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sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Correspondência de Machado de Assis



 

“Rio de Janeiro, 2 de março de 1869.

 

Minha querida Carolina,

 

            Recebi ontem duas cartas tuas, depois de dois dias de espera. Calcula o prazer que tive, como as li, reli e beijei! A minha tristeza converteu-se em súbita alegria. Eu estava tão aflito por ter notícias tuas que saí do Diário à 1 hora para ir a casa, e com efeito encontrei as duas cartas, uma das quais devera ter vindo antes, mas que, sem dúvida, por causa do correio foi demorada. Também ontem deves ter recebido duas cartas minhas; uma delas, a que foi escrita no sábado, levei-a no domingo às 8 horas ao correio, sem lembrar-me (perdoa-me!) que ao domingo a barca sai às 6 horas da manhã. Às quatro horas levei a outra carta e ambas devem ter seguido ontem na barca das duas horas da tarde. Deste modo, não fui eu só quem sofreu com demora de cartas. Calculo a tua aflição pela minha, e estou que será a última.

            Eu já tinha ouvido cá que o Miguel alugara a casa das Laranjeiras...”

 

Este fragmento de carta, endereçada à Sta. Carolina Xavier de Novais, por Machado de Assis, encontra-se no quinto volume de Machado de Assis – Correspondência, em cinco volumes, editada pela Global Ed. e pela Academia Brasileira de Letras, 2ª edição, 2019. A coordenação da obra é de Sergio Paulo Rouanet, com organização e comentários de Irene Moutinho e Sílvia Eleutério. 

O projeto que resulta nesta publicação é monumental, com mais de sete anos de trabalho minuciosíssimo, cada texto repleto de notas explicativas que nos remetem a diferentes lugares, pessoas, acontecimentos, circunstâncias. Quem tiver paciência e gostar desse tipo de literatura – sim, porque se trata mesmo de Literatura – há de apreciar a leitura como se lesse um romance, recheado de história, costumes, a fala de uma época, e, mais que tudo, a biografia do nosso maior escritor, Machado de Assis.

No prefácio desse quinto volume (correspondência de 1905 a 1908), Marco Lucchesi, presidente da ABL, chama nossa atenção para dois aspectos fundamentais: a personalidade de Machado e sua época: 

 

“Cada um de nós traz uma ideia de Machado. Ideia vaga, talvez, difusa, mas eminentemente sua, apaixonada e intransferível. Como se guardássemos um fino véu a se estender sobre a cidade do Rio de Janeiro.

            Paisagem pela qual vamos fascinados e diante de cuja natureza suspiramos. Todo um rosário de ruas e de igrejas – Mata-Cavalos, Santa Luzia, Latoeiros e Candelária. Nomes-guias e sonoridades perdidas.  Morros derrubados. Praias ausentes. Tudo o que perdemos move-se ainda nas páginas de uma cidade-livro.”

 

              A leitura dessa Correspondência há de apurar a ideia que fazemos do homem Machado. Voltemos à carta acima, endereçada a Carolina. Espantou-me o longo primeiro parágrafo! É evidente a aflição do homem apaixonado; ainda não sei se essa emoção é a responsável pela prolixidade e repetição do mesmo tema – a demora das cartas! – ou se Machado era mesmo assim, meio confuso. Não é o que deixa transparecer a obra dele, porém, uma carta íntima revela coisas que um romance, conto ou poema do autor jamais mostrariam.

            As duas cartas que Machado recebe da amada se misturam com as duas que ele escreve; a demora dos correios traz aflição desmedida; ele troca o dia da semana e se confunde com o funcionamento das barcas, e pede desculpas!; parece obcecado com os horários; mistura sua aflição com a que pressupõe de Carolina; o sofrimento é de ambos os dois; é tamanha a agonia que engole uma palavra ao final do parágrafo (“Calculo a tua aflição pela minha, e estou que será a última”); ele está certo de que “será a última”?

            Curioso mesmo é que, após o parágrafo concentrado no tema das cartas e na aflição dos enamorados, logo em seguida o assunto muda de forma radical, súbita, e Machado volta à Terra, ao mundano cotidiano, e cita Miguel (irmão de Carolina, informa a nota) e o aluguel da casa em Laranjeiras, bairro agradabilíssimo do Rio de Janeiro, suponho até os dias atuais, onde morei por alguns anos em companhia de minha família. 

            Que Machado é este que o parágrafo de uma carta deixa transparecer? Sei apenas que o leitor se deleita!

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Duas cartas




Esta 22aedição de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, pela Companhia das Letras (2019), traz duas cartas memoráveis – e este blogueiro é fã incondicional da literatura epistolar. 
            A primeira é de Fernando Sabino, endereçada a Clarisse Lispector, datada de 19 de julho de 1956 (antes portanto da segunda edição do livro, a definitiva). Diz o seguinte:

“Clarice,
 [...]
O melhor de tudo, porém, é o livro do Guimarães Rosa, não o Corpo de Baile, que não li, mas o Grande Sertão – Veredas, que estou na metade e é obra de gênio, não deixo por menos. Adeus, literatura nordestina de cangaço, zélins, gracilianos e bagaceiras: o homem é um monstro para escrever sobre jagunços do interior de Minas e com uma linguagem que nem Gil Vicente, nem ninguém. Meu entusiasmo é de quem não terminou a leitura, pode ser que não se sustente, mas duvido. Se recebeu, leia – senão, me diga que mando. No princípio, dez primeiras páginas, é meio assim-assim, custa um pouco a engrenar, mas de repente a gente se embala no ritmo dele e não larga mais. 
[...]

Fernando

            A resposta de Clarisse a Fernando Sabino não é menos contundente:

“Fernando,

Estou lendo o livro de Guimarães Rosa, e não posso deixar de escrever a você. Nunca vi coisa assim! É a coisa mais linda dos últimos tempos. Não sei até onde vai o poder inventivo dele, ultrapassa do limite imaginável. Estou até tola. A linguagem dele, tão perfeita também em entonação, é diretamente entendida pela linguagem íntima da gente – e nesse sentido ele mais que inventou, ele descobriu, ou melhor, inventou a verdade. Que mais se pode querer? Fico até aflita de tanto gostar. Agora entendo o seu entusiasmo, Fernando. Já entendia por causa de Sagarana, mas este agora vai tão além que explica ainda mais o que ele queria com Sagarana. O livro está me dando uma reconciliação com tudo. Como tudo vale a pena! A menor tentativa vale a pena. Sei que estou confusa, mas vai assim mesmo, misturado. Acho a mesma coisa que você: genial. Que outro nome dar? Esse mesmo. 
            Me escreva, diga coisas que você acha dele. Assim eu ainda leio melhor.
            Um abraço da amiga
                                                                                               Clarisse"

            O entusiasmo de ambos é descrito de uma forma que não posso igualar, nem ao menos chegar perto. Porém, meu entusiasmo não é menor ao ler e reler Grande Sertão, o livro mais importante da literatura brasileira, em meu fraco ponto de vista.
            “Nunca vi coisa assim”, escreve Clarisse; nem eu.
            Em 1969 abri pela primeira vez o livro, volume emprestado de meu pai. Li a primeira página, levei tremendo susto, não entendi nada, devolvi para o dono. Quase 20 anos depois voltei a abri-lo, para maravilhar-me para sempre, e nunca mais deixá-lo.

terça-feira, 13 de março de 2018

Carta ao Amigo


Caro amigo,

não escrevo apenas para agradecer a hospitalidade que me dispensou no último fim de semana enchendo-me de mimos surpresas agrados gentilezas e tantas outras coisas, escrevo principalmente para dizer do meu estado de felicidade naqueles poucos e intermináveis dias, ao comer o pão amassado pelas mãos do amigo, ao saborear o almoço com gosto de carinho feito por A., ao caminhar por entre as sombras de altas árvores na mágica Morená, sempre  festejado pelos cães amorosos, ao parar e apreciar uma flor para mim desconhecida e que é imediatamente nomeada pelo amigo de prodigiosa memória, ambos contando histórias banais entrecortadas por longos silêncios, quando apenas as emoções afloram dispensando palavras, ao ver os filmes que o amigo selecionou para assistirmos juntos e em seguida conversarmos sobre eles, ao receber a atenção de Sua Majestade o Gato, personagem capaz de encher a casa de mistério e silêncio com seu caminhar discreto onipresente em todos os cômodos, guardião da paz e da boa convivência entre todos que habitam aquela casa, incluindo a presença gentil e respeitosa de S., escrevo para agradecer as conversas que tivemos e o tanto que aprendi com elas, pensamentos que ressoam em minha mente diante de experiência tão intensa,  escrevo para agradecer pela amizade de trinta anos que nutrimos um pelo outro e que é capaz de nos proporcionar momentos como os que vivemos no último fim de semana, o que me faz repensar sobre o significado da Amizade, dos sentimentos nela contidos, frutos da extensa convivência, do desenvolvimento da tolerância mútua, da completa aceitação do outro e de nós mesmos, Amizade, palavra que dispensa definições e que requer Silêncio para poder Ouvir o amigo e depois Pensar sobre o que ele disse para só então Responder a ele e estabelecer aquilo que chamamos Conversa, e esta amizade tão intensa chega a dispensar a presença física do outro, pois ao voltar para casa – e como é bom voltar para casa! – os sentimentos permanecem claros vívidos perenes a adoçar nossos dias, a dissipar tristezas, a atenuar as frustrações inevitáveis desta vida, pois o amigo está sempre presente, não há distância para esta amizade, e quando passeio agora em meu próprio jardim é como se ele estivesse aqui comigo, nomeando plantas, admirado com aquelas que ele mesmo me deu e que agora estão crescidas e viçosas, ambos contando histórias banais entrecortadas por longos silêncios, quando apenas as emoções afloram dispensando palavras, e esse dispensar de palavras é que torna possível a Presença Constante Do Amigo Distante, e que, num paradoxo, são essas palavras mesmas que preciso utilizar para escrever esta carta ao amigo, para agradecer a hospitalidade que me dispensou no último fim de semana enchendo-me de mimos surpresas agrados gentilezas e tantas outras coisas...

            

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Cartas brasileiras




            A organização é do prolífico Sérgio Rodrigues: as CARTAS BRASIEIRAS têm como subtítulo Correspondências históricas, políticas, célebres, hilárias e inesquecíveis que marcaram o país. (Edição Companhia das Letras, 2017.)
            A capa, de autoria de Raul Loureiro é belíssima, valorizada pelo grande formato do livro (21 x 27,5 cm), que traz 80 cartas de Olga Benário, Chico Buarque, Lampião, Hilda Hilst, Leminski, Ana Cristina Cesar, Olavo Bilac, Clarice Lispector, Drummond, Tarsila do Amaral, e outros tantos famosos.
            Tocou-me particularmente a carta escrita por José Freire Silva, pai do hoje mundialmente conhecido Nelson Freire, enviada ao filho quando este tinha apenas seis anos, e já “assombrava professores com seu prodigioso talento ao piano”, assinala Rodrigues.
            Assim José Freire da Silva conclui sua carta:

             “Em junho de 1950, portanto, uma decisão embaraçosa se apoderou de mim e de tua mãe, colocando-nos diante de um dilema de difícil solução. Devemos dar razão ao nosso coração? Permanecer em nossa querida terra? Criando-te como o fizemos com os nossos outros filhos, no ambiente de paz e de concórdia onde se acham localizados os nossos interesses materiais e onde nos prendem os laços mais caros do sentimento familiar? Ou, por outro lado, rumaremos para o Rio, onde o custo da vida é muitíssimo mais dispendioso e o ambiente meio padrasto em infusões afetivas, mas onde as tuas aptidões poderão desenvolver-se ilimitadamente? Depois de muito meditar, resolvemos seguir esta última vereda, entregando nosso futuro a Deus. Cumprindo a nossa obrigação, deslocamo-nos do interior de Minas para a capital da República, com a finalidade primordial de acompanhar-te os passos, porque ainda não prescindias de nossa companhia e de nossa assistência, mas o teu destino, este nós o colocamos na mão de Deus.
           Afetuosamente,

                                                                            o Papai”

            Quanto afeto, quanta intimidade! E que enorme responsabilidade depositada nos ombros de um menino pequeno!
            Uma carta como esta (o princípio é fundamental para compreendê-la, mas não o transcrevo aqui para que o possível leitor deste blogue se interesse pela compra do livro), lê-se como quem lê um romance. Como reagiram os irmãos do prodígio? Como eles se adaptaram à vida da cidade grande? Que sentimentos Nelson Freire carregou e carrega vida afora sobre este episódio? Estas e outras perguntas podem ocorrer a qualquer leitor da carta. Não sei se as respostas foram algum dia publicadas.
            Assim acontece com as outras cartas: despertam em nós questões que nos afetam particularmente.
            Escreve Sérgio Rodrigues na Apresentação do livro:

            “O tempo das cartas passou, levado pelo tsunami digital que varreu o mundo, mas a velha correspondência manuscrita ou datilografada conserva seu poder mágico de máquina do tempo. Poucas coisas são tão capazes de nos transportar inteiros, cabeça e coração, para outras eras, outros mundos e mentalidades.”

            Meu gosto pela literatura epistolar (descrito por um certo amigo como bisbilhotice) tem sido insistentemente registrado neste blogue. Além disso, fica evidente meu gosto por também escrever cartas, muitas vezes encarnado em diferentes personagens.
            Impedível, as Cartas Brasileiras!


quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Conto de Natal em 2017



            Fernandão 348 foi preso às vésperas do Natal, após exaustiva blitz das polícias estadual e federal e das Forças Armadas, num esforço sobre-humano para capturar aquele que era considerado o bandido mais perigoso da cidade, quiçá do país, chefão do tráfico de drogas e armas na maior favela do mundo. Foi trancafiado, afinal.
            A favela entrou em luto fechado. Havia gente chorando pelos cantos, gritos de lamentação, a tristeza era geral, pois com a prisão de Fernandão 348 não haveria distribuição de panetones naquele Natal! A criançada da favela tampouco ganharia brinquedos, bolas, carrinhos de todos os tipos e tamanhos, bonecas de todos os tipos e tamanhos, bichos de pelúcia coloridos, ursinhos, cachorrinhos, vaquinhas, boizinhos, monstrinhos – os prediletos das crianças, na favela ou no asfalto – panelinhas e objetos de cozinha de todos os tipos e tamanhos para as meninas, uniformes de futebol para os meninos, que na favela as crianças ainda são divididas em meninos e meninas. Enfim, não haveria Natal na favela.
            Até mesmo os policiais que davam plantão no local não escondiam seu desapontamento; eles sempre estavam incluídos na lista dos presenteados.
            Alguma coisa precisava ser feita.
            Libertar Fernandão 348 da prisão de segurança máxima onde se encontrava era missão impossível, até mesmo com a possível interferência do ministro da justiça, pois aquela prisão havia se tornado ato político emblemático para a corporação. Alguém sugeriu pagar propina para o secretário de segurança do estado ou até mesmo para o governador, visando a soltura do homem. A ideia não prosperou, impossível arrecadar a dinheirama necessária em tão pouco tempo. Apelar para o supremo talvez fosse a solução, mas havia o tal recesso.
            Foi Carminha, menina de 9 anos, nascida na favela, quem apresentou a ideia mais criativa, surpreendente mesmo, tão original que até desse o resultado almejado: escrever uma cartinha ao próprio Fernandão 348, pedindo providências. Ela mesma, Carminha, se encarregaria da missão, desinibida, atrevida como sempre.
            Sentou-se em sua cama, no barraco de sua mãe, e escreveu:



Rio de janeiro, 15 de dezembro de 2017.

Querido e estimado
Senhor Fernandão 348

Eu me chamo Carminha, tenho 9 anos e moro na sua favela. Foi minha a ideia de lhe escrever esta cartinha, primeiro porque precisamos tratar do assunto dos presentes de Natal, e segundo porque eu gosto muito de escrever cartas, apreciadas pela minha professora, por minha mãe, que pai não conheço, até pelos meus colegas, alguns admiradores, outros invejosos, mas eu não ligo para o que eles pensam, eu gosto mesmo é de escrever, também escrevo histórias, Senhor Fernandão 348, depois posso lhe mostrar algumas, pois acho que o senhor terá tempo de sobra para ler aí onde se encontra.
            Mas vamos tratar do assunto principal, os presentes de Natal. A favela toda está muito preocupada. Dizem que não haverá presentes porque Papai Noel está preso (brincadeirinha minha, não fique zangado, Deus me livre disso). É por isso que lhe escrevo, para pedir que envie por alguém a ordem para seu Substituto, que não vou citar o nome aqui porque pode ser perigoso, para que ele faça a distribuição dos presentes, principalmente os brinquedos para as criancinhas.
            Desculpe meu atrevimento por tratar desse assunto, mas o senhor deve saber onde está o dinheiro para as compras de Natal, de modo que também mande avisar o Senhor Substituto sobre isso.
            Minha mãe me disse que a maneira mais segura para o senhor dar a ordem e tudo mais é através de seu advogado, o doutor Cacau, que além de ser o portador desta cartinha, poderá trazer o recado em segurança, pois conforme minha mãe me informou, ele é homem de confiança seu e do Senhor Substituto. (Desculpe outra vez, ficar repetindo Senhor Substituto pra cá, Senhor Substituto pra lá, mas se houver qualquer dúvida sobre quem seja ele, seu nome verdadeiro, o Senhor também pode enviar a nomeação pelo doutor Cacau, porque isso é muito importante para que alguém compre os presentes.)
            Mas, Senhor Fernandão 348, isso precisa ser feito loguinho mesmo, ou não teremos tempo para fazer todas as compras, inclusive os panetones que eu ia me esquecendo de falar.
            Então é isso. Espero que esta lhe encontre com saúde e na Santa Paz de Deus.
            Com a amizade de sua admiradora, desde já agradecida,

                                                                                  Carminha.

PS: Se o senhor desejar, posso lhe enviar minhas histórias pelo doutor Cacau, com muito gosto de minha parte. Espero que aprecie.


            A cartinha chegou a tempo às mãos de Fernandão 348!


FIM


Nota do autor

            As lembranças de meu pai são muito fortes nos meses de dezembro, mês em que ele morreu, há 20 anos. Perto do Natal ressurge a história mil vezes contada em família, sempre motivo de graça e riso.
            Em um certo ano, o pai reuniu filhos, noras, netos, alguns mais próximos, e fez a proposta do concurso: que cada um escrevesse um Conto de Natal, e ele haveria de escolher o vencedor.
            A reação dos ouvintes foi inexpressiva, xoxa, insossa, nenhuma empolgação diante do desafio, para tristeza do pai. Passou o Natal e ninguém escreveu conto algum.
            Desde então, vez em quando, no mês de dezembro, escrevo meu Conto de Natal, em homenagem ao pai, porém duvidando que ele apreciasse meus heréticos escritos, logo no Natal.
            Entretanto, espero que os poucos leitores deste blog o apreciem. (Ao menos ficam conhecendo Carminha, que me autorizou, naturalmente, a publicação de sua cartinha.)