sexta-feira, 20 de março de 2020

Homenagem a Semmelweis



Ignaz Semmelweis (1818-1865)


“Passaram-se mais de 150 anos desde que Ignaz Semmelweis demonstrou que o fato de os médicos lavarem as mãos no hospital evitava a morte de parturientes. Atualmente, esse gesto, tão simples quanto cotidiano, ganha nas últimas semanas um valor incalculável por ser uma das soluções mais eficazes para evitar o contágio pelo vírus SARS-CoV-2, mais conhecido em todo mundo como o novo coronavírus (Covid-19).”

ALBERTO LÓPEZ, para El País ( 20 mar 2020). 




Saber esperar


Velho, do grupo de risco, sabia do perigo da pandemia. Enquanto esperava, fazia palavras cruzadas.

Falta de assunto


Diante do isolamento e solidão, sem saber o que pensar, resolveu escrever sobre papel higiênico.

Que medo!


No supermercado, ao ver a prateleira de papel higiênico vazia, de medo, cagou-se todo.

Prateleiras vazias



Um repositor empurra um carrinho com papel higiênico até uma loja em Málaga


Por que o papel higiênico está se esgotando no mundo com o coronavírus? Pergunta Paz Álvarez, de Madri, para El País (18 mar 2020). 
O papel higiênico desapareceu das prateleiras dos supermercados, desde o início da crise, na Espanha, Hong Kong, Estados Unidos, Reino Unido, Cingapura, Austrália e outros países. A procura também é grande entre os brasileiros. No supermercado de bairro perto de minha casa, logo na entrada há uma pilha enorme do produto, a chamar a atenção do cliente que chega; não há falta, portanto.
            Afirma David Coral, presidente da agência BBDO, que “um produto higiênico dá uma sensação de segurança”. Além disso, “se você vê que as pessoas estão comprando, pensa que é por alguma razão e que é necessário, e nesse tipo de comportamento se demonstra que somos gregários”.
O professor de marketing, Paco Lorente, diz que “o consumidor, diante da possível escassez de um determinado produto, decide acumular a maior quantidade possível. Em uma crise como a que estamos vivendo, os produtos que nos dão bem-estar e limpeza são os mais valorizados”.
Afirma ainda Lorente: “No entanto, existe outro fator que determina essa compra compulsiva: a prateleira vazia. O lugar vazio leva as pessoas a pensar que vai escassear e isso provoca ansiedade, além do fato de que o que o consumidor mais quer é controlar a situação”. 
Jaime Veiga, diretor acadêmico do Master in Market Research and Consumer Behavior, fala de comportamentos irracionais gerados pelo estresse e pelo medo. “Uma situação de confinamento a longo prazo gera dúvidas sobre quanto vou precisar, mas gera principalmente medo que o produto acabe. E concorda com os outros especialistas consultados que o efeito da histeria coletiva costuma acontecer quando um artigo é escasso. Quando há muitas latas de conserva em uma prateleira, isso não gera ansiedade, mas se está faltando, uma necessidade urgente de consegui-las se produz”. Ele acredita que a “amplificação de tudo isso teve a contribuição das redes sociais, que reproduziram imagens que incitavam ao consumo desenfreado.”
Há uma estratégia de marketing, especialmente no setor do luxo, no qual são lançadas edições limitadas para aumentar a percepção de exclusividade de um artigo. Mas isso não parece acontecer com o papel higiênico, mesmo aqueles de folha tripla e perfume de lavanda, verdadeiras joias - porque ele merece!
Não estou certo que que seja apenas isso que dizem os especialistas, mas temos algo em que pensar, sobre fato tão intrigante.