segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Adolescência ganha 5 anos


Adolescência ganha 5 anos: agora vai até os 24, e não só até os 19 anos de idade. É o que informa reportagem de Katie Silver, da BBC News (19/01/2018).  
            De fato, os jovens estão optando por estudar por um período de tempo mais longo; a decisão de adiar o casamento e a maternidade ou paternidade é cada vez mais frequente.
Pesquisadores australianos, em artigo publicado esta semana na Lancet Child & Adolescent Health, afirmam que a percepção das pessoas quando ao início da vida adulta está mudando, o que seria importante para assegurar que  leis que dizem respeito a esses jovens continuem sendo asseguradas.Outros especialistas, no entanto, dizem que postergar o fim da adolescência pode infantilizar os jovens.
A duração da adolescência já foi alterada antes, quando se concluiu que a puberdade iniciava antes dos 14 anos; caiu gradualmente no mundo desenvolvido nas últimas décadas até os 10 anos. Em países industrializados como o Reino Unido a idade média para a primeira menstruação de uma garota caiu quatro anos nos últimos 150 anos.
A biologia é usada como argumento por aqueles que defendem que a adolescência termina mais tarde, pois o corpo continua a se desenvolver. “O cérebro continua se desenvolvendo depois dos 20 anos, trabalhando de maneira mais rápida e eficiente. E para muitos os dentes do siso não nascem até que complete 25 anos.”
Susan Sawyer, diretora do Centro para a Saúde do Adolescente do Hospital Royal Children's em Melbourne, na Austrália, escreve: "Apesar de muitos privilégios legais da vida adulta começarem aos 18 anos, a adoção das responsabilidades e do papel de adulto geralmente acontece mais tarde. Postergar o casamento, o momento de ter filhos e a independência financeira significa "semidependência", o que caracteriza que a adolescência foi estendida.”
No Brasil, surgiu a chamada "geração canguru" (a permanência por cada vez mais tempo dos jovens na casa dos pais), nome dado pelo IBGE em 2013 ao “fenômeno que engloba pessoas de 25 a 34 anos e que vem crescendo no país”.
Sawyer afirma que esta mudança precisa ser levada em consideração pelos políticos, para que as leis e benefícios voltados a esse público sejam alterados. Russell Viner, presidente da associação Royal College de pediatria e saúde infantil, diz que no Reino Unido a idade média para um jovem sair de casa é 25 anos. Ele apoia a ideia de que a adolescência seja estendida até os 24 anos, para que o governo possa “garantir a provisão de serviços para crianças e adolescentes que precisam de atendimento especial (seja por abandono ou outro motivo) e que têm necessidades especiais em termos educacionais”.
Para Jan Macvarish, socióloga da Universidade de Kent, há um perigo em estender o conceito de adolescência. "Crianças mais velhas e jovens são moldados de maneira mais significativa pelas expectativas da sociedade sobre eles com o seu intrínseco crescimento biológico. Não há nada necessariamente infantil em passar o início dos seus 20 anos no ensino superior ou tendo experiências no mundo do trabalho. E não deveríamos arriscar transformar o desejo deles por independência em uma patologia.”
            Trata-se apenas do estabelecimento de um parâmetro teórico, portanto sem qualquer importância na vida dos jovens, ou a mudança pode trazer sérias consequências psíquicas e sociais? É esperar para ver.




Vacinou?


...
– Já vacinou?
– O cachorro?
– Não, você, contra a doença do macaco.
– Não crio macaco.
– Cara, é a tal febre amarela.
– Já disse que não crio macaco.
– Pô, não é isso. O macaco fica doente, o mosquito pica o macaco, depois pica a gente.
– Mas eu moro em Copacabana e nunca vi macaco por aqui. A não ser...
– O macaco tá na floresta, cara, e o mosquito vem voando até aqui.
– Por que eles não matam os macacos?
– É difícil, estão muito alto nas árvores.
– E por que não matam os mosquitos?
– Repelente tá muito caro e o governo, você sabe...
– Por que a febre é amarela?
– Sei lá, cara, mas pode até matar.
– Então tenho que tomar a vacina?
– Melhor tomar.
– E o cachorro?
– Não precisa, macaco não morde cachorro.
– Melhor tomar?
– Melhor.
– É de graça?
– É, mas tem uma fila do caralho.
– Vou nada, seu.
...

Paula fotógrafa

A foto do dia



Paula entre tubarões!



O sofisticado equipamento para fotografia submarina revela a profissional que Paula se tornou. Uma artista!

Gol, palavra universal



Crianças de time misto de árabes e judeus se abraçam em competição da ONG Gol da Igualdade em Jerusalém.


Daniela Kresc, para a Folha (22/01/20180), publicou: “O frio de janeiro não abala as 200 crianças de 10 a 12 anos, de 12 escolas da região, que querem jogar bola e, quem sabe, levantar o troféu de campeão no final do dia.”
O campeonato foi promovido pela ONG israelense "Gol da Igualdade", que trabalha com crianças de baixa renda para difundir valores de respeito e tolerância por meio do futebol, além de melhorar a convivência entre árabes e judeus numa cidade virtualmente dividida.  
A ONG criou times mistos, compostos de crianças árabes e judias no campeonato de 18 de janeiro. "Não importa com quem jogamos, o importante é jogar!", disse à Folha o atacante Muhammad Anan, 11, do bairro árabe de Bait Safafa, de Jerusalém Oriental.  "Às vezes, quando tomamos um gol, a gente briga. Mas isso é normal no futebol."
A língua é uma barreira. "No começo não gostei da ideia porque pensei que ia ser difícil", corroborou o goleiro Eliá Ben Gur, 11. "Mas agora está legal. Podemos ser amigos. Se eles soubessem um pouco de hebraico, seria melhor". (Grifo meu.)
Afirma Kresc: “Em Jerusalém, 34% da população de 900 mil pessoas é formada por palestinos que, em geral, moram na parte oriental da cidade, anexada por Israel em 1967. A grande maioria tem status de "residente permanente". Não são cidadãos israelenses, mas gozam de educação e seguro de saúde gratuitos e podem trabalhar e circular livremente por Israel.
Apesar dessa convivência geográfica, a maioria das crianças árabes estuda em escolas com currículo palestino, nas quais o hebraico não é ensinado. A maioria das crianças judias tampouco aprende árabe, disciplina obrigatória só a partir do secundário.”
            (Nunca deixo de considerar que o elemento que mantem único esse enorme Brasil, com costumes tão diversos, é a "Última Flor do Lácio"!)
            Segundo o brasileiro Gabriel Holzhacker, "gol", no entanto, é uma palavra universal. Foi ele quem teve a ideia de formar equipes mistas em Jerusalém.
O educador Shadi Jaber, diretor da ONG "Abrindo o futuro", em Jerusalém Oriental, concorda: "As crianças judias e árabes não têm muita oportunidade de se encontrar, no dia a dia, em Jerusalém. As novas gerações precisam se conhecer enquanto pessoas, não como 'soldados' versus 'jogadores de pedras'. No bairro onde moro, as crianças nunca entrariam em contato com israelenses se não fosse a 'Gol da Igualdade'. Hoje, elas contam os dias para as competições"
O governo de Israel tem muito a aprender com essas crianças, para deixar de bombardeá-las nos territórios palestinos.





Foto: Daniela Feldman/ Folhapress