quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Copo-de-leite

fotominimalismo




Foto: AVianna, Paris, mai 2016.


Cheiro de chuva



“Por que o cheiro da chuva é tão bom?” A pergunta serve de título para o artigo de Mary Halton, repórter de ciência da BBC News (12 ago 2018).
Diz Halton: “Bactérias, plantas e até trovoadas têm influência no aroma de ar limpo e terra molhada que a gente sente após uma tempestade.” 
Conhecido como "petrichor", esse odor tem sido estudado por cientistas e fabricantes de perfume. A palavra "petrichor", cunhada por dois pesquisadores australianos, vem do grego "petros" (pedra), e de   "ichor" (o fluido que passa pelas veias dos deuses). Esse cheiro que a gente sente quanto a chuva bate no solo é produzida por uma molécula   criada por um certo tipo de bactéria.
Essa molécula é o "geosmin", produzido pela bactéria Streptomyces, presente na maioria dos solos saudáveis, e que também é usada para produzir alguns tipos de antibióticos. Quando as gotas de água caem na terra, fazem com que o geosmin seja lançado no ar, tornando-o bem mais abundante do que antes da chuva.
De acordo com Nielson, “pesquisas sugerem que o geosmin pode estar relacionado ao "terpeno"- fonte do perfume de várias plantas. 
E a chuva pode acentuar essas fragrâncias.
"Normalmente, as químicas das plantas que têm cheiro bom são produzidas pelos 'cabelos' das folhas. As chuvas podem danificar as folhas e, com isso, soltar os componentes dela".  
"A chuva também pode romper materiais secos das plantas, liberando substâncias químicas de forma similar a quando quebramos e esmagamos ervas. Com isso, o cheiro fica mais forte."
Períodos de seca também podem reduzir o metabolismo das plantas. O retorno das chuvas pode desencadear uma aceleração, fazendo com que as plantas exalem um cheiro agradável.”  
As trovoadas também desempenham um papel relevante, ao criar um aroma de ozônio acentuado e limpo, em decorrência das descargas elétricas na atmosfera. 




Blanchot e a questão da arte



A questão da arte

“Em que consiste a arte, em que consiste a literatura? A arte é para nós, então, coisa do passado? Mas por que essa pergunta? Ao que parece, teria sido outrora a linguagem dos deuses, que os deuses, tendo-se evadido, deixaram no mundo como linguagem que fala da ausência dos deuses, da falta deles, da indecisão que ainda não resolveu o destino deles. Fazendo-se a ausência mais profunda, tendo-se tornado ausência e esquecimento de si mesma, parece que a arte procura tornar-se a sua própria presença mas, em primeiro lugar, oferecendo ao homem o meio de se reconhecer, de se satisfazer a si mesmo. Nesse estágio, a arte é o que se chama humanista. Ela oscila entre a modéstia de suas realizações úteis (a literatura torna-se cada vez mais prosa eficaz e interessante) e o inútil orgulho de ser essência pura, o que se traduz mais frequentemente pelo triunfo dos estados subjetivos: a arte torna-se um estado de alma, é “crítica da vida”, é a paixão inútil. Poético quer dizer subjetivo. A arte assume a figura do artista, o artista recebe a figura do homem no que este tem de mais geral. A arte exprime-se na medida em que o artista representao homem que ele não é somente como artista.”

                  Maurice Blanchot
                  O espaço literário
                  Ed. Rocco, 2011.

Olha eu aqui!

Charge do dia


O cão humaniza a família.

Padres predadores da Pensilvânia

A BBC News Brasil traz hoje (16.ago.2018) na Folha de S. Paulo notícia mais detalhada sobre “Os chocantes casos de abuso cometidos por 'padres predadores' contra centenas de menores nos EUA”.
O documento divulgado pela Suprema Corte da Pensilvânia afirma: "Nós, membros deste grande júri, precisamos que vocês ouçam isso. Talvez alguns de vocês tenham escutado algo parecido antes... Mas nunca nesta escala". "Para muitos de nós, esse tipo de histórias ocorreram em outro lugar, em algum lugar distante. Agora sabemos a verdade: ocorreram em todas as partes".
Trata-se de mais de mil menores de idade ou mais, que foram abusados sexualmente ao longo de 70 anos por cerca de 300 padres de seis dioceses do estado da Pensilvânia.
O documento de 900 páginas revela em detalhes os mais diferentes tipos de abuso, "enquanto funcionários eclesiásticos tomavam medidas para encobri-los".
O artigo da BBC apresenta em seguida detalhes de seis casos exemplares, com os seguintes títulos:um abuso disfarçado de 'exame de câncer'; 'por favor, ajude-me, abusei sexualmente de uma criança'; o padre que engravidou uma jovem de 17 anos; uma criança nua na casa do pároco; vítimas identificadas por cruzes de ouro; o padre que providenciou um aborto para sua vítima.
O procurador conclui: "O padrão foi de abuso, negação e ocultação". “E o pior, destacou ele, é que ainda que a lista de padres que cometeram abusos seja longa, "não acreditamos que o relatório abrange todos". "Temos certeza de que muitas vítimas nunca se apresentaram para testemunhar”.
            A mídia tem dado pouco destaque a esta tragédia. (O artigo em questão nem ao menos é assinado.) O Vaticano permanece em silêncio. O governo dos Estados Unidos não se pronuncia. Dizem que os crimes são antigos e estão prescritos.
            Se as vítimas continuam sofrendo os efeitos dos traumas, como é possível falar em prescrição dos crimes?
            Que religião é essa?