quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Homenagem a Laerte Coutinho




              Impressiona a naturalidade com que Laerte, o cartunista, se apresenta perante o público, vestido, penteado, produzido como ele se sente: uma mulher. Lembro-me da primeira vez que o vi vestido assim, do espanto que me causou, pois já o conhecia vestido de homem, quadrinista famoso que é, há muito tempo.
             Hoje, confesso que ele desperta em mim enorme simpatia, pela coragem, sinceridade, pela pessoa autêntica que revela ser. Laerte me emociona.
            Ele me ajuda a pensar – e aceitar – as diferenças, coisa difícil para qualquer ser humano, desde tempos imemoriais. Em se tratando de sexualidade, a intransigência, o preconceito, o fundamentalismo acarretam reações muitas vezes violentas, diante das diferenças.
            Mais inofensivo que Laerte, impossível. Ele é apenas um artista, excelente cartunista, que não deseja convencer ninguém de coisa alguma. Deseja tão somente desfrutar da liberdade de exercer sua sexualidade do modo que melhor lhe convier. E o faz sem espalhafatos, sem exibicionismo ou maneirismo, com absoluta espontaneidade.
            Numa entrevista para a televisão eu o vi relatar episódio engraçado, porém de grande significado, que reproduzo aqui a meu modo, próximo ao que foi o original. Ele gostava de se vestir de mulher e tinha dificuldade de dizer isso à mãe. Criou coragem e contou, ao que ela retrucou, Eu tenho umas roupas que não uso mais, você pode pegá-las, Laerte.
            A instantânea compreensão da mãe, o carinho que dispensou ao filho naquele momento, ajudaram-no em muito a superar as próprias dificuldades.
Textos e mais textos, sermões, pregações raivosas ou não, quase sempre de cunho religioso e fundamentalista, tentando convencer as pessoas disso ou daquilo, do “certo” ou “errado”, não têm a força do exemplo vivo – a melhor pedagogia! – exibida por Laerte.
Perguntado se gostaria de ser tratado por “ele” ou “ela”, disse que lhe era indiferente. Ao final desta crônica, percebo que chamei-o de Ele.
            Fica aqui meu agradecimento a ele, por me ajudar a pensar as diferenças.

Foto: https://twitter.com/laertecoutinho1 

Isso sim, é um escândalo!




A reportagem é de Isabel Filgueiras(1), especial para o jornal O Estado de São Paulo, publicada hoje, e os números são estarrecedores.
O número de pontos de possível exploração sexual de crianças e adolescentes nas estradas do Sudeste cresceu 38% entre 2011 e 2014, informa o “Mapeamento dos Pontos Vulneráveis à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes nas Rodovias Federais Brasileiras”. O total desses locais passou de 358 para 494, com crescimento de 9%, sendo identificados 1.969 pontos vulneráveis em todo o Brasil, apenas nas rodovias federais.
Informa ainda a reportagem: “A cada 27,8 quilômetros há um ponto vulnerável à exploração nas rodovias do Sudeste. No Sul, a concentração é ainda maior, com um ponto a cada 23 quilômetros.”
São pequenas casas de comércio, quase sempre ligadas à venda de alimentos e bebidas, botequins, quando não, locais especificamente destinados à prostituição, que dão guarida às crianças e adolescentes, todos analfabetos, distantes das suas famílias, fugindo da miséria e da fome. O tráfico de drogas está presente, é claro.
          Este Brasil sequer foi mencionado nas campanhas eleitorais. Não dá voto.


Diabo negro do mar

A foto do dia.


“Cientistas do Instituto de Pesquisa do Aquário da Baía de Monterrey, na Califórnia, conseguiram filmar um exemplar do misterioso "diabo negro do mar", uma espécie de peixe abissal conhecida pelo nome científico Melanocetus johnsonii.
O exemplar filmado é uma fêmea de 9 centímetros que se encontrava a cerca de 600 metros da profundidade no cânion submarino de Monterrey, na costa californiana.

O "diabo negro do mar" tem uma antena que se ilumina graças a bactérias bioluminescentes, o que o ajuda a atrair suas presas. Elas acabam atraídas para suas temidas mandíbulas, repletas de dentes afiados.”