O Estado publica
a terceira e última parte do ensaio de Alberto
Rocha Barros sobre a exposição “Ocidente”, de Felipe Cohen, sob o título Legado do Modernismo Brasileiro.
Afirma Rocha
Barros:
“Mencionei o imperativo
do sistema geométrico ao qual estão submetidas todas as obras da
exposição “Ocidente”. Isso decorre da dívida de Cohen com sua educação no
modernismo brasileiro. E o modernismo nacional é, para nós, o que a arte
clássica foi para a tradição artística europeia. É o nosso ponto de partida e
paradigma identitário.
Mesmo
não sendo um especialista na tradição de nosso modernismo, sei que posso
afirmar, sem causar espécie, que a heterogeneidade marca o movimento.
Tendo a pensar parte do modernismo como decorrência de um problema artístico
mais amplo: como inserir ordem dentro de um mundo que foi presenteado com a
liberdade promovida pela revolução da abstração?”
E fala de
Cohen com entusiasmo:
“Cohen
está claramente criando para si um sistema semelhante de regras, uma gramática
por assim dizer. A partir de um conjunto restritíssimo de elementos –
triângulos do mesmo tamanho e dimensão; um conjunto reduzido de cores – ele
tenta engendrar um certo número de criações. Para os meus olhos, o trabalho de
Felipe Cohen que mais presta homenagem a esse problema apresentado pela
abstração é o seguinte:”
“Luz Partida”. Série de 2016, de Felipe Cohen.
“Tenho
dificuldade de enxergar uma paisagem aqui, mas vejo uma tentativa de casar
abstração minimalista com uma dinâmica viva de cores e formas. Um esforço
paralelo aparece nos “espaços celestes” (skyspaces)
de James Turrell:”
“Skyspaces”
E Rocha
Barros finaliza sua análise sobre a arte de Felipe Cohen:
“Eu
disse que vejo na obra de Felipe Cohen uma reverência à tradição da história da
arte e um esforço para deleitar o espectador, mas disse também que seu trabalho
vive numa eterna tensão entre representação e abstração. Acredito que essa
tensão perene seja sua herança modernista, que, em certo sentido, sai
triunfante da exposição.”