonasmo. Schüler classificou-a como “um tanto ridícula”, porém acrescentou uma boa dose de racionalismo, ao destacar que há os que se aproveitam do amor ao partido para chegar ao poder ou manter-se nele.
            Penso que a pergunta que dá origem à crônica é tão oportuna quanto atual. Vemos diariamente na mídia o estado de decomposição em que se encontram nossos partidos políticos, atolados numa corrupção institucionalizada, sem liderança, sem rumo, a não ser o de manter-se no poder. Por que então esta loucura de defender a todo custo as atitudes de um partido, de seus líderes ou até ex-líderes?
E Schüler conclui:

“A política pode ser feita com um sentido de missão e um senso de responsabilidade, como sugeriu Max Weber. O primeiro serve como ímpeto, o segundo como comedimento. Não é uma equação fácil, nestes tempos nervosos, mas é a melhor para a democracia, além de preservar velhas e boas amizades.”

            O Louco conclui: é melhor que pensem sobre o assunto.




Prestes Maia ocupado

A foto do dia.



Edifício Prestes Maia, em São Paulo, antiga fábrica textil, hoje é o lar de 400 famílias dos sem-teto espalhadas por seus 22 andares.