quarta-feira, 23 de novembro de 2016

O achacador

            Há dois ou três dias a notícia não saí das mais diferentes mídias, martela martela martela nossas consciências, parece que exigindo tomada de posição de cada um dos brasileiros. A expectativa é enorme, por um desfecho que recomponha a dignidade do país. Mas até agora, nada.
Exceto pelo grupo de políticos da denominada base governista, com interesses comuns, o resto do mundo tem a mesma opinião. Esta rara quase unanimidade tem uma razão de ser: é escandaloso o episódio do ministro que deseja porque deseja seu apartamento em prédio embargado pelo Iphan.
            Acusado publicamente pelo colega de pressão para a liberação da irregularidade, o achacado demite-se e o achacador permanece.
            A autoridade máxima, a quem pertence o cargo do ministro, permanece impávida.
            A coisa piora ainda mais: o achacador admite o ato, porém nada vê de tão importante nele que justifique deixar o ministério.
            Pior não pode ficar, pensamos todos. Pois piora: os líderes dos partidos políticos da tal base governista colocam suas assinaturas em apoio explícito ao achacador. Este recebe, emocionado, o documento. E chora.
            A Comissão de Ética da Presidência abre processo, imagino que em meio a constrangimento geral. Desde logo a comissão anuncia que há indícios de quebra dos princípios éticos em administração pública.
            A autoridade máxima e o achacador permanecem impávidos.
A mídia martela martela martela. Nada!
O novo ministro, o que assume a pasta do achacado demitido, repete que cargo de ministro é cargo político, e defende o diálogo. O que desejará ele dizer com isso? Não demonstra qualquer pudor em substituir o achacado em tais circunstâncias, nem comenta o assunto.
Dos funcionários do ministério atingido, nem uma palavra de apoio ao achacado.
A indagação que me vem à mente é qual seria a repercussão de fato idêntico em países como a Suécia e Japão. No primeiro, renúncia imediata do achacador. No segundo, suicídio.
Mas não vivo em nenhum desses dois países e a mídia nacional martela martela martela minha consciência, em busca de um sentido para essa história. Logo agora que eu pensava que meu país poderia mudar.
Ao findar a manhã, antes de terminar esta crônica, corro ao Twitter na esperança de uma boa notícia. Encontro o mesmo martelar, jornalistas protestando, o mundo inteiro protestando, nenhuma novidade. Ah!, duas novidades: primeira, a comissão da Câmara dos Deputados não aceita convocar o achacador para esclarecer as denúncias; segunda, familiares do achacador envolvidos na tertúlia com o Iphan. Enlouqueço?
O homem não desprega mesmo a bunda da cadeira.



Fotografados pela primeira vez

A foto do dia



 “A Hutukara Associação Yanomami divulgou nesta terça-feira (22) fotografias de uma tribo indígena Yanomami que vive isolada na Amazônia, em Roraima. As imagens são as primeiras feitas da comunidade, conforme a associação.
Segundo Dário Kopenawa Yanomami, vice-presidente da Hutukara, a tribo é denominada Moxihatëtëa e fica na circunscrição do município de Alto Alegre na Terra Indígena Yanomami, no Norte do estado, a 1h30 de voo de Boa Vista. Nela, vivem índios que recusam contato até com outros indígenas.”

Fotos: Guilherme Gnipper / Hutukara / Divulgação










A farra continua

Política sem palavras



Inverno de Monet

Meus quadros favoritos



Claude Monet