quarta-feira, 10 de agosto de 2016

A hora da vaia



Aplaudir ou vaiar são manifestações claras, inconfundíveis, indiscutíveis e democráticas dos sentimentos que vão pela alma do torcedor. Se gosta, aplaude; se não gosta, vaia. É assim mesmo? Nem sempre!
Em uma disputa de judô ainda hoje, na Rio 2016, o brasileiro cometeu uma falta evidente – pisou fora da área permitida – e o juiz apontou a infração. Ao fazê-lo, recebeu estrondosa vaia da torcida. O torcedor não gostou, mesmo sabendo que a falta foi corretamente marcada, mas aqui a vaia tem o objetivo de pressionar o árbitro e talvez o próprio adversário, se não para extravasar  uma frustação.
A cena de infância é inesquecível: acompanhado do pai e do irmão, fomos ver a Esportiva de Guaratinguetá jogar contra o Bragantino, um timão à época. Os times ainda não haviam entrado em campo, a tensão era enorme, quando o árbitro e seus dois bandeirinhas (naquele tempo não se chamavam Auxiliares, eram bandeirinhas mesmo) pisam no gramado e recebem a monumental vaia. Para completar a cena, alguém da arquibancada gritou para que o estádio todo ouvisse:
– Juiz filho da puta!
Então, compreendi que, por princípio, o juiz é ladrão.
Tudo isso serve de introdução para meu comentário sobre o comportamento da torcida, nessa olimpíada, durante os jogos de tênis. De modo algum desejo ser elitista, achar que o tênis é jogo de gente branca e rica; sou fã do francês Gael Monfils, negro, um dos melhores do mundo.
Porém, tênis não é futebol, basquete ou volei. Tênis é tênis, e a torcida brasileira precisa aprender isso. Nos jogos de futebol, basquete ou vôlei a torcida grita, faz o maior barulho, leva a charanga, a vuvuzela, e vale tudo pelo time do torcedor. No futebol, algumas torcidas, como a do Corinthians, por sua fidelidade recebem o título de Camisa 12!
Mas no tênis isso não funciona. O jogo exige concentração máxima, silêncio durante as jogadas, aplausos discretos ao final de cada ponto, para que os jogadores não se dispersem com o ruído externo. Já basta o ruído interno...
Nessas olimpíadas isso não tem acontecido. A gritaria não pára quando Brasil está em quadra. Os torcedores não se contêm. Mas tem hora pra vaia.
Espero que não tenham a infeliz ideia de realizar um torneio mundial de xadrez no Brasil...
Na vida, tudo é uma questão de educação.


Ablação genital feminina



O editorial do El País de ontem (9/ago/2016) teve como título “A crueldade da ablação”, ao tratar de tema fundamental, embora com pouco destaque na mídia.
            Fruto da dominação milenar sofrida pelas mulheres, a ablação genital feminina é um crime que atenta contra a saúde pelos riscos de infecção, hemorragia e morte. Além do que nega às mulheres o prazer durante o ato sexual.
O Parlamento da União Africana, órgão consultivo que representa 53 países do continente, acaba de proibir esta prática macabra. O que não significa que ela será abolida automaticamente. Há necessidade de ações efetivas junto às comunidades africanas, se elas desejam caminhar em direção à modernidade.
A Somália é o país com a maior taxa de mutilação genital feminina (98%); a Gâmbia, com uma taxa de 75%, proibiu-a neste ano; a Nigéria também.
Afirma o editorial: “A OMS estima que entre 100 e 140 milhões de mulheres foram brutalmente privadas de seus clitóris, de seus pequenos lábios, grandes lábios ou de tudo ao mesmo tempo. Milhares de pessoas morreram. A ablação não se limita à África e também é objeto de uma grande batalha na Indonésia, Índia e nas comunidades de imigrantes da Europa e dos EUA.”
E conclui: “Passos como os do Parlamento Africano, Gâmbia e Nigéria são fundamentais num caminho que deve conduzir ao banimento definitivo de uma herança incompatível com a sociedade de direitos e igualdade que defendemos para todos.”


Foto: Carmen Secanella

Pobre Ilha da Madeira

A foto do dia.


Incêndio na Ilha da Madeira.

Foto: Gregório Cunha / Reuters.

azálea ou azaleia?



explode a azaleia
em resposta à dura seca
jardim encantado

Foto: A.Vianna, ago 2016, jardim.

mágica jade


na forma e na cor
mágica da natureza
magnífica jade



Foto: A.Vianna, ago 2016, jardim.