quinta-feira, 5 de setembro de 2019

angico floresce


o angico floresce
na severa secura
do bravo cerrado






Foto:AVianna, set 2019, jardim.

Domingo no Pub

Galeria de Família



Verão, domingo de sol na Inglaterra, coisa raríssima, o pub abre o jardim para os fregueses. Presentes Maria Helena, Doug e Shaun, Lucy e filhas. Por volta do final dos anos 80.

Secura

Charge do dia



Kleber Sales

No Correio Braziliense de ontem: Brasília com 8% de umidade relativa do ar. Nem no Saara! Temperatura de 34,2 oC.


Arte e fundamentalismo religioso


“Andrea Adour, professora de Canto da Escola de Música da UFRJ, propõe o estudo das "Toadas de Xangô" de Guerra Peixe para sua turma. Um aluno, evangélico, reage: E se eu receber alguma entidade? Andrea explica que o universidade não é um espaço de rito, de prática religiosa, e que aquela música entra ali como arte, vista de uma perspectiva laica, de conhecimento. O aluno entende e aceita cantar a peça —  e outras de caráter sacro de matriz afro-brasileira apresentadas ao longo do curso.”
            É o que revela a reportagem de Leonardo Lichote para O Globo (05/09/2019), com manchete significativa: Música sacra afro-brasileira enfrenta resistência de alunos evangélicos na Escola de Música da UFRJ
Valéria Matos, professora de Regência Coral da UFRJ, afirma: “É comum alunos de formação religiosa mais fechada questionarem, se recusarem a cantar, quando apresentamos alguma obra que usa termos de origem afro, referindo-se a entidades como Oxalá, Oxum.”
“Tivemos polêmica com "Cânticos de Obaluayê", de Francisco Mignone, "Abalogun", de Waldemar Henrique, "Xangô", de Villa- Lobos. E até com músicas que não falam de orixás, mas que têm palavras como "macumba", como é o caso de "Estrela é lua nova", de Villa-Lobos — lista Andrea, que coordena o Africanias, grupo de pesquisa de repertório brasileiro, com ênfase nas influências negra e indígena.”
Robson Lemos, estudante de mestrado da Escola de Música, também evangélico, relata: “ Vi certa vez um aluno se recusar a cantar, a professora indagou por que ele admitia músicas que mencionavam outras religiões, outras mitologias, mas não admitia os orixás. Ele respondeu que só canta repertório de religiões que eles já eliminaram.”
Em resumo, o fundamentalismo religioso alcançou até mesmo a música erudita! Guerra Peixe, Francisco Mignone, Waldemar Henrique, até mesmo o nosso maior compositor Villa-Lobos, todos têm parte com o demônio e devem ser extirpados de nosso repertório artístico.
Pois este fundamentalismo tem se espalhado por toda a parte, o Brasil já não é um país laico, a bancada evangélica cada vez mais forte, o presidente se ajoelha diante de Edir Macedo para receber benção – e pensar que não se ajoelha nem mesmo diante da Rainha da Inglaterra.
            Pobre país.